Picape chega ao mercado como um dos principais lançamentos deste ano A autonomia da Stellantis para propor projetos ao Brasil a coloca a frente das rivais. Isso nem sou eu quem está falando, mas os números. A curva de alta dos emplacamentos, via Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (fenabravbe), de Jeep, Fiat, Ram, Citroën e Peugeot nos últimos anos é a melhor resposta.
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Neste ano, o grupo automotivo mostrou essa força com a Ram Rampage. Trata-se do primeiro projeto com emblema do carneiro projetado e construído fora da América do Norte. Mais que isso: uma picape “compacta” e feita com estrutura monobloco, diferente da proposta das Ram produzidas atualmente.
A Ram Rampage chegou ao mercado nacional com os níveis de acabamento Rebel, Laramie e R/T. Ao todo são cinco configurações já que Rebel e Laramie têm duas opções de motores, sendo um 2.0 turbo diesel de 170 cv de potência e 38,8 kgfm de torque e outro 2.0 turbo a gasolina de 272 cv e 40,8 kgfm. A R/T usa apenas o último deles.
Ram Rampage Laramie
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Hoje vamos falar de Rampage Laramie diesel, versão mais cara com motorização diesel e que pede R$ 256.990 para sair da loja. Por que ela é tudo aquilo que a Fiat Toro sonhou em ser? Contaremos o motivo e se realmente vale levar uma dessa para casa.
Proximidade com a Fiat Toro
Ram Rampage Laramie
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A Ram Rampage é construída sobre a plataforma Small Wide 4×4, a mesma de Fiat Toro, Jeep Compass, Renegade e Commander. Além disso, usa o mesmo motor 2.0 Multijet turbo diesel. A diferença em relação à picape da Fiat, nesse caso, é que a calibração é a mesma do Commander. Ou seja, 3 kgfm de torque a mais.
Comparando Rampage e Toro em dimensões, temos mais uma semelhança. A caminhonete da Ram mede 5,03 metros de comprimento, 1,89 m de largura, 1,78 m de altura e 2,99 m de entre-eixos. Enquanto a da Fiat tem 4,94 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,74 m de altura e 2,99 m de entre-eixos. Números bem próximos.
Ambas levam cerca de uma tonelada de carga na caçamba ainda (quando equipadas com motor diesel) e usam o mesmo câmbio automático de nove marchas da ZF.
A Fiat Toro 2022 fez ajustes na picape para cumprir novas regras de emissões
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Tudo que a Toro queria ser
Embora sejam semelhantes mecanicamente, a Rampage se mostra um veículo bem diferente. Nem mesmo a tal frase “picape de shopping” caiu sobre ela.
O visual é bem mais imponente, e chama atenção de todos por onde passa. A frente mais alta e espichada que dá os centímetros a mais de comprimento e largura em relação a picape da fabricante italiana, é que o causa a boa impressão.
A grade inspirada nas irmãs maiores dá uma cara mais robusta à Rampage, que não deixa de ter seus luxos (como nos faróis com iluminação de LED). Na lateral, as folhas de porta lembram bastante as do Commander e a picape ainda tem rodas de 18 polegadas com acabamento diamantado e em preto brilhante.
Ram Rampage Laramie
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A traseira também ganhou um bom tapa para fugir das comparações com a Toro. As lanternas são verticais e têm guias de LED, além do desenho simplificado da bandeira dos Estados Unidos. Na tampa da caçamba uma enorme assinatura “RAM”.
Por dentro, as diferenças são ainda maiores. O volante leva a logo do carneiro, embora tenha mesma empunhadura e controles da Toro, e o painel é do tipo cascata e todo revestido em material macio ao toque. Já o console central é mais elevado, tem dois níveis, manopla de câmbio giratória, carregador por indução e apoia braço estreito.
Cluster de instrumentos tem uma tela de 10,3 polegadas e a multimídia tem outra de 12,3 polegadas. Essa última conecta Android Auto e Apple CarPlay sem fio, tem navegador próprio, atalho para configuração dos assistentes de condução e do ar-condicionado.
Os bancos têm acabamento de couro sintético, e um desenho bem interessante. Motorista e passageiro da primeira fileira ainda têm os ajustes de encosto, profundidade e altura elétricos.
Ram Rampage Laramie
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E como anda?
Anda muito bem, obrigado. Não com o mesmo apetite da R/T, mas a Laramie diesel é bem mais equilibrada que as versões a gasolina. O desempenho é suficiente para a proposta e o motor ainda entrega um consumo bem melhor.
