Donos de lojas exigem pagamento por veículos não entregues e indenização por perdas crescentes após vendas despencarem A crise financeira que afeta a Neta na China ganhou mais um capítulo nos últimos dias e parece ainda estar longe de qualquer solução. Depois de colapsar nas vendas locais e acumular dívidas com fornecedores, a empresa agora enfrenta protestos por parte de seus próprios revendedores. De acordo com reportagem do site CarNewsChina, donos de lojas estão insatisfeitos com o agravamento da situação e exigem providências imediatas.
No episódio mais recente, representantes da rede de concessionárias se reuniram em grupos e foram para a porta da fábrica da Neta em Tongxiang, na província de Zhejiang, reivindicar uma solução. O protesto reuniu cerca de 20 representantes da rede nacional de lojas, que conta com aproximadamente 300 revendas. Todos argumentam que mantiveram sua operações normalmente mesmo diante da crise, fazendo o possível para evitar publicidade negativa. E mais: dizem que a Neta não cumpriu com suas promessas.
“Acreditávamos que a fabricante honraria seus compromissos, mas, desde setembro passado, a empresa nunca abordou diretamente nossas preocupações”, alega um dos representantes. “Só ouvimos rumores sobre financiamentos futuros, retomada da produção e conferências com revendedores. Enquanto esperávamos e continuávamos investindo, só nos afundamos ainda mais em dívidas”, completou.
Representantes da rede de concessionárias da Neta em protesto na porta da fábrica
Reprodução
Os lojistas afirmam ainda que pagaram centenas de milhões de yuans adiantados por veículos que nunca foram entregues. Algumas concessionárias contraíram empréstimos para comprar estoque e agora enfrentam ações judiciais de bancos e clientes.
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Neta X é rival do BYD Yuan Plus
Renato Durães/Autoesporte
Diante da situação, os revendedores pedem compensação por perdas operacionais de setembro de 2024 até agora, bem como o pagamento adiantado de custos operacionais de maio a até o próximo mês de julho. Além disso, reivindicam o reembolso imediato até 11 de maio de todos os descontos e subsídios pendentes para veículos pré-pagos, mas não entregues. Outra queixa é a restauração dos serviços pós-venda para atender aos 400 mil clientes já existentes.
Origem da crise da Neta
A Neta entrou em crise na China no final de 2024 e precisou reduzir drasticamente sua produção após forte queda nas vendas. Desde então, contraiu dívidas da ordem de US$ 1,4 bilhão (quase R$ 8 bilhões) e negocia com fundos estrangeiros a aprovação de um financiamento emergencial.
Em termos comerciais, as vendas no mercado chinês entraram em colapso, despencando impressionantes 98% em janeiro de 2025 na comparação com igual período do ano anterior. Em fevereiro não foi diferente, com cerca de 400 unidades comercializadas. Na prática, um número bem aquém das 18 mil unidades mensais que a Neta chegou a emplacar em seu melhor momento (meados de 2022).
Neta X tem painel com multimídia de 15,6 polegadas integrada com Apple CarPlay e Android Auto
Renato Durães/Autoesporte
Como está a Neta no Brasil
A Neta chegou oficialmente ao Brasil em agosto de 2024 com foco na comercialização de veículos elétricos. Logo de cara, foi confirmada a oferta dos modelos Aya e Neta X, vendidos atualmente a partir de R$ 133.900 e R$ 209.900, respectivamente. Segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), apenas 27 unidades dos dois carros foram emplacadas por aqui em janeiro e fevereiro deste ano.
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Consultada recentemente por Autoesporte, a operação brasileira da Neta afirmou que, apesar da crise na China, “os planos para o mercado brasileiro seguem inalterados”. Por aqui, a marca pretende montar os modelos Aya e X em regime CKD, ou seja, com kits vindos desmontados da China. Hoje, os dois chegam importados do país asiático. “O plano é que a fábrica a ser instalada no Brasil atenda o mercado local e outros países do Mercosul”, enfatiza a companhia.
Neta Aya é concorrente direto do BYD Dolphin
Divulgação/Neta
Confira abaixo, na íntegra, a resposta da Neta
“A operação no Brasil é uma das estratégias mais importantes para a Neta Auto no mundo. Com base no sucesso das operações da Neta Auto nos mercados fora da China, os planos para o mercado brasileiro seguem inalterados. O Brasil tem uma base muito forte na indústria automobilística e uma cadeia de suprimentos completa com alto controle de qualidade: mais de 90% do volume de vendas é produzido localmente.
A NETA se atenta a esse cenário e vai investir na localização de seus produtos. O objetivo é fornecer produtos de qualidade e alta tecnologia por um preço competitivo para os consumidores. O plano é que a fábrica a ser instalada no Brasil atenda o mercado local e outros países do Mercosul.
A Neta tem três fábricas fora da China: Tailândia, Indonésia e Malásia. Com a experiência dessas três operações e considerando tempo necessário de construção de uma fábrica totalmente nova, a produção no Brasil da Neta Auto seguirá um projeto CKD. Inicialmente, a operação contará com processos de soldagem, pintura e montagem, compartilhando a capacidade (ociosa) com as montadoras locais já instaladas no Brasil”.
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