BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O Uruguai apresentou formalmente nesta quarta-feira (1º) pedido de ingresso no CPTPP (Acordo Amplo e Progressista de Associação Transpacífica), formado por 11 países da Ásia e da América, entre eles, Chile e Peru.
O pedido ocorre um dia após Brasil, Argentina e Paraguai apresentarem um texto conjunto ameaçando o Uruguai de “adotar as eventuais medidas que julguem necessárias para defender seus interesses nos âmbitos jurídico e comercial” caso o país seguisse em frente com a adesão ao acordo.
Advertências parecidas foram enviadas com relação a um estudo que vem sendo realizado para permitir um acordo de livre-comércio entre China e Uruguai.
A apresentação oficial foi entregue pelo chanceler uruguaio, Francisco Bustillo, ao ministro de Comércio e Crescimento das Exportações da Nova Zelândia, Damien O’Connor, durante visita à Oceania.
Em suas redes sociais, o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou aplaudiu o avanço. “O ministro Francisco Bustillo acaba de apresentar formalmente a solicitação de ingresso ao CPTPP. Mais oportunidades para nosso país e nossa gente. Um Uruguai aberto ao mundo. Confiamos nos uruguaios e em seu potencial.”
Em resposta aos parceiros do Mercosul, Lacalle Pou afirmou que seu governo se sente com todo o direito de avançar no ingresso ao CPTPP, apesar das advertências de seus sócios, e apelou para o direito internacional. Retrucou com a decisão tomada por Argentina e Brasil, de reduzir taxas entre os dois países, da qual não participaram Uruguai e Paraguai.
Se for aceito nessa área de livre-comércio, o Uruguai terá acesso livre aos mercados de Austrália, Brunei, Canadá, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura, Chile e Vietnã.
Pelas regras atuais, os países que integram o Mercosul não podem fazer acordos comerciais unilaterais com outros parceiros. No entanto, há brechas no estatuto do bloco que permitem essas movimentações uruguaias.
A poucos dias da última reunião do Mercosul do ano, em Montevidéu, o assunto alimentou as conversas sobre como será o encontro.
O Brasil, ao que tudo indica, não será representado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Já o argentino Alberto Fernández estará presente apenas por algumas horas, segundo fontes oficiais –o encontro do bloco ocorre no mesmo dia em que deve sair a sentença da vice-presidente Cristina Kirchner, acusada de liderar um esquema de desvio de verbas públicas.
A ideia de flexibilizar o Mercosul era defendida por Brasil, Argentina (quando governada por Mauricio Macri), Uruguai e Paraguai. Já sob Fernández, o país isolou-se na defesa de um bloco mais fechado.
Em entrevista recente à Folha, o chanceler argentino Santiago Cafiero afirmou que o Mercosul não tem como “impedir que cada país siga seus rumos, mas em casos de interesse comum, o único pedido é que façam estender esses acordos aos demais países-membros”.
O encontro em Montevidéu também será de expectativa sobre os rumos que tomará o Brasil após a posse de Luis Inácio Lula da Silva.
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