Dos menos de 700 Volkswagen Typ 14A Hebmüller Cabriolet produzidos nos anos 1940 e 1950, só 100 sobreviveram; um deles está no Brasil À parte a carroceria conversível de dois lugares, que por si já é sui generis, é impossível dissociar o Volkswagen Typ 14A, também conhecido como Hebmüller Cabriolet, de um Fusca comum quando visto de frente. Um modelo com traços mais antigos, da primeira fase do projeto, quando ainda era produzido na Alemanha nazista dos anos 1930 e 1940.
Contudo, quando rodeamos o exemplar do Volkswagen Typ 14A exibido no Carde Museu, em Campos do Jordão (SP), veio a surpresa: “Ué, esse Fusca tem duas frentes”. Parece que tem duas frentes e é quase isso mesmo. O Hebmüller Cabriolet exposto ali, talvez a única unidade do modelo existente no Brasil, está em estado impecável de conservação e indica uma das múltiplas camadas envolvendo o Fusca, carro mais popular do mundo por longas décadas.
Volkswagen Typ 14A Hebmüller Cabriolet está exposto no museu Carde, em Campos do Jordão (SP)
Leonardo Felix/Autoesporte
Como surgiu o Volkswagen Typ 14A Hebmüller Cabriolet
O surgimento do Volkswagen Typ 14A é um dos sintomas de uma Alemanha em frangalhos após a derrota para os Aliados na 2ª Guerra Mundial. Com uma sociedade destroçada e uma economia limitada por severos embargos, o país tentava juntar os cacos para reconstruir suas atividades econômicas e sociais
Painel do Volkswagen Typ 14A Hebmüller Cabriolet
Leonardo Felix/Autoesporte
A Hebmüller era uma fabricante de carrocerias fundada no fim do século 19 na cidade alemã de Wuppertal. Sua fábrica era uma das que, apesar dos bombardeios da guerra, ainda conseguiam voltar às atividades. A Volkswagen sabia disso e decidiu aproveitar o espaço para produzir uma das diversas variantes do Fusca que pretendia tirar do papel.
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Lembremos: a situação econômica do país e da própria VW eram muito delicadas na época. Por isso, executivos da companhia queriam aproveitar ao máximo a plataforma 1100 do Typ 1 – como o Fusca era conhecido à época na Alemanha –, para criar o maior número possível de variantes do mesmo modelo.
Esquete do Volkswagen Typ 14A
Reprodução
Foi assim que, após meses de estudos, negociações e testes, a Hebmüller ficou incumbida de produzir o Typ 14A, que seria um cabriolet de dois lugares. Já outra empresa de carrocerias parceira da VW, a Karmann – muito conhecida dos brasileiros por conta do Karmann-Ghia –, construiria uma configuração de quatro lugares, igualmente conversível, chamada Typ 15.
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A base do projeto Typ 14A era um protótipo conhecido como Radclyffe Roadster, construído sob medida para um coronel do exército alemão em 1946. Apesar da produção ser da Hebmüller, o Typ 14A era chancelado pela Volkswagen – tendo sido aprovado em testes pelos engenheiros da fabricante – e vendido em lojas da marca.
Linha de produção do Volkswagen Typ 14A na fábrica da Hebmüller, na Alemanha
Reprodução
A produção começou em junho de 1949, aproveitando a mesma mecânica do Fusca convencional, incluindo freios, suspensão e motor boxer traseiro de quatro cilindros a gasolina com 26 cv de potência. Uma curiosidade é que a capota, quando rebatida, fica escamoteada dentro da carroceria, o que dá mais elegância ao visual do modelo.
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O capô traseiro tinha como base o molde do capô dianteiro, assim como os para-lamas traseiros em relação aos dianteiros. Isso ajudava a economizar custos e otimizas a produção, e é o que dá ao Hebmüller Cabriolet o aspecto de “Fusca de duas frentes”. Entretanto, apesar de parecidas, as peças não são iguais.
Folheto publicitário do Volkswagen Typ 14A Hebmüller Cabriolet
Reprodução
Todos os planos foram abalados por um incêndio que destruiu boa parte da fábrica da Hebmüller apenas um mês após o início da produção em série. Como a empresa já se encontrava em dificuldades financeiras, o imóvel não tinha seguro e o prejuízo foi alto. Isso afetou ainda mais a já frágil saúde financeira da companhia e, por consequência, a produção do Typ 14A.
Incêndio que afetou a fábrica da Hebmüller e a produção do Volkswagen Typ 14A
Reprodução
Por isso, embora a fabricação tenha continuado até 1952, apenas 696 unidades foram finalizadas, tornando-o uma variante raríssima do Fusca. Atualmente, estima-se que haja cerca de 100 Hebmüller Cabriolet ainda existentes e conservados, sendo um deles a unidade exposta no Carde.
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Por isso mesmo, qualquer exemplar do “Fusca conversível de duas frentes”, quando colocado à venda, acaba sendo negociado por não menos do que US$ 200 mil, o equivalente a cerca de R$ 1,2 milhão na conversão atual do dólar para o real.
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