Nova geração do SUV premium é híbrida leve e anda forte na versão M50, de 404 cv, mas o destaque mesmo está na tecnologia Sei que suas expectativas ficaram altas após ler o título desta avaliação do novo BMW X3. E aqui começo já fazendo um mea culpa, quase uma confissão: eu exagerei. Mas não inventei. A quarta geração do SUV médio premium consegue mesmo “bater um papo” com o dono e estacionar sozinho por controle remoto. Talvez não com a perfeição ou precisão que você tenha imaginado, mas o faz. E é capaz de muito mais.
Fui até Munique (Alemanha) acompanhar o lançamento mundial do novo BMW X3. E me impressionei muito mais com o que dirigi do que vi. A nova geração do modelo já havia sido revelada em junho e as atenções, na época, voltaram-se todas ao visual polêmico, com a grade duplo-rim em um tamanho gigante. Mas resumir este SUV ao design me parece um tanto simplista.
A bordo, o X3 de quarta geração tem qualidades que devem conquistar muitos compradores europeus a partir do último trimestre deste ano e outros tantos brasileiros no primeiro semestre de 2025, quando o produto deve chegar ao mercado nacional, ainda como um carro importado.
BMW X3 M50 xDrive tem lanternas de LED divididas
Divulgação/BMW
E como todo carro de luxo de marca alemã, os preços não serão acessíveis: devem começar na faixa dos R$ 450 mil. Por enquanto, sua produção está confirmada apenas nos Estados Unidos, na África do Sul e na China. Não está certo se haverá sua montagem local em Araquari (SC).
Se te serve de consolo, os traços controversos do novo X3 têm suas justificativas. Por exemplo, a grade enorme e tão contestada abriga radares do sistema Adas de segurança ativa, além de ser, por si, uma grade ativa. Suas tomadas de ar se abrem ou fecham conforme a necessidade, priorizando a refrigeração do motor quando preciso ou a eficiência aerodinâmica do SUV quando possível.
As linhas limpas e delgadas, quase sem vincos, ajudaram a reduzir o coeficiente de arrasto (Cx) do SUV de 0,33 para 0,27, número excepcional para um veículo que pesa entre 1.855 e 2.140 kg, a depender da versão, e com dimensões generosas: 4,76 metros de comprimento, 1,92 m de largura, 1,66 de altura e longos 2,87 m de entre-eixos. E olha que a nova geração cresceu: 3,4 cm em comprimento e 2,9 cm em largura. Só a altura foi reduzida, em 2,5 cm, enquanto o entre-eixos se manteve.
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Como é o novo BMW X3 M50
Meu teste foi com a versão de topo do novo X3, a esportiva M50 xDrive, a única na gama a usar o famoso motor 3.0 seis-cilindros em linha turbo a gasolina de duplo fluxo com injeção direta. No Brasil, caso venha, esta opção não deve custar menos de R$ 600 mil. Chegará para substituir a antiga opção M40i, que usava o mesmo propulsor, só que apenas a combustão, com 387 cv e 50,9 kgfm.
BMW X3 M50 xDrive
Para cumprir os exigentes padrões de consumo e eficiência energética europeus, além da boa aerodinâmica, a BMW transformou este conjunto motriz em híbrido leve (MHEV) no novo X3 M50. Aliás, todas as configurações do novo X3 serão eletrificadas a partir de agora, tanto com sistema auxiliar de 48 Volts, como no caso do M50 e das demais versões a gasolina ou diesel, quanto na versão híbrida plug-in (PHEV), 30e xDrive, que passa a ter uma bateria maior, de 19,7 kWh, e autonomia oficial em modo elétrico aumentada de 81 para 90 km no ciclo WLTP.
