Chevrolet Monza foi um dos primeiros automóveis globais do Brasil e um dos poucos tricampeões do Carro do Ano A onda dos carros globais pode até ter arrefecido na indústria automotiva de maior volume no Brasil. Mas há pouco mais de 40 anos, no início da década de 1980, o termo e o conceito nem sequer haviam se popularizado. Salvo exceções como o Volkswagen Passat, as fabricantes desenvolviam projetos locais. Até por isso, a chegada do Chevrolet Monza, em 1982, causou enorme impacto na indústria e no mercado.
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Derivado do alemão Opel Ascona, desembarcou por aqui apenas seis meses após o lançamento na Europa, prazo digno de elogios até hoje. Outro fato ajuda a dimensionar o sucesso do Monza no Brasil: o modelo é um dos poucos tricampeões do Carro do Ano, premiação mais importante da indústria automotiva do país. Venceu na estreia, em 1982, e também em 1986 e 1987. Nas vendas, um sucesso com mais de 850 mil unidades emplacadas até 1996.
Esses dois parágrafos já serviriam como justificativa para o Monza ocupar estas páginas, mas a honraria será ainda maior. O carro médio da Chevrolet é o responsável por abrir a série comemorativa dos 60 anos de Autoesporte. Nos próximos meses você encontrará nesta revista, bem como no site, em nossas redes sociais e no canal do YouTube, conteúdos exclusivos com carros que fizeram história no Brasil.
Chevrolet Monza Classic SE 1989 e Monza Hatch 1982 são duas versões do modelo que foi um sucesso de vendas no Brasil
Murilo Góes/Autoesporte
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Para a estreia, trouxemos não um, mas dois modelos Monza. Ambos pertencem ao colecionador Fernando Arrivabene. O hatch verde 1982 foi um dos primeiros vendidos no país. É da versão básica, que não tem sequer sobrenome. E faz jus à fama de simplicidade. Não tem retrovisor do lado direito (item não obrigatório na época), frisos ou rodas de liga leve.
Dentro, faltam encostos de cabeça, direção assistida, vidros elétricos e cintos de segurança de três pontos. Porém, o acabamento de vinil surpreende para um modelo básico. Acomodo-me no banco, giro a chave e dou a partida. O motor 1.6 carburado a gasolina desperta sem dificuldades e com um ruído agradável. Hoje, esses 75 cv podem ser encontrados em um carro popular 1.0.
Na versão básica, volante era mais simples e não havia encostos de cabeça
Murilo Góes/Autoesporte
Na época, o desempenho também foi criticado. A aceleração de zero a 100 km/h levava 16 segundos. Como nosso objetivo é desfrutar do passeio, essas marcas podem ser deixadas de lado. Ainda que tenha só quatro marchas, o câmbio manual tem engates precisos e justos, mesmo depois de 42 anos.
A direção sem qualquer assistência exige força. E com o termômetro marcando 35º C, logo estou suando (literalmente) para manobrar o hatch após o passeio.
Chevrolet Monza Hatch 1982 traz motor 1.6 carburado a gasolina de 75 cv e vai de 0 a 100 km/h em 16 segundos; desempenho foi criticado na época
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Deixo o Monza hatch e sigo para a segunda parte do test drive — dessa vez, no belíssimo Monza Classic SE sedã, de 1989. Na ocasião, a Chevrolet já havia promovido uma discreta reestilização de seu carro médio. Grade e para-choques redesenhados eram o bastante para manter o Monza mais competitivo por algum tempo.
Dentro, a viagem no tempo nos leva de volta a uma época em que os painéis de quase todos os carros médios tinham acabamento de material emborrachado ou estofado. Os bancos do três-volumes mais parecem poltronas. É fácil encontrar uma posição confortável para dirigir. Ao contrário de outros carros daquele tempo, pedais, banco e volante são perfeitamente alinhados. A ergonomia e a disposição dos instrumentos já haviam sido elogiadas na primeira avaliação feita por Autoesporte, na edição 209, de abril de 1982.
Bancos são largos e oferecem ótimo apoio lateral para o corpo no Chevrolet Monza Classic SE sedã 1989
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É hora de acelerar o Monza 1989. Com a substituição do motor 1.6 pelo 1.8 meses depois do lançamento, o hatch sobreviveu até 1988. Dali em diante, apenas o sedã seguiu em linha.
E o carro de Arrivabene tem um motor 2.0 bem conhecido debaixo do capô. É o Família II, mantido em linha até 2012. No Monza, entregava decentes 110 cv e 17,3 kgfm e podia ser pareado com câmbio manual de cinco marchas, como o carro que dirigimos, ou automático de três marchas.
Motor 2.0 de 110 cv equipa exemplar do Chevrolet Monza Classic SE 1989; modelo era comercializado com opção de câmbio manual ou automático
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A abundância de torque surpreende. É possível retomar com desempenho satisfatório sem precisar reduzir marchas ou afundar o pé no acelerador. Os pneus de perfil 70 e a suspensão molenga garantem a maciez ao rodar. Na cabine, direção hidráulica e ar-condicionado complementam o conforto para os ocupantes.
Chevrolet Monza Classic SE 1989 possui direção hidráulica e ar-condicionado; cabine é mais confortável
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Já adentrando os anos 1990, o Monza passaria por sua maior renovação, na fase em que ficou conhecido como “tubarão”. O nome veio graças ao visual afilado de faróis e grade e ao capô mais baixo, curvado e prolongado. Lanternas redesenhadas e interior remodelado ajudaram o veterano a sobreviver até o meio da década. A despedida oficial veio em 1996, depois de mais de 850 mil exemplares vendidos.
Além de manter os carros impecáveis, o dono dos Monza preserva o catálogo de peças
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Ironicamente, o Monza, um dos primeiros carros globais do Brasil, teve seu projeto esticado à moda brasileira e acabou sufocado por outros modelos globais mais modernos — caso do rival interno Vectra — e por concorrentes importados, tais como Honda Civic e Toyota Corolla.
Monza 1.6
Monza 2.0
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