Geógrafo Sérgio Rondelli já percorreu quase 120 mil km em expedições; uma delas, de 8 mil km pelo litoral do país, foi feita a pé Já imaginou percorrer o equivalente ao diâmetro da Terra oito vezes e, ainda por cima, de Toyota Hilux? Foi o que o geógrafo Sérgio Rondelli fez, mesmo sem dirigir. Foram mais de 100 mil quilômetros percorridos por todos os estados do país a bordo de uma Hilux 4×4 1998. Antes disso, o brasileiro tinha feito outra expedição, desta vez a pé, percorrendo os quase 8 mil km de litoral do país.
Foram quase cinco anos de jornada, divididos em três grandes expedições, nas quais o geógrafo pretendia estudar a relação do brasileiro com o ecossistema em que vivia. Mais do que isso, cada quilômetro virou uma descoberta sobre o país e sobre si próprio.
Mas se você pensa que Rondelli embarcou nessa loucura do dia para a noite, você está enganado. O carioca, hoje com 67 anos, é um explorador nato. Aos 22, encarou o famoso “Trem da Morte” no Peru, conheceu Machu Picchu e foi para a Festa do Sol, no antigo Império Inca – tudo isso a pé e com apenas 500 dólares no bolso.
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Sérgio fazia anotações e desenhos explicativos que ilustram suas viagens
Acervo pessoal
Não satisfeito, peregrinou mais oito meses por toda a costa sul-americana: subiu a Cordilheira dos Andes, foi até o Oceano Pacífico e desceu as nascentes do rio Amazonas. Entre desenhos, anotações e diários de viagem, fundou em 1995 um projeto chamado Brasil Passo a Passo, junto com um sócio chamado Canário Caliari.
Do Chuí ao Oiapoque, literalmente
No ano seguinte, o projeto deu seu primeiro grande passo quando a dupla decidiu caminhar a pé por todo o litoral brasileiro. Essa primeira expedição durou pouco mais de um ano, com 8 mil quilômetros percorridos.
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Se a expressão “Do Oiapoque ao Chuí” é usada como exagero, aqui nos referimos no sentido literal. Do Amapá ao Rio Grande do Sul, em 440 dias, Sérgio e Canário foram os únicos viajantes a caminhar pela costa do país de ponta a ponta.
Sérgio Rondelli expedição pelo litoral do Brasil
Acervo pessoal
Uma picape média, duas grandes jornadas
Mas não parou por aí! Entre 1998 e 2000, o número de pessoas envolvidas no projeto cresceu e a quilometragem viajada também. Dessa vez, foram 100 mil quilômetros percorridos em 500 dias e a dupla virou trio, pois passou a fazer parte o cinegrafista Alex Krusemark.
Com a repercussão da primeira expedição, o grupo conseguiu, com a ajuda de patrocínios, uma ilustre companheira: uma Toyota Hilux 1998 Cabine Dupla, com motor 2.8 quatro-cilindros em linha a diesel, naturalmente aspirado, de 77 cv de potência e 17,7 kgfm de torque. O câmbio era manual de cinco marchas e a tração, claro, 4×4, para que o trio pudesse desbravar qualquer rincão do Brasil.
A Hilux 98 média percorreu terrenos desafiadores. Registro em Chapada Diamantina – BA
Acervo pessoal
O curioso é que Krusemark também atuava como motorista, junto com Caliari, enquanto Sérgio viajava sempre no banco de trás, para se dedicar à escrita, coordenação e registros da viagem. Afinal, nosso explorador sabe tudo de expedições, mas não dirige!
“Tenho que manter essa fama de caminhante, faço tudo a pé”, brinca o geógrafo.
A chegada da Hilux foi fundamental para a nova proposta de registrar todos os ecossistemas do país, pois permitiria viajar mais rápido, enfrentar terrenos desafiadores e chegar a locais que seria inacessíveis de outras formas. Além disso, o grupo estava munidos de câmeras, laptops e itens de uso diário que dificultariam uma viagem a pé.
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“Seria impossível percorrer determinadas trilhas ou caminhos a pé. Também tínhamos de carregar o novos equipamentos com segurança”, admite Rondelli.
Por isso, os 776 litros de caçamba da Hilux foram muito bem usados. O compartimento, aliás, foi fechado com uma capota de fibra para proteger melhor as bagagens, barracas e sacos de dormir, enquanto equipamentos mais frágeis iam na cabine.
Na caçamba adaptada, o grupo carregava mochilas e mantimentos
Acervo pessoal
A escolha do modelo partiu de uma decisão em grupo. Segundo Rondelli, eles priorizaram a praticidade:
“Primeiro, devido à fama que a Hilux tem de ser um carro durão. Depois, porque se tivéssemos algum problema nessas terras mais distantes, seria muito mais fácil consertar uma Toyota do que qualquer outro carro menos conhecido.”
Mesmo com apenas 77 cv, a Hilux 98 Cabine Dupla aguentou poucas e boas! Exemplo disso foi a vez que o trio quase atolou em um lamaçal com as fortes chuvas no Piauí, ou então quando, por pouco, o mar quase engoliu a caminhonete. Por ter sido uma companheira tão fiel, a picape média foi novamente escolhida para a terceira viagem.
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Da gestação ao parto: o reencontro com o litoral
Sérgio Rondelli, Alex Krusemark e Canário Caliari passando por Jericoara – CE, em 2000
Acervo pessoal
Para finalizar com chave de ouro, a última viagem do Brasil Passo a Passo homenageou a precursora de toda a história: com um novo cinegrafista, Maurício Galdieri, Sérgio Rondelli percorreu com a Toyota Hilux do Oiapoque ao Chuí novamente.
Com o objetivo de registrar as mudanças do litoral brasileiro em dez anos, a viagem durou nove meses e percorreu, mais uma vez, os oito mil quilômetros da costa brasileira.
“Como foram nove meses, a gente comparou com uma gestação. Isso é muito bonito, né? Começamos uma coisa e terminamos. Mesmo que não esteja dando certo, vamos até o final, porque o importante é começar e terminar, e não deixar as coisas pelo meio do caminho” filosofa o geógrafo.
GPS utilizado pela equipe nas expedições pelos Brasil
Acervo pessoal
Além disso, eles buscavam compreender e absorver mais a cultura local. Por isso, essa viagem foi mais imersiva:
“Experimentamos todos os pratos típicos das regiões e compramos CDs de músicas locais, que íamos ouvindo no carro. No Rio Grande do Sul, escutamos vanerão; no Cerrado, música sertaneja; no Rio de Janeiro, samba. Durante todo esse tempo, nos doamos para o Brasil”, completa Sérgio.
Apesar dos feitos históricos, quilometragens impressionantes e inúmeros dias de viagem, as expedições realizadas buscavam experiências humanas: com pessoas, com a natureza e com os animais. E essa caminhada Sérgio Rondelli parece ter completado com sucesso.
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