Mas voltemos a falar do novo X3 M50 xDrive. Sozinho, o seis-cilindros a combustão rende 389 cv de potência e 55,1 kgfm de torque. Um motor elétrico auxiliar, acoplado à transmissão e ativado por uma correia ligada ao virabrequim, entrega 18 cv e 20,4 kgfm extras. Assim, chegamos a 404 cv de potência e 59,1 kgfm de torque combinados. A bateria do sistema de 48V, com 20 Ampère, fica alojada sob o assento traseiro do veículo.
Curiosamente, mesmo com os 17 cv e 8,2 kgfm a mais, o 0 a 100 km/h oficial do novo BMW X3 M50 xDrive é de 4,6 segundos, 0,1 s a mais do que o antecessor M40i. Parte da explicação para isso está no aumento do peso de 1.810 para até 2.055 kg. O câmbio é o conhecidíssimo automático de oito marchas da ZF, com tração integral (daí o nome xDrive), bloqueio eletrônico do diferencial e distribuição eletrônica de frenagem no eixo traseiro.
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Com este pacote, o BMW X3 M50 de quarta geração tem um consumo oficial de 12 km/l na cidade e 13 km/l na estrada, segundo o ciclo europeu WLTP. Os números não empolgam tanto por si, mas ficam mais impressionantes quando me lembro do tamanho e do peso deste SUV, além do fato de que estou em um modelo com pegada esportiva.
BMW X3 M50 xDrive é equipado com conjunto híbrido leve de 404 cv
Divulgação/BMW
Esportivo comportado
Esteticamente, a versão M50 traz detalhes como molduras da grade iluminadas, teto panorâmico (sem o vidro com opacidade dinâmica, como no iX, mas com uma cortina elétrica auxiliar), rodas de 21 polegadas, faróis de LED adaptativos, suspensão adaptativa, freios preparados pela divisão M, difusores na base do para-choque traseiro e quatro saídas de escape. Por dentro, há detalhes como as cores da divisão esportiva nas costuras e cintos de segurança, além dos bancos revestidos de couro, couro microperfurado e alcântara.
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Dinamicamente, o novo X3 M50 não é bruto como a grife da versão e os números superlativos sugerem. Na verdade, proporciona um interessante equilíbrio entre desempenho e conforto. Não espere encontrar aqui qualquer tipo de experiência de “carro elétrico”.
Por ser híbrido leve, o motor elétrico atua em momentos pontuais e de modo imperceptível. Quando dou a partida, é o ronco borbulhante do “seis-canecos”, potencializado pelos quatro canos de escapamento, que invade imediatamente a cabine.
Apesar dos 20,4 kgfm entregues instantaneamente pelo motor elétrico e do pico de torque do 3.0 chegar logo a 1.900 rpm, a aceleração do novo X3 M50 é consideravelmente linear e elástica até 6,5 mil rotações. Andando em modos mais contidos, como Relaxing e Efficient, até esqueço que estou em um SUV de 404 cv, dada a leveza da direção e dos pedais, a suavidade das trocas de marcha e o comportamento macio da direção.
Minha maior crítica vai ao isolamento acústico, que não segura o ruído de rolamento dos pneus ou o do vento como eu esperava. Coloco no modo Sport e o X3 fica um pouco mais rígido e instigante. O quadro de instrumentos digital de 12,3 polegadas muda de “humor” e adota um tom vermelho, o mesmo das chamativas faixas de LED no painel que imitam cristais. Mas a esportividade não é tão grande a ponto de fugir de sua proposta original, confesso.
Mantenho a borboleta do lado esquerdo apertada por alguns segundos e ativo o modo Boost. O painel inicia uma contagem regressiva de 10 até 0, a rotação do motor sobe de menos de 2 mil para mais de 4 mil rpm e tenho, enfim, um carro “rebelde” à disposição para um kickdown de respeito. As ultrapassagens em estrada estão mais que garantidas, mas os 10 segundos logo passam e tudo volta à normalidade.
