Versão de entrada custa R$ 70 mil a menos se comparada com a configuração topo de linha Se lhe perguntarem o que você considera ser um “carro de entrada”, provavelmente sua resposta vai contemplar um automóvel de desempenho fraco, com poucos equipamentos e visual empobrecido. Seria basicamente um carro econômico para rodar no dia a dia.
Agora, o que você diria de um veículo de entrada premium? O termo pode parecer controverso, mas tem um sentido literal: é um carro mais barato que os concorrentes (de peso!), mas também o oposto de um com comportamento manso.
Para tentar explicar esse conceito, vou exemplificar com o Volvo XC40 Recharge Plus. O SUV, que é a versão de entrada do XC40 (que, por sua vez, é o carro mais barato da fabricante), foi lançado em 2022 equipado com um só motor dianteiro.
Assim, em vez dos 408 cv e 67,3 kgfm de torque da versão mais cara, que utiliza dois motores, a “básica” entrega 231 cv e 33,7 kgfm. A diferença aparece no preço: são R$ 329.950 contra R$ 399.950.
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Visualmente, as duas configurações são praticamente iguais, com exceção das rodas — aro 19 na básica e 20 polegadas na opção mais cara.
Por dentro, o Volvo é simples — e isso é bom. Porém, logo ao entrar na cabine vejo uma diferença em relação aos carros elétricos convencionais: não existe botão para ligar o veículo. Basta estar com a chave presencial, pressionar o pé no freio e mudar o câmbio para a posição de direção (D) ou de ré (R). O carro rodará silenciosamente.
Painel do Volvo XC40 dispensa botões e todos os comandos são feitos pela central multimídia
Demetrios Cardozo
O painel é extremamente intuitivo. Só há botões para desembaçar os vidros, aumentar o volume e mudar a música. Outros comandos são feitos pela central multimídia de orientação vertical de 9” com sistema nativa do Google, com Google Maps, Assistant e Play Store, por exemplo. Para quem preferir, o sistema oferece conexão com Apple CarPlay por fio (feita via cabo do tipo USB-C).
Embora o XC40 careça de um head-up display, o painel de instrumentos exibe um mapa do trajeto e (muitas) informações sobre a performance do veículo. A autonomia de 231 km (de acordo com o Inmetro) é mostrada em forma de porcentagem, assim como os smartphones exibem o nível da bateria.
E se você achou esse número baixo, é importante lembrar que o Volvo XC40 já chegou a ter autonomia declarada de 420 km, mas no ciclo WLTP. A mudança acontece porque, a partir de fevereiro deste ano, as fabricantes começaram a ter que divulgar os valores de acordo com as normas do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Como o padrão para medição segue a norma americana, os veículos são testados em laboratório e, ao resultado obtido, é aplicada uma redução de 30% no alcance. A justificativa é tornar o número mais próximo da realidade. Ainda assim, o SUV não mudou nada.
Segundo o Inmetro, o Volvo XC40 tem autonomia de 231 km
Demetrios Cardozo
Ainda falando em autonomia, a do XC40 limita os motoristas a trajetos urbanos ou a trechos rodoviários mais curtos. Fora isso, é necessário que o condutor não só planeje a rota, pensando em postos de recarga, como também tenha um pouco de paciência.
Se a bateria de 69 kWh estiver praticamente sem carga, são necessárias sete horas, em média, para recarregá-la por completo utilizando wallboxes de 11 kW. Já em fontes de corrente contínua (DC) de 150 kW, em cerca de meia hora a bateria alcança a carga total.
Volvo XC40 de entrada tem rodas com aro de 19 polegadas
Demetrios Cardozo
A grande diferença do XC40 monomotor, no entanto, é sentida somente na direção. Logo na primeira aceleração, o carro não dispara de forma insana a ponto de os ocupantes colarem no banco e ficarem até enjoados, como na versão bimotor. Entretanto, o acelerar é muito vigoroso e não deixa nada a desejar.
A suspensão mais firme, aliás, consegue absorver perfeitamente as irregularidades do asfalto sem que o carro dê solavancos. Da mesma forma, a direção é precisa e responde rapidamente aos comandos do motorista. É um carro bastante ágil e divertido de dirigir, mas não entrega o comportamento esportivo da versão mais cara — o que, sinceramente, não faz falta na cidade.
Considerando a proposta urbana, usei a função um-pedal em meio a um trânsito congestionado. Nesse modo, é necessário apenas usar o pedal do acelerador. Quando aliviei o pé, o inversor do motor elétrico freou o carro com tanta intensidade que não foi preciso usar o pedal esquerdo.
Essa energia é usada para recarregar a bateria. Na verdade, porém, não recomendo utilizar a função em altas velocidades, já que a frenagem é bem forte.
Versão de entrada do Volvo XC40 tem menos acessórios que a configuração topo de linha
Demetrios Cardozo
Marca registrada da Volvo, o XC40 recebe diversos assistentes de segurança ativa, como o Pilot Assist, controle de cuzeiro adaptativo, assistente de manutenção de faixa com correção e alerta de tráfego transversal.
Em relação à variante mais cara, o modelo monomotor não vem equipado com filtro de ar, câmera 360 graus e assistentes de estacionamento dianteiro e laterais — especialmente os recursos de segurança poderiam estar presentes em um carro de R$ 330 mil.
Em um segmento que só tende a crescer, a Volvo estreia com proposta um pouco menos radical que o XC40 bimotor por R$ 70 mil a menos. O SUV também é mais barato que os concorrentes Mercedes-Benz EQA, de R$ 480.900, e BMW iX3, com preço tabelado em R$ 475.950.
Debaixo do capô do Volvo XC40 há um pequeno porta-malas com capacidade para 34 litros
Demetrios Cardozo
Na visão racional (dos endinheirados), a versão de entrada pode fazer mais sentido considerando que o veículo roda mais na cidade do que na estrada. É um carro simplista, mas moderno, tecnológico e enérgico para dirigir. Assim, consegue dar um valor diferente ao conceito de carro de entrada.
Volvo XC40 P6
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