SUV compacto utiliza sistema híbrido leve de 48V que estará também no Brasil em breve Na maior parte do mundo, ainda não existem condições adequadas para comprar um carro elétrico. Até os híbridos plug-in (PHEV) são desaconselhados pela falta de infraestrutura de recarga. Assim, várias marcas apostam nos híbridos leves (MHEV) ou plenos (HEV) como opções mais baratas e versáteis. É o caso do Jeep Avenger eHybrid, futuro SUV de entrada da marca no Brasil equipado com o sistema híbrido de 48V que, em breve, estará disponível no Compass nacional.
De acordo com Emanuele Cappellano, CEO da Stellantis na América Latina, a fabricante estuda o lançamento do Jeep Avenger no Brasil. Há quem já crave sua produção nacional em Porto Real (RJ) a partir de 2026, como uma alternativa ao Renegade.
O Avenger é um Jeep que tem muito pouco de jipe — com tração dianteira, só encara off-road de leve
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Enquanto não temos a confirmação no Brasil, já sabemos que o sistema híbrido leve de 48V deve estrear aqui até o fim do ano, no Compass. Trata-se do chamado Bio-Hybrid e-DCT, conjunto que combina um pequeno motor elétrico multifuncional que substitui o alternador e o motor de partida. É uma forma que as fabricantes encontraram para reduzir as emissões sem gastar muito e também aliviar a etiqueta do preço. Falaremos dele adiante.
No caso do Avenger europeu, a versão eHybrid de 27 mil euros (R$ 166 mil na conversão) faz a ponte entre o modelo apenas a gasolina (25 mil euros, ou R$ 154 mil) e a configuração totalmente elétrica (38 mil euros, ou R$ 234 mil). E o que recebe o cliente com esse investimento intermediário?
Jeep Avenger eHybrid custa 27 mil euros, o equivalente a R$ 166 mil
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O Avenger se destaca dos concorrentes graças ao formato angular da carroceria, fazendo jus à mais pura tradição da Jeep. As formas quadradas são mandatórias nos SUVs da marca americana, mas, nesse caso, as extremidades encolheram 3 milímetros em comparação com outros modelos da Stellantis equipados com a plataforma CMP.
O objetivo também era contribuir para os bons ângulos de ataque e de saída (respectivamente 20° e 32°, semelhantes aos do Renegade). Por fim, o Avenger é o SUV compacto com o maior vão livre em relação ao solo, de 20,1 centímetros.
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O painel do Avenger é simples e limpo, com botões no lugar da alavanca de câmbio. Há controles físicos também para o ar-condicionado e algumas funções multimídia. Todas as superfícies são feitas de plástico duro, o que é normal num carro compacto. Notam-se algumas imperfeições nos acabamentos do retrovisor interno, entretanto.
Tanto o painel de instrumentos digital quanto a central multimídia têm 10,2’’. Os gráficos e o software exigem pouco tempo para que o usuário se habitue, revelando uma lógica intuitiva e grafismos nítidos. É possível até mudar os modos de visualização de acordo com a preferência pessoal. Enfim, o pareamento dos sistemas Android Auto e Apple CarPlay é sem fio, pacote que também inclui um carregador de celular por indução. As saídas para recarga do celular por cabo são do tipo USB-A.
Acabamento interno é simples para os padrões europeus, com muito plástico duro
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Quatro adultos podem viajar com bom nível de espaço, mas um quinto passageiro ficará mais apertado. O banco traseiro é duro e estreito na posição intermediária, além de ter o agravante do intrusivo túnel central. No geral, pessoas com até 1,80 metro se acomodam bem, sobrando três dedos de distância dos joelhos até o banco dianteiro.
Somados, os porta-objetos espalhados pela cabine têm 34 litros de volume. Há uma útil bandeja emborrachada no console central, perfeita para colocar óculos, chaves, celulares e outros itens do dia a dia. Faltam compartimentos nas portas traseiras e apoios centrais de braço. Já o porta-malas tem tamanho mediano: 380 litros. Ainda supera o do Renegade (que tem 351 l na Europa), mas é menos espaçoso que o do Peugeot 2008 (434 l).
