Há 50 anos, o único carro de Fórmula 1 projetado e construído no Brasil fazia sua estreia no GP da Argentina Há 50 anos, em 12 de janeiro de 1975, o único carro de Fórmula 1 projetado e construído no Brasil fazia sua estreia no GP da Argentina. A Copersucar-Fittipaldi disputou oito temporadas e 104 GPs na categoria, obtendo três pódios e somando, ao todo, 44 pontos nos campeonatos de construtores. O grande destaque dessa jornada foi o histórico segundo lugar de Emerson Fittipaldi no GP do Brasil em 1978.
Mas teve fim melancólico: foi o sonho e o pesadelo do piloto Wilson Fittipaldi Jr. O sonho começou a ser arquitetado em 1973 entre Wilsinho e o projetista Ricardo Divila, engenheiro aeronáutico formado pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI).
Copersucar-Fittipaldi disputou oito temporadas
Ilustração: Demetrios Cardozo
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A premissa para o F1 brasileiro era de que o carro deveria ser montado com componentes nacionais (à exceção de motor, câmbio, freios e pneus). Divila era diretor técnico da Fittipaldi Veículos e Equipamentos, negócio comandado pelos irmãos Wilson e Emerson, e responsável pela construção de carros de competição, como o Fitti-Porsche e o Fusca Bimotor, entre outros.
A diferença entre os bólidos para competições domésticas e um Fórmula 1, no entanto, era gigantesca, mesmo naqueles tempos em que se fumava dentro dos boxes, chefes de equipe trabalhavam sem camisa e as barreiras entre o público e a pista eram facilmente transponíveis. Era, ainda, uma categoria infinitamente mais cara.
Wilsinho Fittipaldi morreu em 23 de fevereiro de 2024
Divulgação
O patrocínio da Copersucar, a Cooperativa de Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo, era o equivalente ao orçamento de uma equipe independente na F1: cerca de US$ 6 milhões atuais (US$ 950 mil na época) por temporada. Hoje, uma equipe de ponta gasta US$ 135 milhões.
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O Brasil vivia a falsa euforia do “milagre econômico”, campanha nacionalista do governo militar; a Seleção tinha conquistado o tricampeonato mundial e Emerson, então na McLaren, encaminhava-se para conquistar seu segundo título na F1. O ambiente, portanto, era propício, mas o patrocinador queria retorno (leia-se vitórias), o que não veio na rapidez esperada. A melhor colocação da Fittipaldi em sua primeira temporada foi o décimo lugar no GP dos Estados Unidos.
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No fim de 1975, em resposta à pressão do patrocinador, Emerson abre mão da McLaren para ser piloto da equipe de seu irmão. A melhor temporada da Copersucar foi a de 1978, ano em que terminou em sétimo no Mundial de Construtores, à frente de McLaren, Williams e Renault. Já 1979, ao contrário, foi catastrófico: o carro criado por Ralphy Bellamy, o projetista da Lotus, campeã na temporada anterior, tinha sérios problemas estruturais e somou só um ponto na temporada.
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Foi o fim do patrocínio da Copersucar e a entrada da Skol, que bancou apenas a temporada de 1980 e se retirou quando as críticas da imprensa ao projeto subiram de tom. Sem dinheiro e sem apoio, a Escuderia Fittipaldi resistiu até 1982 com patrocínios esporádicos e fechou as portas.
Em depoimento a um documentário, Wilson chorou ao lembrar que um radialista chamou o carro de Geni, menção à música de Chico Buarque “Geni e o Zepelim”. Nelson Rodrigues chamaria esse comportamento de “síndrome de vira-latas”. Wilsinho morreu em 23 de fevereiro do ano passado.
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