SUV alemão é vendido por R$ 480.900; autonomia beira os 500 km, mas desempenho não é tão bom quanto o do rival sueco O Mercedes-Benz EQA é o mais novo integrante da turma de SUVs elétricos de luxo à venda no Brasil. Junto do “irmão” EQB, reforça o grupo formado pelo Volvo XC40 — o melhor aluno da classe — e por colegas maiores, como BMW iX3 e BYD Tan. Mas será que o SUV recém-chegado vai cair no gosto dos brasileiros e passar de ano?
Para descobrir, vamos começar com a aula de Geografia. Nota baixa para a Mercedes, que só vende o EQA (e qualquer outro veículo elétrico) no Brasil em 13 concessionárias de sete estados do Sul e Sudeste e no Distrito Federal. Até mesmo a novata BYD já tem maior presença nacional.
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É preciso abrir o mapa-múndi para entender a origem do EQA. A versão 250, única disponível no país por enquanto, chega importada da Alemanha e é produzida com um pacote de baterias de 66,5 kWh da chinesa CATL, líder mundial desse segmento.
Passando para a aula de Matemática, o EQA até que faz bonito com uma autonomia de 496 km no ciclo WLTP. É maior do que a de qualquer concorrente direto disponível no Brasil. Assim como o preço.
É aí que a conta começa a não fechar. Nem o mais talentoso professor de Matemática vai conseguir explicar o fato de o EQA custar R$ 480.900 — é R$ 150 mil mais caro do que o Volvo XC40 de “entrada” ou cerca de R$ 7 mil a mais do que um BMW iX3, SUV que é consideravelmente maior, mais espaçoso e mais potente.
Gêmeos EQA e GLA dividem plataforma e boa parte do visual
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Uma simplória operação de matemática resume bem o posicionamento do Mercedes: 1 Volvo XC40 Single Motor (R$ 329.950) + 1 Renault Kwid E-Tech (R$ 146.990) = 1 EQA de R$ 480 mil. Se ainda assim você achar que o EQA merece passar de ano, saiba que as notas em Física também não são das melhores. O EQA 250 leva 8,6 segundos para sair da inércia e chegar aos 100 km/h — 1,2 s mais do que o XC40. A velocidade máxima é limitada a 160 km/h.
Esse resultado é obtido ao combinarmos peso elevado (2.040 kg) com números modestos de potência e torque. O motor elétrico dianteiro entrega 190 cv e 39 kgfm de torque — suficientes para uma utilização cotidiana sem grandes ímpetos esportivos, ao contrário do que sugere o visual do EQA 250.
Na comparação com o GLA a combustão, são 27 cv e 13,5 kgfm a mais. Mas isso tem pouco valor quando o peso extra é de consideráveis 555 kg. Ainda assim, o EQA traz as características mais conhecidas dos carros elétricos.
EQA e GLA se diferenciam pela barra iluminada entre as lanternas da versão elétrica
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O torque imediato agrada nas saídas de sinal e arrancadas e a recuperação de energia em frenagens e desacelerações ajuda a carregar a bateria. É possível ajustar o nível de regeneração, mas nem o mais forte deles é capaz de ancorar o SUV e provocar enjoo nos ocupantes.
Se o comportamento não é esportivo, o visual tenta ser. A Mercedes optou por importar o SUV com o pacote estético AMG Line. Do lado de fora, rodas e para-choques trazem apelo esportivo.
Internamente, volante com base reta e bancos esportivos exibem costuras em vermelho. O pacote de iluminação tem traços de LED nas portas, no console central, no painel e nas saídas de ventilação. O motorista pode escolher o tom e ajustar a intensidade da luz. É preciso ressaltar que o acabamento é de boa qualidade, combinando materiais de toque agradável com visual moderno e montagem cuidadosa. Quadro de instrumentos digital e central multimídia, de 10 polegadas cada, fazem parte de uma única prancha que ocupa quase toda a largura da cabine.
Volante com base reta e bancos esportivos fazem parte do pacote AMG Line no Mercedes-Benz EQA
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E não é preciso ser mestre em Artes para perceber que o EQA é a versão elétrica do GLA, velho conhecido dos brasileiros. Os dois SUVs se diferenciam basicamente pela grade dianteira fechada e pelas barras iluminadas ligando faróis e lanternas.
Cabine e pacote de equipamentos são semelhantes, incluindo o pacote de assistências à condução semiautônoma nível 2. Há alertas de tráfego cruzado, de saída de faixa com correção no volante e de objeto no ponto cego, além de frenagem automática de emergência. Bancos dianteiros com ajustes elétricos e memória, ar-condicionado digital de duas zonas, teto solar panorâmico e faróis full-LED fecham a lista.
Mercedes-Benz EQA tem bom espaço interno – assoalho é plano
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A Mercedes pode finalmente dizer que tem um representante em uma das categorias mais importantes do mercado de elétricos. Mas não fez a lição de casa ao definir o preço do EQA. O SUV é muito mais caro do que o rival direto, Volvo XC40. E não justifica o investimento extra, já que oferece o mesmo nível de espaço e de equipamentos e menos potência. Parece que alguém vai repetir de ano.
Mercedes-Benz EQA
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