Ter e dirigir um veículo movido à eletricidade vai exigir mais atenção e planejamento para evitar a angústia de não chegar Vivi na pele o medo de ficar sem bateria no meio do caminho. Ou range anxiety, nome que os gringos rapidamente cunharam para a insegurança passada pelos carros elétricos.
No meu caso, estava mesmo mais para medo do que para receio, pois o risco era ficar em um trecho de mão única, sem acostamento. Sinal ruim de celular, mata dos dois lados. E não adiantava pedir carona para voltar com um galãozinho de combustível.
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Antes do drama, preciso dizer que já vivi essa situação ao menos duas vezes em estradas — e com carros a gasolina. Com vontade de chegar logo, sem querer parar em um momento em que a viagem parecia estar rendendo, ignorei alertas de “último posto dos próximos 40 km”, ou alguma distância próxima disso. Parece ironia, mas dali a poucos quilômetros rodados o marcador de combustível resolveu acelerar a descida.
Sempre acabou dando certo, mas a sensação do risco de ficar no acostamento numa tarde de sol forte, dependendo de uma carona, é muito ruim.
Assim como foi ruim a velocidade do iCar subitamente ficar limitada a 30 km/h. A autonomia mostrada no painel era de 70 km, quase 20 vezes o suficiente para chegar ao destino. Mas o percurso final, com pouco mais de 4 km, era uma ladeira contínua.
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Renato Durães
No primeiro trecho, a resposta do carrinho desanimou. Parei, liguei para os engenheiros da Caoa e a resposta foi segura: “pode encarar o trecho final; com essa autonomia, ele vai chegar”.
Liguei o carro e parti. A velocidade máxima nesse trecho da Serra da Cantareira oscila entre 30 km/h e 40 km/h. Claro que ninguém respeita, assim foi se formando uma fila de motoristas atrás de mim — alguns deles irados.
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Renato Durães
Mesmo a 30 km/h, porém, o iCar seguia firme. No entanto, quase no final da ladeira mais íngreme, soou um sinal e surgiu o ícone da bateria avisando que era hora da recarga.
Pronto, pensei, vou morrer na praia. Mas o carrinho se manteve firme por mais algumas centenas de metros e venceu a rampa mais desafiadora. E teve ânimo para chegar aos 50 km/h nos trechos mais planos. Voltou aos 30 km/h nas duas últimas ladeiras, mais curtas, mas aí já havia reconquistado minha confiança. Chegou ao destino como um maratonista esgotado, mas inteiro.
Após a recarga, seu desempenho na manhã seguinte, mesmo nas ladeiras mais íngremes, estava plenamente restabelecido.
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Renato Durães
Nada de novo. Se há ansiedade quanto a ficar sem gasolina ou etanol na estrada, o problema só é maior (bem maior) com os elétricos porque não dá para trazer carga num galão. Mas mesmo em um automóvel convencional não se deve deixar o combustível chegar a um nível muito baixo.
Além da pane seca, há sempre o risco de entupimento dos dutos ou mesmo de queima da bomba. A lição vem de longe: não deixe a carga ficar muito baixa.
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