Dirigimos o híbrido plug-in de 843 cv que tem tecnologia de Fórmula 1 e ajuda de Sir Lewis Hamilton no desenvolvimento Ter uma entrevista interrompida antes de terminar é o pesadelo de qualquer repórter. Lewis Hamilton já fez isso comigo, mas criamos certo vínculo depois do ocorrido, mesmo sem ele saber quem sou eu. Contarei mais adiante. O que terminou mesmo foi a história dele com a Mercedes-AMG Petronas, em 2024, após seis títulos mundiais em 12 temporadas. E começo o meu 2025 acelerando o Mercedes-AMG GT 63 S E Performance para me sentir o Hamilton — pelo menos por um dia. Afinal, esse carro de 843 cv é o último desenvolvido em parceria com a equipe de F1 enquanto o heptacampeão esteve lá.
Mercedes-AMG GT 63 S E Performance é um carro híbrido plug-in e custa R$ 1,6 milhão no Brasil. Seu V8 4.0 biturbo é montado de forma artesanal em Affalterbach (Alemanha) e entrega 612 cv de potência e 90 kgfm de torque, com câmbio automático de nove marchas. No eixo traseiro há um motor elétrico síncrono de ímãs permanentes (PSM) com 204 cv, que é integrado a uma transmissão de duas velocidades acionada eletronicamente.
Esse conjunto tem canal direto de conexão ao câmbio automático de nove velocidades. De acordo com a Mercedes, tal arranjo propicia entrega instantânea de torque em qualquer condição. Isso é simplesmente brutal, levando em consideração que o torque combinado dos dois motores é de insanos 150 kgfm.
Mercedes-AMG GT 63 S E Performance tem mais de cinco metros de comprimento e custa mais de R$ 1,5 milhão no Brasil
Murilo Góes/Autoesporte
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Mas há mecanismos para conter essa entrega alucinada de força. Caso haja perda de tração traseira, devido ao excesso de torque, o AMG GT distribui a potência do motor elétrico nas rodas dianteiras. O sistema elétrico que equipa o esportivo foi desenvolvido com a equipe de especialistas dos motores da Fórmula 1, a Mercedes High Performance Powertrains (HPP), que fica em Brixworth (Inglaterra). Segundo a Mercedes, o projeto teve influência direta de Lewis Hamilton e George Russell.
Além de Hamilton, George Russell também teve participação no desenvolvimento do Mercedes-AMG GT 63 S E Performance
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O conjunto de baterias de íons de lítio da AMG, com 6,1 kWh de capacidade e resfriamento, é relativamente pequeno para um híbrido plug-in. Com alta densidade e baixo peso, seu objetivo é muito mais melhorar o desempenho do que propriamente otimizar o consumo ou gerar autonomia em modo elétrico. Assim como na Fórmula 1, a base para o alto desempenho da bateria de 400 volts é o resfriamento individual de cada uma das 1,2 mil células.
Toda bateria precisa de uma temperatura ideal para entregar toda a energia que é capaz de armazenar. Se o conjunto funcionar em temperaturas mais quentes ou mais frias do que deveria, o desempenho será comprometido e a bateria não entregará sua capacidade máxima.
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Mercedes-AMG GT 63 S E Performance tem potência combinada de 843 cv e torque máximo de impressionantes 150 kgfm
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Com o resfriamento direto de cada célula, a Mercedes-Benz assegura que a temperatura média das baterias se mantém sempre em 45° C, o que é extremamente eficiente para entregar energia em sua plenitude para o motor elétrico. Ainda assim, o esportivo tem apenas 12 km de autonomia no modo puramente elétrico, então você pode dirigir de maneira silenciosa sem alardear os vizinhos, mas só durante pouco tempo.
A graça mesmo é evocar Lewis Hamilton e deixar o V8 trabalhando em sua totalidade. São oito modos de condução: Electric, Comfort, Sport, Sport+, Race, Slippery, Individual e Battery Hold. Todos ajustam parâmetros importantes do carro, como mapas de acelerador, transmissão, direção, amortecimento do chassi e som do escapamento.
Apesar de ser híbrido plug-in, modelo tem apenas 12 km de autonomia em modo puramente elétrico
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Seja qual for o modo que você escolher, há três ajustes predefinidos dos amortecedores: Comfort, Sport e Sport+. O escapamento também tem uma configuração mais mansa e uma mais barulhenta. Ou seja, você pode dirigir com o carro em Comfort, mas deixar amortecedores e escape “esportivos”. A exceção é quando o veículo está no modo elétrico.
O cupê é homologado para apenas quatro pessoas, mas tem quatro portas e espaço suficiente para levar passageiros com muito conforto. São 5,05 metros de comprimento e 2,95 m de entre-eixos. É, oficialmente, o carro mais rápido da história da AMG — fundada em 1967 —, ao lado do Mercedes-AMG One, que tem motor de Fórmula 1 e 1.063 cv. Ambos vão de zero a 100 km/h em 2,9 segundos, de acordo com a Mercedes, mas é importante ressaltar que o One teve somente 275 unidades produzidas.