BMW X3 M50 xDrive traz telas digitais conectadas no painel
Divulgação/BMW
Tecnologias que impressionam
No fim, o que mais impressiona no novo BMW X3 são as tecnologias. No pacote Adas, há frenagem autônoma emergencial à frente e à ré, controle de cruzeiro adaptativo (ACC) com retomadas automatizadas e troca autônoma de faixa para qualquer um dos dois lados ao acionar a luz de seta. Só não gostei da ausência de um botão para alterar a distância limite do veículo à frente. Para fazê-lo, só via central multimídia, tarefa que pode ser facilitada pelo uso do comando de voz inteligente fornecido pela Amazon Alexa. Já já falarei mais sobre ele.
Se há algum atalho para esse ajuste de distância, não descobri, porque os botões do X3 são cheios de artimanhas. Além do modo Boost acionável na borboleta esquerda, posso desativar o alerta sonoro de limite de velocidade da via – sim, o novo X3 dispõe de leitor de placas – se mantiver o comando “Set” do controle de cruzeiro apertado por algum tempo.
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Isso sem falar no GPS nativo que compõe a nova central multimídia BMW Operating System 9, de 14,9 polegadas. Tal qual o iX vendido no Brasil, o sistema de navegação tem realidade aumentada e combina projeções por satélite das vias com imagens em tempo real das câmeras do veículo e indicadores virtuais de mudança de direção. Parece que vamos entrar em algum atalho do jogo Mario Kart a qualquer momento. Só que, no X3, o funcionamento está ainda melhor.
Sobre o comando de voz que eu já havia mencionado, é claro que precisei aprender a “conversar” com ele nos seus termos. Não vá pensando que poderá pedir as coisas de qualquer jeito. Ainda assim, me impressionei com o bom entendimento do meu inglês carregado de sotaque e da linguagem coloquial, além das respostas rápidas. Basta mandar um “olá, BMW… Volte pro mapa do navegador”, ou um “olá, BMW… Abra as configurações do Head Up Display”, e ele o faz sem pestanejar.
BMW X3 M50 xDrive tem rodas de 20 polegadas
Divulgação/BMW
Por fim, o estacionamento autônomo. Eu ainda não tinha te contado, mas o novo BMW X3 não possui chave. Quer dizer, até tem, mas você não precisa dela. Basta instalar o aplicativo da BMW no celular para destravar o veículo pelo sensor de aproximação do smartphone. E ao selecionar o modo “Estacionamento assistido” no app, mesmo estando do lado de fora, você consegue ligar o carro e fazê-lo andar para frente ou para trás, em linha reta, para sair de uma vaga apertada antes de abrir as portas. Esta função, em si, pode ser bem útil.
Mas isso outros BMW vendidos no Brasil já fazem. No novo X3, é possível também levar o SUV a memorizar uma manobra de estacionamento que você mesmo pratica, para que ele comece a fazê-la sozinho, com você comandando tudo do lado de fora. Claro que o sistema ainda tem limitações e parece mais voltado ao exibicionismo do que a uma realidade prática: ele é interrompido sempre que perder o sinal do celular ou detecta algum obstáculo. E, às vezes, só volta se for reiniciado.
Mas a experiência de estacionar um carro de quase 2 toneladas por “controle remoto” no celular é sui generis, não nego. E mostra que, mesmo em um carro de R$ 600 mil e 404 cv como o novo BMW X3 M50 xDrive, questões como desempenho e prazer de dirigir estão cada vez mais em segundo plano, suplantadas por aquilo que parece ser o que importa de verdade aos consumidores: a incrível evolução tecnológica.
BMW X3 M50 xDrive tem bancos dianteiros com formato esportivo
Divulgação/BMW
Novo BMW X3 M50 xDrive – Conclusões
Pontos positivos: nível tecnológico e equilíbrio entre desempenho, conforto e até consumo para um SUV com esse tamanho e peso.
Pontos negativos: design polêmico, estacionamento por controle remoto que ainda não é perfeito e excesso de ruídos de pneu.
Novo BMW X3 M50 xDrive
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