Hatch é acessível, simples, espaçoso e original, e servirá de base para o futuro carro híbrido de entrada da marca no Brasil A Fiat não investe pesado em um hatch compacto na Europa desde 2011, quando a penúltima geração do Panda foi lançada. Finalmente, a marca italiana está pronta para suprir essa lacuna em sua gama com a chegada do Grande Panda. Trata-se do primeiro Fiat produzido sobre a plataforma Smart Car, a mesma do Citroën C3. Com um pé no futuro, será vendido no mercado europeu só em versões híbrida e elétrica.
Vale esclarecer que o Grande Panda não será vendido diretamente no Brasil. Ele dará origem ao projeto F1H, hatch que em 2026 substituirá Mobi e Argo ao mesmo tempo, com motorização híbrida leve ou a combustão. Pode até ter similaridades visuais com o Grande Panda, além da estrutura, mas serão carros diferentes até no nome.
Fiat Grande Panda tem visual retrô; cortesia de François Leboine, mesmo designer do Renault 5
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Nesse caso, “Grande” não tem significado literal. Apenas indica que o carro novo é 34 centímetros mais comprido que o antigo Panda europeu, com seus 3,99 metros contra 3,65 m do antecessor. Foi desenhado no centro de estilo da Fiat em Turim por François Leboine, o mesmo designer do novo Renault R5. Daí surgem as similaridades, como o jeito retrô, a carroceria demarcada por arestas e a pegada de “crossover urbano”.
Os faróis de LED pixelados remontam aos jogos digitais dos anos 1980, como o Tetris. Já as lanternas traseiras são inspiradas nas janelas da fábrica da Fiat em Lingotto. As palavras Fiat e Panda moldadas na própria chapa da carroceria tornam o exterior do carro mais divertido. No Brasil, tais inscrições não serão usadas.
Fiat Grande Panda La Prima 2025
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Por dentro, com bom espaço em altura, pode receber até cinco pessoas. Diferentemente de vários carros da categoria, que esmagam os meniscos dos passageiros traseiros, o Grande Panda tem cabine com disposição bem ampla. Mesmo na versão a combustão, o túnel do piso é baixo e quase não incomoda.
O porta-malas tem generosos 361 litros, superando os 310 l do compartimento do Citroën C3 europeu. Na versão híbrida, o volume deverá chegar a excelentes 412 l. Trata-se do maior porta-malas do segmento B, revelando que seu formato retangular também é facilmente aproveitável.
Lanternas traseiras são inspiradas nas janelas da fábrica da Fiat em Lingotto
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A cabine do Grande Panda é divertida, com muitos detalhes amarelos nas saídas de ar e nas costuras dos bancos. Esses detalhes também são visíveis, por exemplo, na moldura do painel de instrumentos de 10’’ e na central multimídia de 10,2’’ com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Incompreensivelmente, não há indicador de consumo médio: só a autonomia restante é exibida, o que é uma falha e deve ser corrigida em breve. Vale lembrar que nosso teste inicial foi feito com a configuração elétrica do Grande Panda.
Na fileira da frente, reencontramos o seletor de transmissão conhecido de quase todos os modelos da Stellantis nas configurações simples, feito de plástico duro. Apesar do caráter rústico, inspira solidez na construção. Já o porta-luvas — que tem dois andares — “despenca” sem amortecimento, o que é normal no segmento. Há também um reservatório que pode ser revestido com tecido de fibra de bambu, um detalhe engraçado por ser este o alimento predileto do simpático ursinho.
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Versão híbrida chegará depois
Por enquanto, o Grande Panda europeu está disponível apenas na versão elétrica. O modelo híbrido leve virá um pouco depois, com conjunto de 48V similar ao que será implementado em carros médios da Stellantis no Brasil. Na configuração “zero emissão”, o hatch desenvolve 133 cv, alimentado por uma bateria de 44 kWh que proporciona autonomia de 320 km em ciclo WLTP.
Cabine do Grande Panda é divertida, com muitos detalhes em amarelo
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As baterias de LFP (lítio-ferro-fosfato) ocupam todo o assoalho, desde o banco do motorista até o final dos assentos da segunda fileira. Têm a vantagem de ser mais baratas que as baterias NMC (níquel-manganês-cobalto), também de íons de lítio e ainda dominantes entre os elétricos.
