Mercado brasileiro vive bom momento, mas a taxa de juros em 13,75% pode reduzir a expectativa de crescimento para 2023 Março tem sido um mês intenso para as fabricantes brasileiras. Marcas como Chevrolet, Volkswagen, Fiat, Jeep e Hyundai paralisaram suas produções de forma parcial ou integral, dando férias coletivas aos funcionários e até encerrando turnos.
A paralisação acontece em um momento em que as vendas de automóveis e comerciais leves registram alta de 4,39% no acumulado de 2023 quando comparado ao ano anterior. O número é da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A decisão também vai de encontro com a expectativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que prevê crescimento de 4,1% na produção de automóveis e comerciais leves no Brasil.
Vendas de automóveis e comerciais leves em 2023
Segundo André Braz, mestre em Economia e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getúlio Vargas, a taxa de juros elevada, a busca pelo equilíbrio entre oferta e demanda e até a falta de componentes são os principais motivos para as paralisações em um momento positivo.
Taxa de juros não deve cair tão cedo
Selic em 13,75% vai desestimular a compra de carros novos e causar a queda na demanda
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A taxa básica de juros deve ser mantida em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e não há previsão de uma queda em curto prazo. “A taxa de juros vai encarecer os financiamentos de apartamentos, carros e outros bens duráveis”, afirma Braz. Sendo assim, as fabricantes esperam condições menos favoráveis para o resto do ano, ainda que as vendas estejam em bons patamares na comparação com 2022.
“Ao financiar um automóvel, o cliente pode pagar duas ou três vezes o valor do veículo. Uma taxa de juros elevada desestimula a compra, causando uma queda inevitável na demanda”, explica. “A decisão de paralisar as fábricas foi tomada com base no que vem pela frente.”
Queda nas vendas de bens duráveis, como automóveis, é efeito colateral em tempos de taxa de juros alta
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De acordo com o especialista, a queda nas vendas dos bens duráveis é um efeito colateral em tempos de taxa básica de juros alta. “O governo quer controlar a inflação para preservar o poder de compra dos menos favorecidos, mas o custo disso é crescer menos. A manutenção da Selic é o remédio que temos para hoje, mas precisamos lidar com os efeitos colaterais”, afirma.
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Consultada pela Autoesporte, a Anfavea esclarece que o mercado está reagindo embalado pelas vendas diretas para frotistas e locadoras. O varejo sofre com a alta dos juros e a dificuldade de crédito, mas a entidade diz que esse comportamento já era esperado no início do ano.
Equilíbrio entre oferta e demanda
Marcas querem evitar grandes estoques nos pátios das fábricas e concessionárias
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Braz ressalta ainda que as paralisações nas fábricas são temporárias para equilibrar a oferta e a demanda do mercado. “Se a fabricante produzir mais do que vender, estará colaborando para uma redução mais rápida dos preços dos carros”, diz.
Segundo o especialista, os carros ficarem mais baratos seria uma vantagem para o consumidor, mas ruim para a indústria que ainda lida com custos elevados e incapacidades produtivas. “A intenção é prevenir um problema futuro, e não piorar a situação”, afirma.
Falta de componentes continua
Ainda faltam semicondutores na indústria brasileira. Anfavea antecipou o problema em janeiro
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Outro motivo que levou à paralisação de fábricas pelo Brasil em 2023 é a falta de insumos. A escassez começou em meados de 2020 e se prolongou pelos anos seguintes. “Existem gargalos produtivos que se estendem desde o início da pandemia. A oferta de semicondutores ainda não chegou ao seu ponto ideal”, diz Braz.
A Anfavea já havia antecipado que a crise dos semicondutores continuaria afetando a indústria brasileira em 2023. A previsão de vendas divulgada em janeiro considerou a possibilidade de algumas paralisações.
É o caso da Volkswagen, que divulgou que a paralisação da fábrica de Taubaté (SP) aconteceu pela instabilidade no fornecimento de componentes. As outras unidades continuam operando normalmente.
Além da marca alemã, as fábricas da Hyundai em Piracicaba (SP), da Stellantis em Goiana (PE) e da GM em São José dos Campos (SP) também suspenderam suas operações, total ou parcialmente.
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