Muito mais rígidas, regras que entram em vigor em 2025 exigem adaptações profundas e vão acelerar a eletrificação dos carros nacionais O Proconve L8, nova fase do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2025 e traz mudanças significativas para a indústria automotiva brasileira, visando a reduzir drasticamente as emissões de poluentes.
Essas normas, baseadas na Resolução 492 de 2018 do Conama que seguem padrões internacionais, impactam diretamente o desenvolvimento de novos veículos, exigindo tecnologias avançadas para atender às metas de sustentabilidade e controle ambiental.
Segundo a resolução, veículos produzidos até 31 de dezembro de 2024 ainda poderão ser comercializados sob os parâmetros das normas antigas até o dia 31 de março deste ano. Depois disso, todos os carros zero-quilômetro terão que estar de acordo com as regras do PL8.
No Brasil, as novas diretrizes devem mexer muito com a indústria e serão responsáveis por aposentar motores que há alguns anos eram referência em eficiência energética. Também está por trás de mudanças como o motor híbrido leve flex de Fiat Pulse e Fastback, e novas soluções aerodinâmicas do Volkswagen Nivus 2025.
Neste texto, detalhamos as principais alterações e o impacto dessas regras para montadoras e consumidores.
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Redução de emissões: o coração do Proconve L8
A principal mudança do Proconve L8 é a redução rigorosa dos limites de emissão de poluentes, que se aproxima das normas europeias. Essa redução se dará em três etapas. A que entrou em vigor agora é a primeira. Outras duas virão em janeiro de 2027 e janeiro de 2029, respectivamente.
Como destaca Fernando de Oliveira Júnior, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Bosch América Latina, “houve uma redução substancial dos limites para emissão de gases orgânicos e óxidos de nitrogênio (Nmog + Nox) em cerca de 37% e monóxido de carbono (CO) em cerca de 40%”.
Desde 2022, quando entrou em vigor o Proconve L7, o Brasil exigia um limite de 80 mg/km de Nmog + Nox para carros de passeio, 140 mg/km para comerciais leves a gasolina ou flex e 320 mg/km para utilitários a diesel.
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Com o PL8, os números caem para 50 mg/km de Nmog + Nox no caso de automóveis. Por enquanto, os limites para comerciais leves e veículos a diesel serão mantidos. Entretanto, há outras mudanças, como a limitação de 50 mg/l de emissão de vapores durante o abastecimento, válida para 100% dos modelos comercializados no Brasil a partir de 2025.
Além disso, o Proconve L8 torna obrigatória a utilização da tecnologia ORVR (Onboard Refueling Vapor Recovery) em todos os veículos novos movidos a gasolina e flex. “Essa tecnologia captura vapores de combustível durante o abastecimento, evitando que eles escapem para a atmosfera, o que é uma inovação significativa para o controle de emissões evaporativas”, explica Oliveira Júnior.
Por tudo isso, o especialista da Bosch explica que essa diminuição exigirá o uso de tecnologias de pré e pós-tratamento de gases de última geração, algo que a legislação anterior não cobria de forma tão rigorosa. E é o que explica outras soluções, como a troca do motor 2.0 Multijet turbodiesel da Stellantis por outro, 2.2 turbodiesel, já aplicado à Ram Rampage e que em breve estará nas Fiat Toro e Titano.
Para modelos a diesel, os índices de fumaça em aceleração também terão de ser reduzidos, para 0,4 decímetros cúbicos a até 2.000 m de altitude. E os níveis de ruído de todos os veículos leves aqui comercializados também terão de cair, para uma margem entre 70 e 74 decibéis em carros de passeio, e entre 71 e 76 dbA nos comerciais.
Motor 2.2 Multijet turbodiesel da Ram Rampage 2025
Divulgação/Stellantis
Novas regras para emissões reais
Um dos avanços mais importantes trazidos pelo Proconve L8 é a introdução dos testes de emissões em condições reais de tráfego, conhecidos como Real Drive Emissions (RDE). “A partir de 2025, as emissões em condições reais não poderão exceder o dobro das medidas feitas em laboratório. E, a partir de 2027, esse limite será de 1,5 vez, o que traz mais rigor à legislação”, esclarece Clayton Barcelos Zabeu, professor de Engenharia Mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia.
Isso significa que mais veículos serão submetidos a testes fora do ambiente controlado de laboratórios, assegurando que as emissões continuem baixas durante o uso real. Zabeu também explica que a exigência de testes RDE será ampliada para incluir mais modelos dentro de uma família de veículos, o que representa um grande desafio para as montadoras, que precisarão ajustar sua produção para cumprir essas normas mais rigorosas.
