SUV mais vendido no Brasil em 2022, Tracker tenta repetir a dose com ajuda da descolada versão Você já deve ter ouvido a história da Cinderela e da carruagem que se transforma em abóbora à meia-noite, certo? Mas o que isso tem a ver com o Chevrolet Tracker? Bom, depois de ser abóbora durante dois anos (quarto e quinto lugares em vendas em 2020 e 2021, respectivamente), o SUV virou carruagem no ano passado e fechou como líder (tanto do segmento quanto no geral, desbancando os queridinhos Jeep Compass e Renegade), com mais de 70 mil unidades e uma interessante fatia de 10% do mercado. Neste ano, no entanto, a vida do utilitário está difícil.
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Entre janeiro e abril foram cerca de 18,5 mil emplacamentos e apenas uma terceira posição entre os compactos (a diferença para o primeiro é pequena, diga-se). Para tentar repetir a mágica de 2022, a Chevrolet expele um conhecido feitiço: eis o Tracker Midnight 2024, que custa R$ 142.690.
O grande chamariz da configuração intermediária — que fica acima da LT, com rodas de aço, de R$ 132.650, e abaixo da mais cara, com motor 1.0 turbo LTZ, de R$ 144.850 — é, digamos, a fantasia. A antiga geração foi contemplada com tal configuração, que depois foi parar em outros veículos, como S10, Equinox, Onix e Cruze. Assim como seus pares, o Tracker Midnight traz acabamentos escurecidos por toda a carroceria e no interior. A cor preta pinta o famoso logotipo da gravata na dianteira, na traseira e também no centro do volante, nas rodas aro 17, na grade frontal, nos retrovisores e nos apliques centrais dos para-choques.
Gravata preta: Logotipos na carroceria e no volante são escurecidos
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Para finalizar, os faróis halógenos têm máscara negra e há emblemas “Midnight” alusivos à versão na base das portas. Eu, particularmente, gosto desse tema sombrio. O SUV fica estiloso e descolado com o visual dark. Porém, a cor de fábrica (sem custo) da fantasia é azul Eclipse. Se você quiser o modelo das fotos, precisará gastar R$ 1.750 pelo tom preto Ouro Negro da carroceria. Um cinza Rush também está disponível pela mesma quantia. Todas metálicas, diga-se.
Multimídia do Tracker Midnight é o MyLink de 8″ com integração sem fio com celulares; ar-condicionado é manual
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Como toda carruagem, o Tracker é puxado por cavalos: são 116 deles entregues pelo três cilindros 1.0 turbo — e ainda 16,5 kgfm de torque. O motor não é daqueles de impressionar, mas executa bem o trabalho. O SUV tem agilidade para sair de um semáforo, retomadas consistentes para fazer ultrapassagens na estrada sem precisar de muito espaço e, ainda, fôlego em subidas.
A suspensão é acertada para o conforto dos passageiros, mas não chega a ser “molenga”. A direção poderia ser mais precisa em altas velocidades para dar mais confiança a quem dirige. Nas manobras, por sua vez, é bastante leve e prática. O câmbio também poderia ser mais assertivo, sem se embaralhar nas trocas em algumas situações de demanda.
Trocas de marcha manuais no Chevrolet Tracker Midnight são feitas por botões nada práticos na alavanca
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Dentro, um aspecto de abóbora. O acabamento é simples e, claro, escuro. Há plásticos por todos os lados, desde os painéis de portas até o console central (ao menos não têm aspecto rugoso). Os bancos pretos possuem costuras cinza e o volante é de base reta. Não que nos concorrentes você vá encontrar peças emborrachadas e couro espalhado, mas os carros na faixa dos R$ 140 mil precisam ser mais refinados nesse aspecto. Até porque os rivais Volkswagen T-Cross 200 TSI (R$ 136.990) e Hyundai Creta Limited (R$ 143.980) são os dois SUVs compactos à frente do Tracker na disputa pela liderança do segmento.
O pacote de itens não encanta muito. Há seis airbags, botão de partida, alerta de ponto cego, assistente de partida em rampa e o bom multimídia MyLink com tela de 8” sensível ao toque e integração com Apple CarPlay e Android Auto sem necessidade de cabo.
Espaço traseiro do Chevrolet Tracker Midnight leva três pessoas com certo conforto
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Se você quiser outros equipamentos interessantes, como teto panorâmico, carregador de smartphone por indução, retrovisor eletrocrômico, frenagem automática de emergência em baixas velocidades, ar-condicionado digital, faróis e lanternas de LED, estacionamento automático e monitoramento da pressão dos pneus, por exemplo, vai precisar recorrer a opções mais caras, como a RS ou a Premier (ambas na casa dos R$ 160 mil). De quebra, você leva o motor mais potente, o também tricilíndrico 1.2 turbinado de 133 cv de potência.
Essa versão, com certeza, vai ajudar o Tracker na dura missão de retomar a primeira posição do ranking (a marca espera que Midnight e RS representem, juntas, 10% das vendas). Resta saber se neste ano, após o badalo da meia-noite (ou Midnight), o SUV vai virar uma carruagem ou a Fada Madrinha dos SUVs o deixará como abóbora novamente para ser destruído pelos cavaleiros do palácio…
Chevrolet Tracker Midnight 2024
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