Caminhonete diesel mantém características de SUV, tem visual “country” e custa R$ 221.290; confira as impressões A Fiat Toro gostaria de ser SUV. Isso fica evidente desde sua concepção, pois a caminhonete foi criada com base na plataforma de um automóvel. A versão Ranch serve para aproximar a Toro das picapes médias tradicionais, como Toyota Hilux e Chevrolet S10 – e antecipamos que ela faz isso (muito) bem. É como se ela tivesse duas personalidades.
A versão Ranch (R$ 221.290) compartilha o topo da gama da Toro com a versão Ultra (R$ 222.490). A Ranch tem pegada “made in roça”, cheia de cromados em toda a carroceria, enquanto a Ultra tenta fisgar o cliente mais urbano cobrando praticamente o mesmo preço (apostando até em uma capota rígida).
Versão Ranch tem estribo cromado que pode sujar a barra da calça nos dias de chuva
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Se o objetivo era aproximar a Toro das picapes médias do agro, o motor não poderia ser outro senão o 2.0 turbodiesel, que desde 2022 é oferecido com tanque de Arla 32 para reduzir emissões. O câmbio automático tem nove marchas e a tração é 4×4, como qualquer picape feita para encarar o campo.
O bom casamento entre o motor e o câmbio é uma das principais características da Toro Ranch. A picape desenvolve 170 cv de potência a 3.750 rpm e 35,7 kgfm de torque a 1.750 rpm, mostrando bom vigor nas acelerações, mesmo com cinco ocupantes e carga na caçamba.
Visual cromado da Fiat Toro é interessante, mas passou um pouco do ponto
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O câmbio automático é competente. A Ranch é ágil nas reduções na cidade e faz intervenções inteligentes em subidas e descidas. Na estrada, o motor é tão silencioso que nem parece diesel.
A Toro não tem o comportamento áspero de outras picapes diesel, pois filtra as vibrações do motor e proporciona um trajeto bem suave. Isso também se deve ao câmbio de nove marchas, que mantém o giro do motor em rotações mais baixas na velocidade de cruzeiro.
A Fiat divulga que a Toro Ranch pode atingir 100 km/h em 12,4 segundos e tem velocidade máxima de 193 km/h. Segundo o Inmetro, o consumo é de 10,4 km/l na cidade e 12,7 km/l na estrada.
Motor 2.0 turbodiesel tem tanque de Arla 32, assim como os caminhões
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Na hora de manobrar, a direção elétrica agrada pela macia muitas vezes ausente nas concorrentes maiores. Mas lembra muito as picapes médias com o péssimo diâmetro de giro de 12,4 m, pior até do que os 11,8 m da Mitsubishi L200, muito mais comprida e larga. Você terá que fazer várias manobras para encaixá-la em uma vaga de shopping.
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A suspensão multilink garante boa estabilidade, mas curvas rápidas não são a praia da Toro por conta da rolagem da carroceria (novamente, ela se assemelha com uma picape média). Ainda assim, a Toro filtra as imperfeições do asfalto como um SUV. Mesmo as crateras mais castigadas têm seus impactos absorvidos pelos amortecedores, que impedem a transmissão do rebote para as mãos do motorista pelo volante.
O pacote de equipamentos de segurança é bom, incorporando seis airbags (além dos frontais, obrigatórios, há bolsas laterais e de cortina), assistente de frenagem de emergência, alerta de mudança de faixa e assistente de partida em rampa.
Dupla personalidade (até certo ponto)
Painel da Fiat Toro Ranch 2023 incorpora o melhor dos SUVs e deixa as picapes médias no chinelo
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Se por fora a Toro tenta mesclar picape e utilitário esportivo, por dentro a Fiat apostou no que há de melhor entre os SUVs. A começar pela enorme tela de 10,1 polegadas, com disposição vertical, como se fosse um tablet. O sistema UConnect é intuitivo e o funcionamento do pareamento de celulares via Apple CarPlay e Android Auto é sem fio.
Detalhe do painel de instrumentos e da central multimídia de 10,1 polegadas
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O ar-condicionado digital tem duas zonas, mas não há saídas extras para os ocupantes do banco traseiro. O acabamento interno prioriza plásticos de boa qualidade, com texturas diferenciadas que ajudam a compor um habitáculo caprichado. Para completar a experiência, a Fiat ainda oferece um painel de instrumentos digital bem completo e personalizável.
Na comparação com SUVs do mesmo preço, a Toro não é generosa no espaço interno – mas levei um casal de amigos no banco traseiro sem apertos (ela com 1,59 m, ele com 1,73 m). Passageiros mais altos sofrem com o aperto dos joelhos, mas o espaço para a cabeça é bom. A picape tem 4,94 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,73 m de altura e 2,99 m de distância entre-eixos.
Passageiros altos vão sofrer no banco traseiro da Toro
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O espaço interno foi sacrificado para que a Toro tivesse uma caçamba espaçosa. Segundo a Fiat, a picape tem 937 litros de capacidade e pode levar 1.010 kg de carga. A abertura do compartimento é lateral.
O lado mais “pop”
Fiat Toro Ranch é mais barata do que as picapes médias de cabine dupla de entrada
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Com o encarecimento das picapes médias de cabine dupla, a Toro Ranch se torna uma alternativa ainda mais interessante. A grana que a Fiat pede pela picape até pode doer no bolso – mas por R$ 221.290, você não encontrará nada igual.
A picape média de cabine dupla mais barata do Brasil é a Ford Ranger XL, que custa R$ 244.890. A Nissan Frontier S 2.3 parte de R$ 246.490, enquanto a Chevrolet S10 LS já parte de R$ 248.650. Essas versões são voltadas ao trabalho, oferecidas com câmbio manual de seis marchas e um pacote de equipamentos muito mais rústico do que a Fiat Toro.
A Toro está longe de entregar a robustez de Ranger, S10 e Frontier, mas atende aquele motorista que mora na cidade e curte passar o fim de semana no interior. Sabendo disso, a Fiat deve manter o seu preço pelo menos R$ 20 mil abaixo das picapes médias de entrada. Enquanto essa estratégia for mantida, a Toro vai continuar quebrando recordes.
Ficha técnica – Fiat Toro Ranch 2023
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