Entre-eixos de quase três metros torna confortável o transporte de dois passageiros na segunda fileira
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Nos primeiros quilômetros dirigindo, nada de me sentir um piloto. No trânsito, com o modo elétrico ativado, o esportivo não chama a atenção pelo barulho, mas sim pelo visual. É impressionante a quantidade de pessoas tirando foto. E não é para menos. A carroceria tem uma cor especial chamada Côte d’Azur, que é da divisão de personalização de luxo da marca, a Manufaktur.
Para adquirir o modelo com essa tonalidade, o cliente precisa pagar mais R$ 57 mil. E o contraste com as rodas de 21 polegadas forjadas, com os discos de freio dourados e com as pinças amarelas dá um ar irresistível ao carro. Enquanto populares olham o exterior, eu admiro a cabine com o painel de fibra de carbono e suas duas enormes telas de 17,7 polegadas integradas (uma do painel de instrumentos e outra da central multimídia).
Interior tem acabamento em fibra de carbono e central multimídia integrada ao quadro de instrumentos digital
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A diversão veio mesmo no dia seguinte, quando fomos para o Rota 127 Campo de Provas, em Tatuí (SP). Nos 130 km de rodovia até lá, o conforto do carro impressionou, mas é preciso ter muito cuidado, pois qualquer leve pressão a mais no pedal do acelerador faz ultrapassar facilmente o limite dos 120 km/h. Chegando à pista, enfim pude colocar no modo Race — e logo veio o alerta na central multimídia: “Atenção, usar o modo Track apenas em circuitos fechados”. Ainda bem que estamos no lugar certo.
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O motor V8 4.0 biturbo do AMG GT 63 S E Performance é montado de forma artesanal na fábrica de Affalterbach
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Finalmente pude extrair o máximo do GT 63 S. Pisei fundo no acelerador e arranquei como se fosse decolar. O lindo som do V8 tomou conta da cabine, meu corpo foi jogado contra o banco e a força G (força gravitacional) atuou como se eu estivesse em um carro de F1. Achou exagero? Pois nossa marca de zero a 100 km/h ficou em exatos 3 segundos. Em média, os carros de F1 levam 2,6 s.
Experimente sair da imobilidade e chegar aos 100 km/h em 3 s para sentir o efeito no seu corpo. É um pouco assustador por um lado, mas fenomenal por outro. Uma injeção de adrenalina instantânea que traz um enorme frio na barriga. Em certo momento, quando me empolguei demais nas acelerações, nosso fotógrafo que estava a bordo passou mal e tive de estacionar o carro para ele sair. Desculpa, Murilão! Até nosso piloto de testes, acostumado a testar de tudo, sentiu enjoo ao fazer sua prova de zero a 100 km/h.
Rodas de 21 polegadas forjadas, com discos de freio dourados e pinças amarelas são alguns dos toques especiais
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A velocidade máxima do AMG GT 63 S E Performance é de 316 km/h. Infelizmente a pista não dá margem para chegar a tudo isso, mas de zero a 1.000 m atingimos 252,2 km/h em 20,4 segundos. Diga-me: como não se sentir o Hamilton com um carro desses? Apesar dos números superlativos, esse Mercedes é pesado: 2.380 kg.
Outro ponto é que, mesmo com a suspensão AMG Ride Control+, pneumática e com controle automático de altura, sua altura máxima do solo é de apenas de 12,2 cm. Portanto, se o asfalto não estiver impecável, tome cuidado. Ainda assim, diferente de outros esportivos, o GT 63 S é palatável para uso no dia a dia. Consegue ser confortável e até familiar, especialmente por ser a versão com quatro portas, desde que dirigido nos modos de condução mais adequados para a ocasião.
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A bateria de 6,1 kWh do Mercedes-Benz AMG GT 63 S E Performance só recarrega em wallbox com potência máxima de 3,7 kW em corrente alternada (AC)
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E já que estamos falando em Lewis Hamilton, ficou curioso para saber qual é a minha conexão com ele? Foi no GP do Brasil de 2019, quando eu tinha poucos minutos para entrevistar Raí Caldato, brasileiro que havia desenhado o então atual capacete do heptacampeão mundial. Hamilton apareceu no meio da entrevista para interrompê-la, entregar o capacete da corrida a Raí e chamá-lo para o paddock.
No dia seguinte, Raí se desculpou e terminamos a entrevista com bem mais tempo do que no dia anterior. No final das contas, a interrupção foi boa. E até 2022, enquanto Raí trabalhou com Hamilton, Autoesporte sempre divulgou com exclusividade — com autorização de Sir Lewis e sua equipe — a história por trás do capacete daquela temporada.
O Mercedes-AMG GT 63 S E Performance foi o último carro de rua da marca que teve influência de Hamilton no projeto. Agora, o piloto já veste o macacão vermelho da Ferrari. Mercedes, eu já dirigi vários. Ferrari, nenhuma. Quem sabe um dia eu possa ter o privilégio de dirigir a primeira Ferrari de rua com participação de Lewis no projeto? O campeão costuma me dar sorte.
Pontos positivos: Aceleração brutal; capacidade de ser, ao mesmo tempo, um carro familiar e esportivo ;
Pontos negativos: Apesar de ser um carro muito veloz, o condutor sente o peso de 2.380 kg em alguns momentos.
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Mercedes-AMG GT 63 S E Performance
Mercedes-AMG GT 63 S E Performance
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