Novo SUV elétrico eleva o patamar da Audi, mas chegada do “irmão” mais barato pode atrapalhar sua vida A Audi tem um problema crônico que BMW e Mercedes não enfrentam. A marca alemã está atrelada ao Grupo Volkswagen, que também é proprietário de Porsche e Lamborghini no mercado de luxo. Tudo que as fabricantes fazem tem uma correlação de proposta e desenvolvimento, o que poderia até beneficiar a imagem da Audi em um cenário mais otimista. Porém, é a marca das quatro argolas que invariavelmente sai perdendo, e o Audi Q6 e-tron é um exemplo inteligível.
O novo Audi Q6 e-tron chega às lojas por R$ 529.990 no pacote Performance e R$ 569.990 no Performance Black. Se fosse apenas por sua existência, seria um ótimo negócio, ainda mais considerando que o modelo elevou o patamar da Audi nesse mercado em ascensão. Não à toa, foi eleito o Carro do Ano Superpremium 2025.
Audi Q6 e-tron é o Carro do Ano Superpremium 2025
O problema é que, investindo um pouco menos, dá para adquirir o Porsche Macan elétrico de entrada, por R$ 560 mil. Este não chegou a tempo de participar da mais recente edição da premiação, o que pode ter justificado a vitória do Audi. Porém, por que ter um Audi com tecnologia de Porsche se você pode levar o próprio Porsche?
Audi Q6 e-tron 2024 traz lanternas interligadas com faixa iluminada no centro
Divulgação
O novo Q6 e-tron é só mais uma vítima desse fogo amigo. Outros carros correlacionados são os esportivos RS e-tron GT e Taycan, bem como os SUVs de luxo Q8 e Cayenne. A todo instante, a Porsche inevitavelmente deixa sua irmã “menos premium” exposta. Mas asseguro que o Audi Q6 e-tron é um ótimo carro, embora não tenha a grife do Macan.
+ Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte.
A começar pelo visual, que não reinventou a roda, mas incorporou um apelo futurista e moderno. O Q6 e-tron é indiscutivelmente o SUV com o estilo mais interessante da Audi, por mais que o Q8 e-tron tenha um apelo mais sexy e esportivo. Destaque para os estilosos faróis matriciais com 61 segmentos de LED que possibilitam oito assinaturas visuais distintas.
Initial plugin text
Há um toque de conservadorismo evidente. Mesmo removendo as argolas, o SUV ainda seria facilmente identificável pela grade frontal com formato característico. Desde que o A6 estreou a grade proeminente e os faróis estreitos, em 2004, todos os Audis que vieram depois trouxeram uma atualização dessa fórmula. Já são 20 anos com a mesma identidade.
A traseira do Q6 e-tron também fica na segurança e adota lanternas interligadas como quase toda a indústria. É uma demonstração clara de como o design pode ser interessante mesmo seguindo o que todos estão fazendo. A vantagem dos carros elétricos é a boa capacidade do porta-malas por causa da bateria instalada no chão. Além do compartimento traseiro de 526 litros, o Q6 traz um “frunk” de 64 l debaixo do capô.
Audi lança marca de carros elétricos baratos na China e nome surpreende
Para sustentar esse corpo esbelto o Q6 e-tron tem a plataforma PPE do Porsche Macan, dedicada a carros elétricos. Assim, como RS e-tron e Taycan, são embalagens diferentes para o mesmo conceito. A Audi foca quase totalmente na tecnologia e a Porsche usa e abusa da esportividade e do apelo de marca.
Com o novo Q6 e-tron, enfim a Audi traz um interior no nível de BMW e Mercedes
Divulgação
Esse aspecto fica evidente na cabine. O Q6 tem três telas: painel de instrumentos (11,9’’), central multimídia (14,5’’) e cluster de passageiro dianteiro (10,9’’). Pela primeira vez em anos, a Audi entregou algo próximo do que BMW e Mercedes oferecem. Belíssima evolução!
Fim dos botões físicos? Aqui não
O minimalismo toma conta. A Audi removeu botões físicos para limpar o painel, mas vários deles foram parar na porta do motorista. O controle das luzes e as regulagens de aquecimento dos bancos, por exemplo, foram incorporados a uma pequena interface próxima à maçaneta. Não se trata, porém, daquele minimalismo grosseiro, que consiste em deixar a experiência do condutor menos intuitiva (ouviu, Volvo?).
Botões físicos foram incorporados ao painel da porta do motorista. Isso é minimalismo inteligente!
Divulgação
E anda como um Porsche?
Não, ao menos no Brasil. A Audi optou por importar a versão mais comedida do Q6 e-tron, com um motor elétrico dianteiro assíncrono e outro traseiro síncrono de ímãs permanentes. São 387 cv de potência e 54,5 kgfm de torque combinados. As baterias de 100 kWh proporcionam 441 km de autonomia, segundo o Inmetro.
O Q6 e-tron não é um carro que gruda as costas do motorista no banco. De acordo com a marca, vai de zero a 100 km/h em 5,9 segundos. O que chama a atenção é a velocidade máxima, de 210 km/h, elevada para um elétrico com tanta autonomia. Aproveitei muito na pista.
Audi Q6 e-tron 2024 tem 526 litros de capacidade no porta-malas
Divulgação
O conjunto de baterias espalhado pelo assoalho colabora para o peso de 2.220 kg. E mesmo com tal disposição, a dirigibilidade é típica de um SUV, característica que a Porsche consegue brilhantemente mitigar.
Em curvas rápidas, a carroceria tem a tendência de pender para o lado oposto. Já os bancos esportivos não abraçam as costas do motorista a ponto de conter os bamboleios. Mas, em um contexto urbano, esse arranjo de suspensão faz bastante sentido.
Considerando o dia a dia com o SUV, o Q6 e-tron tem saídas de recarga em ambos os lados. Só quem já precisou estacionar em vaga apertada próxima a um wallbox sabe como isso é uma facilidade. Em estações de corrente contínua (DC) de 270 kW, o modelo pode recuperar entre 20% e 80% de sua autonomia em até 21 minutos, segundo a fabricante.
Audi Q6 e-tron 2024 parte de R$ 529.990
Divulgação
O Audi Q6 e-tron é um SUV médio elétrico condizente com sua proposta. Em comparação com outros carros da marca, traz uma evidente evolução, principalmente pela cabine caprichada. Por baixo de sua casca, repete a fórmula mecânica que a Porsche apresentou recentemente no Macan. O problema é o fogo amigo…
Talvez a versão de entrada, a Performance (R$ 529.990), seja a mais interessante pelo custo-benefício. Se você tem dinheiro para comprar o pacote Performance Black (R$ 569.990), é mais vantajoso partir para o Porsche Macan (R$ 560.000). Afinal, por que colocar uma chave de Audi na mesa do restaurante se você pode dirigir um Porsche?
Pontos positivos: Design, construção da cabine e autonomia elétrica
Ponto negativo: Custa mais que um Porsche Macan tendo a mesma mecânica
Audi Q6 e-tron 2024
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Mais Lidas
Fonte: Read More