Hatch tem a mesma base e conjunto mecânico do Peugeot e-208 GT vendido no Brasil, mas personalidade própria Desde que a então PSA comprou a Opel da GM, em 2016, “órfãos” de Corsa, Astra e Zafira sonham com a volta dos carros desenvolvidos pela marca alemã ao mercado brasileiro. Sinto desapontá-los, mas a chance de algo assim acontecer é tão grande quanto a da Alemanha fazer 7×1 no Brasil outra vez.
Se serve como prêmio de consolação, Autoesporte foi até a Holanda para dirigir a sexta geração do Corsa na versão elétrica, chamada de (quanta criatividade) e-Corsa. A unidade avaliada é da versão topo de linha, GS, com praticamente todos os opcionais oferecidos pela Opel, inclusive volante aquecido, vidros traseiros escurecidos e faróis de neblina.
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Até por isso, o preço salta de 34 mil euros para acima de salgados 40 mil, cerca de 4 mil euros a mais em relação ao valor do Peugeot e-208 GT, similar ao que é vendido no Brasil, e só um pouco menos comparado ao Opel Mokka-e, crossover compacto que já incorpora a identidade visual recente da marca. Em comum, o fato de os três compartilharem o motor elétrico de 136 cv.
No Corsa, a autonomia no ciclo WLTP é de 359 km. Na prática, o número cai para aproximadamente 270 km. A plataforma CMP também é comum ao trio. Aliás, não é a primeira vez que o Corsa compartilha base com rivais.
Opel Corsa usa a mesma plataforma do Peugeot 208
André Paixão/Autoesporte
Quarta e quinta gerações, que não chegaram ao Brasil, eram “primas” do Punto, graças a uma parceria entre a GM, então dona da Opel, e a Fiat. Ainda que em mãos diferentes, o Corsa segue como um dos favoritos dos europeus. Na Holanda, está entre os 15 elétricos mais vendidos. O líder? Peugeot e-208. Sendo assim, vale a pena gastar mais por um carro quase igual? Depende.
O Corsa atual ainda traz vários elementos que remetem aos tempos em que a Opel era propriedade da GM. A nostalgia dos brasileiros bate logo ao entrar no hatch compacto. Chaves de seta e comandos de ventilação foram preservados da fase “pré-PSA”. O painel, voltado para o motorista, é outra característica marcante.
Seletor da iluminação ainda é dos tempos que a Opel pertencia à GM
André Paixão/Autoesporte
Mas houve tempo para que a Peugeot colocasse sua marca no Corsa. Maçanetas, alavanca seletora de marcha e central multimídia vêm de outros modelos franceses. Mesmo com essa Torre de Babel automotiva, a cabine é muito agradável e tem excelente nível de acabamento. Aqui no Brasil, o único hatch compacto com essa sofisticação é exatamente o… Peugeot 208.
Já o seletor de marchas é idêntico ao dos carros da Peugeot
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Os franceses também emprestam ao Corsa o conjunto propulsor, formado pelo motor de até 136 cv, 26,5 kgfm e baterias de 50 kWh. Essa combinação pode ser vista nas nossas ruas no 208 e nas vans e-Jumpy e e-Expert. A autonomia, seguindo o padrão WLTP, é de 359 km.
No trajeto entre Amsterdã e Bruxelas, capital da Bélgica, esse número ficou próximo de 230 km. Como o percurso tem cerca de 210 km, uma pausa para recarga se mostrou prudente. E, nesse momento, o abismo existente entre a estrutura do Brasil e a da Europa ficou evidente.
No posto escolhido, o último antes de atravessar a fronteira com a Bélgica, estavam disponíveis oito aparelhos. Sete deles eram do tipo ultrarrápido, de 350 kW. Traduzindo: em uma única estação de recarga na Holanda há mais carregadores dessa espécie do que em todo o Brasil.
Opel Corsa tem as mesmas dimensões internas do 208 vendido no Brasil
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Pela estrada, vimos pelo menos outros cinco locais semelhantes. Usando esse carregador, 80% da energia das baterias é recuperada em apenas 30 minutos. A profusão de carregadores ultrarrápidos só acontece porque, além de haver demanda, os europeus já pagam pela energia consumida, o que justifica o custo da instalação da estrutura.
No nosso caso, cada kWh custou 0,62 euros (R$ 3,14, na conversão direta). Como utilizamos 15,5 kWh, a conta fechou em pouco menos de 10 euros, ou quase R$ 50.
Opel Corsa pode ser carregado em aparelhos ultrarrápidos
André Paixão/Autoesporte
Afora a ótima estrutura de recarga, Holanda e Bélgica têm em comum rodovias com asfalto liso, motoristas educados e sinalização impecável. Ficamos longe dos 150 km/h de máxima do Corsa, mas pudemos observar o comportamento em acelerações e retomadas nas vias mais rápidas. A Opel diz que o hatch de 1.530 kg leva 8,1 segundos para ir de zero a 100 km/h — marca um pouco melhor do que a de um carro a combustão 1.0 turbo.
Ao volante, o e-Corsa deixa claro que é cerca de 300 kg mais pesado. O desempenho nas estradas é satisfatório; no entanto, se o motorista escolhe o modo Sport ou pisa com mais vigor no pedal da direita, a autonomia despenca. Por isso, a forma mais sábia de usar o Opel é moderando as acelerações e aproveitando a recuperação da energia em frenagens por meio do modo B do seletor de marchas — um comportamento visto com frequência nos centros urbanos europeus.
Nas grandes cidades, a agilidade agrada, bem como os acertos de direção e suspensão e as medidas compactas. Assim, é fácil entender por que vimos tantos exemplares rodando nas ruas de Amsterdã e Bruxelas. Com essas características, certamente agradaria também aos brasileiros. Por enquanto, ficamos com essa saudade do que não vivemos.
Carroceria compacta é ideal para ruas apertadas, como as da Europa
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Opel Corsa-e
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