Lançamento da marca chinesa promete 1.000 km de autonomia e tem tela giratória do multimídia -“É japonês ou chinês esse carro aí?”
– “Chinês”, respondo.
-“E aquilo ali no painel é um tablet?”
– “Não. É a central multimídia que gira e pode ficar na vertical”, replico.
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Foi só parar o novíssimo BYD Song Plus no posto de gasolina que a curiosidade de quem passava na hora foi atiçada instantaneamente. E não é para o menos. O carro azul aí das fotos é o SUV híbrido plug-in mais barato do Brasil. Barato aqui é relativo porque este utilitário médio tem preço de R$ 269.990 – pouco mais em conta que os rivais diretos Jeep Compass 4xe e o nacional Caoa Chery Tiggo 8 Pro.
Antes de entrar em detalhes do Song Plus vamos contextualizar a marca oriental que é gigantesca na China, mas que dá seus primeiros passos no Brasil quando o assunto é automóveis. A fabricante atua no país desde 2015 no mercado de ônibus elétricos e resolveu se aventurar no segmento de carros de passeio em 2022. O início foi por cima com os elétricos Tan e Han, modelos luxuosos e de mais de R$ 500 mil. Aí veio o D1, um monovolume elétrico para motoristas de aplicativos, mas com valor perto de R$ 300 mil. Outro passo grande foi assinar um protocolo de intenção em assumir as fábricas da Ford na Bahia e se comprometer, até o final 2023, estar presente em 100 cidades brasileiras.
BYD Song Plus, de cinco lugares, tem 4,70 metros de comprimento, 1,86 m de largura e 1,68 m de altura; porta-malas é de 574 litros
Rafael Munhoz/BYD
Só que a fabricante não para. Já começou a vender carros, digamos, mais em conta. O primeiro é justamente o SUV híbrido plug-in. E não é só isso. A BYD já anunciou a chegada do elétrico Yuan Plus para o ano que vem. E tanto Song quanto Yuan terão o mesmíssimo preço de R$ 270 mil. Será que vale esperar o elétrico ou comprar o híbrido agora mesmo?
Bom, o Song Plus tem características que podem te convencer. A começar pelo design que mistura robustez e linhas, digamos, elegantes. Capô musculoso, grade generosa com uma régua de aço escovado e bonitos faróis full-LED, especialmente à noite, é claro. Na lateral, a linha de cintura é alta, as janelas têm o mesmo aço escovado na moldura e as estilosas rodas de 19 polegadas completam o visual do SUV. Atrás, a largura de 1,86 metro do BYD fica evidente pelas lanternas interligadas por um friso cromado que ainda trazem setas dinâmicas, que piscam de dentro para fora (igual às dos Audi mais novos).
BYD Song Plus vai de 0 a 100 km/h em 8,5 segundos, segundo a marca chinesa
Rafael Munhoz/BYD
Outro ponto de convencimento é a autonomia. A BYD diz que o Song Plus consegue percorrer 1.000 km com um tanque de combustível. Diesel? Não. O SUV médio híbrido mistura um motor 1.5 a gasolina (com 110 cv e 13,2 kgfm) e um elétrico (180 cv e 32,3 kgfm), que move o carro na maior parte do tempo. Juntos, fornecem 235 cv e 40,1 kgfm de torque. Ainda de acordo com a marca chinesa, o 0 a 100 km/h, na teoria, é feito em 8,5 segundos – muito graças ao potente motor elétrico e à entrega do torque de forma instantânea. O câmbio é automático CVT, sem marchas simuladas – não há nem conta-giros no painel de instrumentos. O peso fica na casa dos 1.700 kg.
A unidade elétrica dá bastante agilidade ao SUV de 4,70 m de comprimento em situações do dia a dia, como arranque de um semáforo ou até mesmo uma saída rápida de trás de um carro no trânsito. Nessas situações, o motor 1.5 a gasolina funciona como forma de gerador e auxilia o conjunto elétrico. A BYD fala que o Song Plus consegue rodar até 51 km no modo totalmente elétrico, sem gastar uma gota de combustível. Para recarregar as pequenas baterias de 8,3 kWh e ter novamente os 51 km de autonomia, o BYD vai precisar de duas horas e meia. Isso porque o carro só aceita a corrente máxima de 3,3 kWh.
Por ser híbrido do tipo plug-in, o BYD Song Plus pode ser recarregado em tomadas domésticas ou estações de recarga
Rafael Munhoz/BYD
Na estrada, no entanto, quando o motor a combustão é necessário, as retomadas em velocidade mais elevadas são de forma mais progressiva, sem o punch do torque instantâneo da parte elétrica. Na média, não falta, mas também não sobra força no Song Plus.
No acerto dinâmico, o BYD é muito voltado ao conforto. O volante até tem boa empunhadura, mas a direção é leve e até anestesiada (mesmo no modo Sport). Para quem curte ter um maior controle do que as rodas estão fazendo, talvez não seja a melhor opção. A suspensão também não segura tanto a carroceria, mas filtra buracos e imperfeições de forma bem competente. Em uma rodovia lisa, o Song Plus brilha… Tudo isso ainda brindado por bancos macios de couro e com bom apoio para as pernas (e coxas).
BYD Song Plus tem interior sofisticado com bom acabamento e duas telas: 12,3″ do painel e 12,8″, da central multimídia
Rafael Munhoz/BYD
Aí entra outro trunfo do Song Plus: o espaço. Os 2,76 m de entre-eixos (8 cm maior que o de um Toyota Corolla Cross, por exemplo) garantem conforto aos três ocupantes traseiros – ainda mais com o assoalho plano que não rouba área para os pés. O vão para a cabeça também é bom – o SUV tem 1,68 m de altura. Além disso, o porta-malas engole 574 litros – em termos de comparação, um Audi Q5 tem 520 l.
Por dentro, o Song Plus traz certa sofisticação, com acabamento em dois tons, superfícies macias ao toque, como na parte superior do painel e portas, e alumínio escovado acima dos alto-falantes e ao redor das saídas de ar. A tecnologia também se faz presente, com um painel digital com tela de 12,3 polegadas com ótima resolução e nível de informações.
BYD Song Plus tem 2,76 metros e muito espaço no interior; assoalho plano ajuda no conforto e há saídas de ar traseiras
Rafael Munhoz/BYD
Porém, o grande fetiche do interior é a marca registrada da BYD: o multimídia com visor de 12,8″ que pode girar e assumir uma posição vertical, igual um tablet. Por ali dá para controlar basicamente todas as funções de entretenimento do SUV médio. O tempo das respostas é satisfatório e os grafismos têm um toque “moderninho”. A lista de itens de série ainda inclui teto solar panorâmico, ar-condicionado de duas zonas e carregador de smartphone por indução.
Pelos R$ 270 mil, o Song Plus ainda investe na segurança com seis airbags, câmera 360º, assistente de permanência e de mudança de faixa, piloto automático adaptativo, monitoramento da pressão dos pneus, alerta de tráfego cruzado, sistema anticapotamento, frenagem automática de emergência e alerta de colisão frontal.
-“Vale a pena?”
-“Tem R$ 270 mil e quer um Song Plus? Então vale”, finalizo.
BYD Song Plus
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