Bancos são revestidos de couro e couro sintético
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Um híbrido diferente
Mesmo dispondo de modos de condução como Areia, Neve ou Lama, o Jeep Avenger é um SUV de tração dianteira que se destina à selva urbana. Aventuras por vales e colinas serão esporádicas. A principal novidade é o sistema híbrido leve de 48 Volts — no Brasil será flex e se chamará Bio-Hybrid.
No Avenger europeu, ele está ligado ao motor 1.2 PureTech três-cilindros turbo a gasolina. Aqui, será associado ao 1.3 GSE Turbo 270 flex. O motor elétrico rende 5 kgfm extras de torque e está integrado a um câmbio automatizado de dupla embreagem com seis marchas que, no Brasil, será denominado e-DCT.
Jeep Avenger eHybrid entrega 130 cv de potência e 20,5 kgfm de torque
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Apoiando esse sistema há uma bateria de 0,89 kWh. São 130 cv de potência e 20,5 kgfm de torque. Diferentemente de outros híbridos leves, esse sistema da Stellantis até traciona as rodas sem intervenção do motor a combustão. O recurso é ativado em distâncias curtas a até 30 km/h, com carga moderada no acelerador.
Depois de um arranque tranquilo, percebo que as passagens de marcha são muito suaves, ajudadas pela ação do torque do motor elétrico. O Avenger possui aletas para trocas sequenciais de marcha atrás do volante, o que melhora significativamente a dirigibilidade. Entretanto, ficou devendo um modo de condução mais voltado à regeneração, tendo em vista que esse híbrido leve é capaz de tracionar as rodas.
Jeep Avenger eHybrid é equipado com teto solar
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Durante ultrapassagens e retomadas, quando o 1.2 turbo é mais exigido, o Avenger se mostra barulhento. O isolamento acústico poderia filtrar melhor o inevitável ruído grave do motor de três cilindros. A direção, por sua vez, é razoavelmente direta, mas se mostra leve demais em todos os modos de condução, o que prejudica o envolvimento do motorista na estrada.
Apesar dos vários modos de condução, senti falta de uma configuração Sport mais arisca. Existe uma pequena variação de peso na direção, mas é pouco evidente. E, assim como em outros híbridos leves, o pedal do freio é “esponjoso” em sua fase inicial de curso.
Porta-malas de 380 litros é surpreendentemente maior que o do Renegade
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Em pisos irregulares, o Avenger já emite alguns ruídos parasitas no painel, como consequência do monopólio dos plásticos duros no acabamento interno. E olha que a unidade que dirigi tinha apenas 5.000 km rodados. A suspensão revela um comportamento firme, mas entrega conforto satisfatório, mesmo com a curta distância entre-eixos de apenas 2,56 metros.
Em movimento, o Avenger eHybrid proporciona um desempenho razoável para o que se espera de um SUV urbano. Segundo a Stellantis, vai de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos e atinge 185 km/h de velocidade máxima. Durante meu trajeto de 172 km por ruas e estradas, cheguei a um consumo de 15,6 km/l — exatamente o que a Jeep divulga no ciclo europeu WLTP.
Jeep Avenger eHybrid será o futuro SUV de entrada da marca no Brasil
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Se considerarmos os tais 2 mil euros (R$ 12 mil) de diferença entre as versões a gasolina e MHEV de 48V, o motorista terá de rodar mais de 20 mil km para que o valor seja recuperado em economia de combustível. É algo que pode ser feito em pouco mais de um ano, com a vantagem de dispor de uma experiência mais suave ao volante. Será este o novo carro de maior volume para a Jeep no Brasil?
Ponto positivo: Design agradável, bom consumo e agilidade na cidade
Ponto negativo: Acabamento simples, direção leve e espaço interno
Jeep Avenger eHybrid
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