Testamos a versão LT com câmbio manual; custa mais de R$ 130 mil e não é a mais barata da linha Subcompactos, alguns hatches compactos, uma dupla de esportivos e meia dúzia de picapes. A oferta de veículos com câmbio manual no Brasil — e no mundo — está cada vez mais escassa, seja pela preferência por automáticos, seja pelo avanço da tecnologia e também da eletrificação. Na seara das picapes intermediárias, por exemplo, a Chevrolet Montana é um dos poucos exemplos que ainda trazem a opção com caixa manual. Autoesporte testou a versão LT, de R$ 136.790, para responder à seguinte pergunta: faz sentido?
O que posso adiantar é que o casamento do motor 1.2 turbo flex com a transmissão manual de seis marchas muda (de modo positivo) o comportamento da picape em comparação com a configuração automática. A começar pelo pedal de embreagem com peso correto, fácil de achar o ponto certo para fazer a picape sair da imobilidade. Os engates do câmbio também se encaixam adequadamente, mas ainda estão longe da precisão das caixas de Volkswagen e Honda, referências nesse assunto.
Chevrolet Montana LT MT tem 2,80 m de entre-eixos
Renato Durães/Autoesporte
Em movimento, a Montana LT manual tem um comportamento preguiçoso em baixas rotações. É só entre 2.000 rpm e 2.500 rpm que a picape assume um caráter dinâmico e os 21,4 kgfm de torque surgem em sua totalidade. Vale lembrar que o propulsor três cilindros 1.2 litro da GM não tem injeção direta. Por isso, o pico de torque vem mais tarde do que em outros motores turbo.
Já as relações são curtinhas, para dar agilidade à caminhonete e fôlego com a caçamba cheia. Assim, ela fica relativamente esperta para sair de enroscos no trânsito.
Em nosso teste no Rota 127 Campo de Provas, contudo, a Montana manual precisou de longos 11,6 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h — quase 1,5 s a mais do que a versão automática (10,2 s). Isso porque a relação curta compromete a elasticidade dos 133 cv de potência. Quanto ao consumo, obtivemos 8,8 km/l na cidade e 10,9 km/l na rodovia com etanol; números melhores que os do Inmetro: 8,3 km/l e 9,6 km/l, respectivamente.
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A caminhonete intermediária tem dirigibilidade parecida com a de SUVs compactos e é amigável no dia a dia, sem pulos e sacolejos estranhos. Na hora de estacionar, você só vai contar com a ajuda da câmera de ré (não há sensores de estacionamento).
Chevrolet Montana LT MT vem equipada com motor 1.2 turbo
Renato Durães/Autoesporte
As limitações da Montana são outras. Como, por exemplo, ruído e trepidação inerentes ao motor três cilindros. O 1.2 turbo “reclama” alto quando é exigido. Nem mesmo a sexta marcha, usada para baixar a rotação a velocidades de cruzeiro (para diminuir o barulho e economizar combustível), dá refresco à cabine. Acima dos 100 km/h, o conta-giros fica na faixa das 2.500 rpm.
Interior da Montana LT é recheado de plásticos; bancos de tecido têm costuras em laranja
Renato Durães/Autoesporte
Interior e exterior da Chevrolet Montana LT
Outra imperfeição é o espaço, a começar pelo ângulo de abertura das portas traseiras. Pessoas mais corpulentas terão dificuldade para acessar a cabine ou até para inserir objetos que não podem ficar na caçamba. Experiência própria: colocar um micro-ondas no banco traseiro exige certo conhecimento de trigonometria.
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Uma vez dentro, a área dos passageiros é diminuta, mesmo com os 2,80 metros de distância entre-eixos (na Fiat Toro, são 2,98 m; na Renault Oroch, 2,83 m). Se os ocupantes dianteiros tiverem 1,80 m e precisarem empurrar os bancos, sobra um espaço apertado para as pernas de quem viaja atrás.
No painel, a Montana LT disfarça os plásticos com um tom cinza. E os bancos de tecido têm padronagem moderninha. O quadro de instrumentos, igual ao do Onix, é antiquado, com uma telinha central e conta-giros e velocímetro analógicos. O multimídia com visor de 8 polegadas é o sopro de modernidade. Seis airbags são de série também. Ponto positivo para a tampa da caçamba com abertura amortecida, ganchos para amarração, protetor plástico, iluminação e capota marítima.
Quem viaja no banco traseiro não tem experiência das melhores
Renato Durães/Autoesporte
Por fora, a versão LT também engana no quesito simplicidade. A grade quase não tem cromados, e maçanetas e capa dos retrovisores vêm na cor da carroceria. Um truque muito bem-feito é o disfarce das rodas de aço aro 17” com calotas pintadas que “simulam” liga leve.
A junção do motor 1.2 turbo com o câmbio manual é boa em termos de dirigibilidade
Renato Durães/Autoesporte
Conclusão
A versão LT manual é a segunda mais barata da linha, acima apenas de uma opção também 1.2 turbo manual, de R$ 130.290. Sua rival direta é a Renault Oroch Intense 1.6 (R$ 129.580), que carrega “só” 683 litros na caçamba, contra 874 l da Montana.
Chevrolet Montana LT MT tem 133 cv de potência e 21,4 kgfm de torque
Renato Durães/Autoesporte
O negócio é que dá para levar para casa uma Fiat Strada topo de linha com motor turbo, câmbio automático, mais equipamentos e um espaço traseiro tão acanhado quanto o da Montana por R$ 141.990. E a Fiat tem apenas 30 l a menos de volume de caçamba (844 l). Por outro lado, a picape da marca da Stellantis tem maior capacidade de carga: 650 kg contra 628 kg.
Os ângulos de ataque (20,1°) e saída (24,9°) da Montana LT são menores em comparação com os de Strada e Oroch. E a Chevrolet também não tem capacidade de reboque.
Chevrolet Montana tem a descrição Turbo na parte inferior direita da caçamba
Renato Durães/Autoesporte
A Chevrolet Montana LT custa R$ 5.200 a menos que a Strada turbo e cerca de R$ 14.000 a menos que uma Montana LTZ. Ou seja, faz sentido comprar a Fiat ou gastar um pouco mais para levar a configuração automática da picape da GM para casa.
Pontos positivos: dinâmica amigável para o dia a dia, tampa da caçamba com abertura amortecida e maior capacidade de carga que a rival direta
Pontos negativos: ruídos e trepidações inerentes ao motor tricilíndrico, espaço interno acanhado e ângulos de ataque e saída inferiores aos da concorrência
Chevrolet Montana LT MT
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