(FOLHAPRESS) – Primeiro discurso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente neste domingo (30), fortaleceu a perspectiva de um governo de coalizão, com um futuro mais estável para o Brasil. Essa foi a leitura dos economistas Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real.
Historicamente, os dois são economistas liberais associados ao PSDB, mas que abriram o voto em favor de Lula no segundo turno das eleições. Ao final da contagem dos votos, ambos utilizaram a palavra “alívio” para definir como receberam o resultado do pleito.
“Alívio, alívio, alívio; esperança, esperança, esperança Foi um belo discurso”, disse Bacha. “Tudo no discurso foi muito bom, mas especialmente o início, em que ele diz que não foi uma vitória do PT, mas da aliança democrática. A menção direta a Simone [Tebet] aponta para o futuro.”
Tebet, do MDB, foi a terceira candidata mais votada no primeiro turno e contou com apoio de Bacha em sua campanha. A candidata apoiou Lula no segundo turno e existe a expectativa de que integre o novo governo.
Textualmente, Lula disse em seu discurso que “esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nessa campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático que se formou, acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias, para que a democracia saísse vencedora.”
Bacha foi um dos integrantes informais dessa coalizão. Ao abrir o voto em Lula no segundo turno se declarando preocupado com o destino da democracia em caso de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), cuja postura de confronto, especialmente com o STF (Supremo Tribunal Federal), é vista como um risco à democracia.
Arminio Fraga teve a mesma percepção. “A vitória [de Lula] foi um grande alívio, e o discurso foi inspirador, completo, de imenso alívio, e que espelha uma atitude construtiva de união com busca de convergência”, afirmou Arminio. “Eu diria que ele se superou.”
O discurso de Lula destacou em particular a importância da democracia, fator que Fraga também considerou crucial quando optou em abrir o voto em favor do petista.
“É assim que eu entendo a democracia. Não apenas como uma palavra bonita inscrita na Lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele, e que podemos construir no dia-dia”, afirmou o eleito. “E é essa democracia que nós vamos buscar construir a cada dia do nosso governo. Com crescimento econômico repartido entre toda a população, porque é assim que a economia deve funcionar -como instrumento para melhorar a vida de todos, e não para perpetuar desigualdades.”
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