Brasil é o segundo maior produtor do mundo do biocombustível Paisagem muito característica ao rodar por grande parte do Nordeste e por rodovias em São Paulo, Goiás e Minas Gerais, a cana-de-açúcar tem o Brasil como maior produtor no mundo. O país é também o segundo maior produtor de etanol, combustível com baixa emissão de CO2. Junto com os Estados Unidos, garantem cerca de 90% do etanol produzido globalmente. Diferentemente do Brasil, porém, os norte-americanos produzem a partir do milho.
A novidade é que, com as lavouras de cana-de-açúcar e a produção recorde de etanol, o Brasil pode ficar em evidência no cenário mundial da sustentabilidade ao viabilizar menores emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. O uso é muito estratégico: eficiente no resultado, viável e sustentável para o ambiente. Afinal, é possível obter etanol de diferentes matérias-primas, entre elas até cevada e trigo.
Usar o etanol como biocombustível tem impacto direto e imediato na redução da emissão de gases de efeito estufa. A simples comparação com a gasolina revela que o percentual de redução pode superar 60%. O melhor é que a indústria automobilística busca saídas para oferecer mobilidade sustentável e neutra em carbono. Por isso o Brasil pode ser fortalecido pela pesquisa de tecnologias baseadas em biocombustíveis para aplicação em motores híbridos.
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Segundo estudo do World Wildlife Fund (WWF), até 2030 os biocombustíveis podem suprir 72% da demanda brasileira só com a otimização de pastagens hoje degradadas, sem competir com a terra necessária para produção de alimentos. E há várias pesquisas para garantir que essa abordagem permaneça sustentável, pois só 1,2% do território brasileiro é usado para o cultivo de cana-de-açúcar e 0,8% para produção de etanol da cana e do milho.
A célula de combustível logo é a relacionada com hidrogênio. Mas desde 2015 a Nissan estuda a opção de carro elétrico com tecnologia SOFC, ou Solid Oxide Fuel Cell (Célula de Combustível de Óxido Sólido).
Com ela, um veículo teria motor elétrico e célula de combustível como os carros a hidrogênio. A diferença está no uso do etanol para gerar hidrogênio, unindo o desempenho de um carro elétrico à praticidade de um a combustão. Viu como o Brasil pode ser destaque mundial em Carbono Zero?
Exemplo: o motorista abastece com etanol, que passa pelo reformador, onde sofre reação química que separa o hidrogênio e pequena parte de CO2. Então o hidrogênio vai para o módulo SOFC para gerar energia para o motor elétrico, enquanto um pouco de CO2 e vapor d’água saem pelo escapamento. Como um tanque de etanol é menor e leva mais que um de hidrogênio, o carro terá autonomia acima de um FCEV (veículo de célula de combustível puro). Apesar de parecer simples na teoria, o projeto continua em estudos na Nissan, que planeja finalizá-los até 2025 e decidir pela produção. Ou, então, optar por estender a pesquisa para melhorar o sistema e deixá-lo mais acessível.
A Volkswagen também pesquisa o uso do etanol para propulsão elétrica ou híbrida. Em parceria com a Universidade Estadual de Campinas, desde 2021 estuda o reformador de etanol e a célula de combustível a etanol.
Se as montadoras puderem desenvolver esse potencial do etanol com recursos locais, será a chance de o Brasil virar vitrine de evolução e exportação de soluções tecnológicas a mercados emergentes com uso da energia limpa dos biocombustíveis como opção às motorizações elétrica, híbrida e a combustão.
Tarcisio Dias é engenheiro, mecânico e radialista e mantém o portal Mecânica Online. É jurado no Engine of the Year e Motor do Ano de Autoesporte
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