Mesmo com inúmeros problemas, país segue como um dos principais atores globais do setor; entenda os motivos na análise A Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou, recentemente, dados que enfatizam a alta na produção em 2024. Além disso, a entidade destacou que o Brasil recuperou a oitava posição no ranking global de países fabricantes, retomando a posição da Espanha.
Eu sempre costumo dizer que não se pode falar de mercado automobilístico global sem citar o Brasil. Estamos entre os 10 maiores mercados há muito tempo. Abaixo, confira o ranking referente ao desempenho do nosso país em âmbito global tanto no quesito produção quanto nos emplacamentos.
Brasil no Ranking de Produção e Licenciamentos
Embora a população média brasileira seja menos abastada em relação aos nossos “vizinhos” europeus e norte-americanos, temos mais de 200 milhões de habitantes e um mercado consumidor vigoroso, que sempre foi motivo de atração de fabricantes globais que têm foco na expansão de suas operações. Estamos, inclusive, passando exatamente neste momento por processo similar com as montadoras chinesas.
Produção de veículos cresce quase 10% no Brasil em 2024
O Brasil tem uma indústria automotiva robusta, iniciada com Ford, em 1919, e General Motors em 1925 como montadoras. Na década de 1940 o setor começou a crescer, com a Fábrica Nacional de Motores em 1942 e Ford e General Motors passando a fabricar caminhões quando a II Guerra Mundial terminou. Nos anos 1950 tivemos a chegada de Willys-Overland, Volkswagen, Mercedes-Benz, Toyota, Scania e Simca. A Fiat, por sua vez, demorou um pouco mais (1976).
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Linha de produção da Toyota na fábrica de Sorocaba (SP)
Divulgação
Ao longo dos anos outras marcas deram as caras por aqui; como a Chrysler, em 1967. A japonesa Honda e sueca Volvo surgiram na década seguinte, em 1971 e 1977, respectivamente. Em 1991 foi fundada a HPE Motores para representar as marcas Mitsubishi e Suzuki. No ano seguinte chegaram ao país Peugeot e Citroën. Em 1998 veio a Renault e, em 2000, a Nissan. Tivemos ainda Hyundai (2012), BMW (2014), Land Rover (2016) e outras iniciativas durante todo esse tempo.
Além disso, houve joint ventures e fusões em nível mundial que tiveram reflexos por aqui, como a união entre Fiat e General Motors em 2000 e, posteriormente, em 2013, Fiat e Chrysler (Fiat Chrysler Automobiles, FCA). Já em 2021 vimos nascer a Stellantis, fusão mundial do grupo PSA (formado por Peugeot e Citroën) com a FCA. Hoje, a união é composta por um conglomerado de 15 marcas.
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Brasil tem capacidade produtiva invejável
Dito isso, no Brasil são produzidos todos os tipos de veículos, passando por carros de entrada, veículos médios, motos, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas. O país, vale frisar, é umas das referências globais em transporte público e de carga.
Nossa capacidade produtiva é invejável. Nas Américas estamos atrás apenas dos Estados Unidos e do México. Para completar, somos líderes absolutos na América do Sul e servimos de hub, atendendo outros países da região.
O governo brasileiro, historicamente, incentivou o desenvolvimento da indústria automotiva por meio de políticas de redução de impostos, financiamentos acessíveis, incentivos à produção nacional e programas como o Inovar-Auto (sucedido pelo Rota 2030 e agora pelo Mover), com ênfase no fortalecimento da cadeia de produção local, redução de emissões e inovação tecnológica.
Citroën Basalt na linha de produção da fábrica de Porto Real (RJ)
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Importante frisar que, ao contrário do que muitos pensam, o incentivo governamental não é uma característica única do Brasil. Vários países tiveram seu parque fabril desenvolvido por intermédio do poder público.
Apenas faço a ressalva de que há incentivos, como a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que estão no final da cadeia produtiva, destinados ao consumo. Estes não deixaram qualquer legado para a indústria automotiva mesmo tendo sua importância em determinados momentos.
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Interessante também reforçar que não apenas a fabricação de veículos é representativa. A cadeia produtiva como um todo está consolidada e conta com fornecedores fortes e diversificados, com empresas nacionais e multinacionais responsáveis por diversos elementos para veículos novos e para o mercado de reposição – o que garante produção local eficiente e redução de custos relacionados ao processo de importação.
A frota circulante brasileira é relativamente grande e envelhecida e ajuda neste cenário. Segundo números de 2024 do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes Para Veículos Automotores (Sindipeças), mais de 60 milhões de unidades rodam pelas vias do país.
No entanto, nem tudo parece simples, e o país ainda convive com baixo investimento na área de tecnologia, altos custos de produção, muita burocracia, infraestrutura limitada, entre outros. Mesmo assim, o Brasil continua sendo um ator representativo na indústria automotiva global.
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