Segundo a Stellantis, a química LFP tem custo 30% inferior e densidade energética 20% mais baixa — e, por isso, são necessários mais módulos (e mais peso) para chegar a um alcance acima de 300 km.
Este foi outro trunfo decisivo para que o Grande Panda fosse o primeiro carro elétrico europeu abaixo de 25 mil euros (R$ 150 mil na conversão) com capacidade para transportar cinco ocupantes. Como me contou Olivier François, CEO da Fiat há 14 anos, um fator determinante para o modelo ser rentável é o fato de utilizar um grande número de componentes “emprestados” das prateleiras de outras marcas do grupo, como o Citroën C3.
No momento, essa será a única versão elétrica do Grande Panda — que, ao contrário do C3 europeu, não terá uma derivação com bateria menor. As recargas podem ser feitas em corrente alternada (AC) de até 11 kW (entre 20% e 80% em 2 horas e 50 minutos) e corrente contínua (DC) a até 100 kW. Fato interessante é que o Grande Panda tem um cabo de 4,5 m no plugue de recarga, o que permite estacionar em qualquer ângulo em uma estação, removê-lo do compartimento frontal e levá-lo até o carregador.
Recargas podem ser feitas em corrente alternada (AC) de até 11 kW e corrente contínua (DC) a até 100 kW
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Hora de dirigir
A primeira experiência dinâmica com o Grande Panda elétrico aconteceu em Turim (Itália). Ele não é tão confortável quanto o Citroën C3, pois não tem os batentes hidráulicos nos amortecedores usados no irmão francês. Mas o compromisso entre estabilidade e maciez está lá, o que significa que o Fiat Grande Panda não se inclina muito em curvas, tampouco se mostra “seco” ao passar sobre pisos irregulares.
Modelo da Fiat não se mostra “seco” ao passar sobre pisos irregulares
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A direção tem peso adequado para um veículo urbano, mesmo com uma desmultiplicação relativamente longa (são três voltas de topo a topo). Em curvas fechadas, pode obrigar mais movimentos de braço do que gostaríamos. Melhor ainda é a frenagem, que consegue ser progressiva e atuar desde o início do curso do pedal. Devido ao peso das baterias, isso não acontece em muitos carros elétricos — alguns cinco vezes mais caros.
Na cidade, o Grande Panda elétrico é ágil e dinâmico, como mostra sua aceleração de zero a 50 km/h em 4,2 segundos. Depois, perde vigor e elasticidade, cumprindo o trajeto até 100 km/h em 11 s. A velocidade máxima de modestos 132 km/h deixará o condutor menos à vontade na estrada.
Fiat Grande Panda tem porta-malas com capacidade para 361 litros
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O lado positivo da potência baixa, além da dificuldade de levar multas por excesso de velocidade, é que o Grande Panda não derrapa nas acelerações (desde que a estrada tenha boa aderência). É algo comum em carros com torque muito alto, enviado de forma instantânea às rodas dianteiras.
O modelo não tem modos de condução, que fazem cada vez menos falta na era da eletromobilidade. O motorista pode apertar um botão “C” abaixo das posições P-R-N-D do câmbio para gerar uma variação mínima de resposta do motor. Assim, o Grande Panda terá uma desaceleração regenerativa mais fraca.
Num carro mais potente, até que teria alguma utilidade. Já em um dos elétricos mais populares e menos potentes do mundo, é uma função que está claramente sobrando. Entrei no Grande Panda com a bateria em 95% da carga total, exibindo 278 km de autonomia (um pouco menos do que os 320 km prometidos). Meu consumo foi de 17,5 kWh/100 km, semelhante ao do Citroën e-C3.
Flagra: Fiat Cronos 2026 vai ter frente inspirada no Grande Panda
O Grande Panda marca o retorno triunfal da Fiat ao segmento que a tornou reconhecida na Europa. Diferentemente do urso-panda, o novo carro se revela, de fato, uma espécie em expansão. Resta saber quanto do hatch europeu será incorporado ao modelo inédito que será produzido em Betim (MG) em 2026. Em alguns anos, teremos o sucessor do Uno em nossas ruas. Aguardemos!
Ficha técnica
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