Com torque máximo em 1.750 rpm, a Rampage diesel tem toda a força à disposição pisando pouco no pedal. O mais interessante é que a picape prefere acelerações progressivas, o que aumenta o conforto na cabine. Aqui não há modo “Sport” de condução.
Ram Rampage Laramie
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Claro que é possível acelerar mais rápido. As marchas são trocadas rapidamente (e podem até ser passadas manualmente por aletas atrás do volante), mas não é a proposta desse motor a diesel. Para isso, melhor procurar por uma Laramie a gasolina – no entanto, não espere por um consumo igual ao do diesel.
O câmbio automático trabalha bem nos dois casos, sem trancos. A primeira marcha funciona como uma reduzida nesse sistema. Mas nem dá para sentir falta dela no uso diário. Sem contar que a relação curta ajuda e muito no consumo da picape.
Falando nele, é um baita ponto positivo. Com motor turbo diesel, a Rampage roda 9,9 km/l na cidade e 12,4 km/l na estrada, segundo o Inmetro. Comparando com as picapes médias (um pouco maiores e mais potentes), essa motorização garante o melhor consumo combinado de combustível. Na cidade é menos eficiente apenas que a nova Ranger 2.0 e, na estrada, supera todas.
Ram Rampage Laramie
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No geral, a Rampage é bem gostosa de dirigir. A posição do motorista é bem elevada e passa mais segurança. A área envidraçada diminui os pontos cegos (com exceção da visão para traseira, prejudicada com a caçamba alta), as suspensões são mais macias que das picapes médias convencionais equipadas com eixo rígido, e tem menos rolagem de carroceria nas curvas.
Um esquema de tração 4×4 selecionável é o que falta para a Rampage. A picape tem um sistema sob demanda como Renegade, Compass, Commander e Toro. Ou seja, o condutor não consegue selecionar se vai tracionar duas ou quatro rodas, nem mesmo se usará a reduzida. Para a proposta urbana é um equipamento que pode ser relevado, mas fora de estrada fará falta.
Ruído bem mais baixo e espaço
Comparada a Toro e as demais picapes médias (com exceção da nova Ranger), a Rampage tem um isolamento acústico muito bom. Ainda que seja possível ouvir o “tec-tec” do motor a diesel e o barulho do compressor de ar (que trabalhou bastante nos últimos dias), é mais confortável andar com o modelo da Ram do que com o da Fiat.
Ram Rampage Laramie
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Internamente, apenas a herança do espaço interno é que prejudica a novata. Faltam alguns centímetros para adultos acima de 1,80 m irem confortáveis no banco de trás. O espaço para a cabeça é bom, mas para os joelhos é limitado.
Em contrapartida, a fabricante americana oferece quatro portas USB (duas convencionais, duas tipo C) e saídas de ar-condicionado para segunda fileira. Mas o suporte para esses equipamentos é o console central, que invade bem a fileira de trás e não deixa muita área para um passageiro adulto no meio.
Três sacadas
Custo de revisão: as revisões da Rampage acontecem a cada 20.000 km. Até os 60.000 km rodados, o custo é de R$ 4.464, quase metade do que é pedido pelas rivais.
Consumo: como já dito é o melhor da categoria. E mesmo que seu tanque tenha apenas 60 litros contra cerca de 80 das rivais, garante uma boa autonomia.
Conectividade: multimídia é rápida e intuitiva. Além de conectar celulares, deixa uma série de comandos do veículo e de GPS nas mãos do motorista. A picape também tem o Ram Connect, que permite, por meio do celular, que o motorista tenha informações de revisão ou status da picape, além de mantê-la rastreada durante o dia todo e oferecer wi-fi. O primeiro ano de uso é gratuito. Depois disso, os planos partem de R$ 600 por ano.
Três mancadas
Ruído compressor de ar: ar-condicionado ligado deixa o carro mais barulhento. Esse ponto causa mais estranheza do lado de fora do que na cabine. Afinal, dentro do carro o ruído é mais contido, embora chegue a ser maior que do motor a diesel.
Preço: são cerca de R$ 55 mil de diferença para a Toro, que vai entregar mesma capacidade de carga, motor, consumo e plataforma. Claro que a Ram tem muito mais presença e melhor acabamento interno, mas é difícil justificar o valor adicional. Além disso, ter uma Ranger XLS 2.0 custa apenas R$ 3 mil a mais.
Altura caçamba: prejudica e muito a visão durante o dia a dia. A suspensão erguida no eixo traseiro deixa a caçamba muito alta e aumenta o ponto cego. Mal dá para ver carros ou obstáculos atrás.
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