Chinês GAC GS4 chega ao Brasil já em 2025, com muito espaço interno e receita bem diferente das conterrâneas BYD e GWM Falar em invasão chinesa no Brasil nos últimos anos não é mais novidade. Mas a GAC Motor tem uma particularidade em relação às conterrâneas que chegaram aqui nos últimos anos, como BYD e GWM: a marca também vai vender modelos só a combustão, como é o caso do GS4, que deve ser lançado no Brasil ainda neste ano com preço na faixa de R$ 200 mil.
Autoesporte foi a Santiago (Chile) testar o SUV médio em primeira mão. O GS4 tem motor 1.5 turbo quatro-cilindros de 16 válvulas a gasolina de 177 cv de potência e 27,5 kgfm de torque, com câmbio automático de sete marchas. Isso vai totalmente na contramão de rivais como BYD, GWM, Zeekr e Neta, que só têm modelos híbridos e/ou elétricos no país. Omoda Jaecoo e Leapmotor, que chegarão em breve, seguirão o mesmo caminho.
O plano da GAC — abreviação de Guangzhou Automobile Group — para o nosso mercado é bem ousado. A promessa é lançar sete carros já neste ano. Em julho de 2024, a companhia anunciou investimento de US$ 1 bilhão (na época, cerca de R$ 6 bilhões) no país até 2030. O aporte inclui planos para uma fábrica, ainda sem local definido, um centro de pesquisa e desenvolvimento e depósitos para peças.
Apesar de não ser conhecida no Brasil, a GAC tem joint ventures com Honda e Toyota em outros mercados. Além disso, foi a quinta maior fabricante de automóveis da China em 2023, com 2,1 milhões de carros vendidos.
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GAC GS4 GL também deve ter uma versão híbrida (HEV) no Brasil
Renato Durães/Autoesporte
A estreia no Brasil está prevista para o primeiro semestre e será iniciada com a submarca de elétricos Aion. De uma só vez, devem chegar o SUV médio Y, o hatch compacto UT e o sedã médio RT. Em um segundo momento, já com a rede de lojas mais encorpada, virão carros híbridos e modelos a combustão, como o GS4 — que, em outros mercados, recebe o estranho nome de Emkoo.
Apesar de ser um SUV médio, a tendência é de que tenha preço na faixa de R$ 200 mil para disputar com outros da categoria, como Jeep Compass e Toyota Corolla Cross, e com versões de topo de modelos menores, casos de Hyundai Creta 1.6 TGDi, Honda HR-V Touring e Volkswagen T-Cross 250 TSI. No Chile, o GS4 GL, versão topo de linha que testamos por três horas, custa o equivalente a R$ 116.620.
A principal aposta da GAC está no visual externo cheio de personalidade e no porte avantajado: tem 4,68 metros de comprimento e ótimos 2,75 m de entre–eixos. Como comparação, são 28 centímetros e 12 cm, respectivamente, a mais do que um Jeep Compass.
Isso se converte em espaço suficiente para levar pessoas altas com muito conforto no banco de trás. Eu tenho 1,87 m de altura e comprovo isso: pernas e cabeça se acomodam com sobras. Na fileira traseira também há uma entrada USB e duas saídas do ar-condicionado.
Sentado no banco do motorista, o console central elevado, que separa o condutor do passageiro, agrada bastante. Essa solução ainda garante um ótimo espaço de porta-objetos na parte inferior, que oferece duas entradas USB (uma do tipo A e outra do tipo C) e uma tomada de 12V. Na parte superior do console há porta-copos, carregador de celular por indução, freio de estacionamento eletrônico, botão de partida e o câmbio tipo joystick.
O acabamento tem materiais bons, como borracha e revestimentos de tecido tanto no painel quanto nas portas. O que não me agrada é o design da peça plástica das saídas de ar-condicionado na parte central do console, além das maçanetas com um formato redondo bem estranho, similar ao do BYD Yuan Plus. Essa solução remete aos carros chineses do início da década passada, que não deixaram saudades.
Acabamento do GAC GS4 GL é bom, mas as maçanetas giratórias e a parte central do painel são de gosto duvidoso
Renato Durães/Autoesporte
Para o motorista, os ajustes dos retrovisores externos e do banco são elétricos; já os de altura e profundidade do volante são feitos por uma alavanca manual. O banco é demasiado macio e o corpo afunda um pouco, mas não a ponto de comprometer o conforto. Confesso: faz tempo que eu não dirigia um carro chinês novo a combustão.
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Dou a primeira pisada no acelerador e o arranque não é tão vigoroso. A potência de 177 cv fica 1 cv acima da de um Compass T270 e o torque de 27,5 kgfm é rigorosamente o mesmo, alcançando seu pico logo a 1.400 rpm, até antes das 1.750 rpm do motor 1.3 turbo flex da Stellantis.
Porém, a turbina não enche tão rápido e o turbo lag é grande — tal qual os “antigos” carros chineses. Outro fato negativo do SUV chinês é o peso, 1.615 kg. Um Compass fica na casa de 1,5 tonelada.
Além do bom espaço para os ocupantes da segunda fileira, banco do motorista do GAC GS4 GL oferece conforto e ajustes elétricos
Renato Durães/Autoesporte
Apesar desse pequeno atraso para embalar, o GS4 fica mais esperto quando atinge 60 km/h. No geral, o desempenho é decente e o zero a 100 km/h oficial é cumprido em bons 9,1 segundos. Mais bem acertadas são as trocas de marchas, muito agradáveis, e a suspensão, bem confortável, principalmente porque tem arquitetura multilink na traseira. Uma evolução e tanto para carros chineses, que ainda não são referência nesse quesito.
GAC GS4 GL: console central é elevado e manopla de câmbio é do tipo joystick
Renato Durães/Autoesporte
O lançamento do GAC GS4 no Brasil deve ocorrer no segundo semestre. Itens como seis airbags, central multimídia de 10,1″ com Apple CarPlay e Android Auto sem fio, controle de cruzeiro adaptativo, câmera de 360 graus e teto solar panorâmico, além de tudo o que foi citado na versão GL vendida no Chile, devem estar presentes no modelo brasileiro.
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Uma opção 2.0 híbrida plena (HEV), desenvolvida com a Toyota, chegará posteriormente. Brigar com rivais já consolidados no mercado será uma tarefa difícil para a GAC, e o principal atributo do GS4 é o espaço. Resta saber o preço para vermos se o SUV também será referência em custo/benefício.
GAC GS4 chegará ao Brasil primeiro em versões a combustão, equipadas com motor 1.5 turbo quatro-cilindros de 16 válvulas a gasolina de 177 cv e 27,5 kgfm
Renato Durães/Autoesporte
GAC GS4 — Prós e contras
Pontos positivos: design moderno e arrojado, bom acabamento interno e ótimo espaço interno
Pontos negativos: desempenho mediano e interior que remete a carros chineses do passado
GAC GS4 GL
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