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Proconve L8 vai acelerar o investimento em Híbridos e elétricos
A adaptação às novas regras do Proconve L8 exigirá investimentos expressivos das montadoras. Fernando de Oliveira Júnior ressalta que “a partir de 2025 até 2032, os limites de emissões serão reduzidos a cada dois anos, o que oferece previsibilidade para os fabricantes e fornecedores. Por outro lado, novas tecnologias de pré, pós-tratamento e eletrificação serão necessários para atender aos requisitos, o que aumenta os custos de desenvolvimento”.
As montadoras terão de ajustar laboratórios, adquirir novos equipamentos de teste e investir em tecnologias avançadas para cumprir os prazos estabelecidos. Segundo Clayton Zabeu, “a progressividade dos limites corporativos até 2031 facilita a adaptação, mas há a necessidade de mudanças nos processos de homologação e ajustes nas infraestruturas de produção.
Por exemplo, o PL8 já prevê que em 2027 o limite de emissões cairá para 40 mg/km de Nmog + Nox nos cassos de passeio, sendo 110 mg/km nos comerciais leves a gasolina ou flex. Em 2029, os números cairão para apenas 30 mg/km e 50 mg/km, respectivamente.
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Cálculo por média da frota, não por unidade
O único ponto no qual o Proconve L8 parece menos restrito do que o antecessor PL7 é que a nova diretriz prevê o cálculo total de emissões de uma marca ou fabricante com base na média de vendas de todos os seus produtos. É o chamado “limite corporativo”.
Ou seja, se um carro emite emissões acima do teto, ele pode continuar à venda desde que a montadora ofereça outro abaixo do limite que compense esse excesso. Antes, todas as versões de qualquer veículo tinham que cumprir o mesmo limite.
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Carros vão ficar mais caros com o Proconve L8?
Com a implementação do Proconve L8, os consumidores devem se preparar para um aumento nos preços dos veículos. Clayton Zabeu, do Instituto Mauá de Tecnologia, explica que “os veículos deverão incorporar tecnologias mais avançadas, como sistemas de pós-tratamento e sensores adicionais, além de exigir novos ensaios e ajustes corporativos, o que impacta diretamente os custos”.
Fernando de Oliveira Júnior, da Bosch, concorda, mas pondera que o impacto no preço pode ser mitigado pelo fator de escala, já que as tecnologias mais avançadas serão aplicadas globalmente. “Embora as tecnologias para redução de emissões sejam mais custosas, a demanda internacional por essas inovações pode atenuar o aumento dos preços”, afirma o especialista da Bosch.
Ele também menciona que o novo modelo de tributação em discussão, o chamado “IPI verde”, poderá influenciar o preço final dos veículos, considerando as externalidades positivas e negativas de cada modelo.
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Tecnologias para redução de poluentes
Para atender às exigências do Proconve L8, as montadoras deverão investir em três grandes grupos de soluções tecnológicas: pré-tratamento, pós-tratamento e eletrificação. O primeiro minimiza a geração de poluentes ainda no processo de combustão, com o uso de tanques de combustível menores, cânister e sistemas de armazenamento e alimentação do combustível mais eficientes.
Já o segundo transforma gases poluentes em inertes, através do uso de catalisadores, EGR (sistema de recirculação de gases) e tanque de arla (no caso de veículos a diesel). Por fim, a eletrificação consiste no uso de conjuntos híbridos leves, como o da Fiat, híbridos plenos, caso da Toyota, ou híbridos plug-in, como os produtos da BYD.
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Neste último caso, as emissões são reduzidas na mesma medida em que o motor a combustão tem seu uso parcialmente substituído por um sistema elétrico. E é por causa do Proconve L8 que o Brasil deve ter quase 60 lançamentos de carros híbridos e elétricos só em 2025.
“A eletrificação será uma das grandes apostas das montadoras, especialmente para atender aos limites corporativos de emissões. Tecnologias híbridas e elétricas, como conjuntos de 48 Volts, ajudarão as marcas a cumprirem as metas com menores emissões de poluentes”, prevê o professor de engenharia Clayton Barcelos Zabeu, do Instituto Mauá.
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Carros e motores que sairão de linha com o Proconve L8
Carros que já saíram ou devem sair de linha por causa do Proconve L8:
Toyota Yaris
Toyota Yaris Sedan
Citroën C4 Cactus
Chevrolet Cruze
Chevrolet Cruze Sedan
Hyundai Creta Action
Hyundai HB20X
Kia Stonic
Renault Stepway
Suzuki Jimny Sierra
Motores que já saíram ou devem sair de linha por causa do Proconve L8:
Audi 1.4 TFSI
Chevrolet 1.4 Ecotec turbo
Fiat 1.0 Fire
Fiat 1.4 Fire
Hyundai 1.6 Kappa
Hyundai 2.0 Smartstream
Peugeot-Citroën 1.6 EC5
Peugeot-Citroën 1.6 THP
Stellantis 2.0 Multijet turbodiesel
Suzuki 1.5 aspirado
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