Donos gostam das vantagens, mas não têm o hábito de carregar as baterias; carros elétricos geram resistência e ainda não empolgam Carros híbridos e elétricos estão bombando e continuam batendo recordes no Brasil. Segundo a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o mercado nacional emplacou 49.245 veículos somando as duas categorias em 2022, representando um crescimento expressivo de 41% na comparação com o ano anterior. Desses, 62% são híbridos (puros ou leves), 21% são híbridos plug-in e apenas 17% são elétricos.
Com o mercado de eletrificados novos avançando, vai surgindo uma nova categoria de híbridos e elétricos seminovos e usados. O movimento é inevitável e já está em curso, como aponta o sócio diretor da concessionária de luxo Avantgarde Motors, Fernando Duran.
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De acordo com o executivo, o cliente que compra um veículo premium com até três anos de uso já migrou para os carros híbridos. Tanto que o segmento corresponde a mais da metade das vendas de SUVs e sedãs da loja. Mas este comportamento está mais relacionado com a oferta das próprias fabricantes do que com a preferência do público.
Transição para o carro híbrido
BMW X5 perdeu versão diesel e agora é oferecido apenas com conjunto híbrido
Autoesporte
“Um exemplo claro é o BMW X5. Há alguns anos, a versão diesel era mais vendida do que a híbrida (veja a avaliação). Agora que o modelo diesel saiu de linha, os donos de X5 são obrigados a comprar a versão eletrificada se quiserem continuar com o carro”, afirma Duran.
“Diria que o crescimento das vendas de carros híbridos não é natural, mas sim obrigatório pelo novo foco das marcas em eletrificação”.
O executivo se refere ao fato de várias marcas premium terem eletrificado seus catálogos de carros no Brasil. Um exemplo disso é a Volvo, que desde 2021 vende apenas carros híbridos e elétricos no país. Modelos do tipo também já são maioria nas lojas da BMW e da Land Rover, que ainda oferecem poucos carros apenas a combustão. Mais recentemente, a JAC Motors parou de vender carros a combustão no Brasil e foi a primeira a migrar completamente para os elétricos (com grande foco nos comerciais).
As vantagens dos híbridos
Porsche Cayenne é um dos carros híbridos mais vendidos na Avantgarde
Divulgação
“Vejo que nosso cliente curte as vantagens dos híbridos. Em São Paulo, um carro eletrificado não precisa cumprir o rodízio. Em outros estados, o IPVA é reduzido ou completamente zerado”, relembra Duran, que destaca Porsche Cayenne e Panamera como os destaques entre os híbridos vendidos na Avantgarde.
Porém, as “vantagens” citadas por Duran não são aquelas normalmente atreladas aos híbridos, como menor consumo de combustível ou a possibilidade de rodar alguns quilômetros no modo elétrico. Muito pelo contrário. Vários clientes nem fazem questão de instalar wallboxes em suas casas. “Eles preferem rodar apenas na gasolina, aproveitando a própria energia do carro para carregar a bateria. Isso se deve à infraestrutura de carregamento, que ainda é ineficiente e afasta esse cliente dos carros elétricos”, diz o executivo.
Vale lembrar que usar o motor a combustão para carregar as baterias é a maneira mais cara de gerar eletricidade.
Cenário difícil para os elétricos
Lojista reafirma a dificuldade de vender carros elétricos no mercado de seminovos e usados
Renato Durães
Justamente pela infraestrutura, Duran diz que o público ainda não tem confiança nos elétricos seminovos, principalmente pela dificuldade na hora de carregar. “Se o motorista vai viajar, precisa traçar um plano com algumas paradas em estações de recarga. Ainda há o risco do carregador estar ocupado, quebrado ou vandalizado. O dono de um carro premium não quer passar por isso”.
Segundo o executivo, vários clientes se impressionam com o design e a tecnologia dos carros elétricos no showroom, mas dizem que não têm coragem de comprar. “Muita gente também compra, não se adapta e vende”, afirma Duran, que destaca o Porsche Taycan, Volvo XC40 e Tesla Model S como os destaques da categoria.
Estrutura mais robusta de carregadores pode melhorar as vendas de carros elétricos no Brasil
Divulgação
As vendas de carros elétricos seminovos devem crescer em 2023, mas a participação na loja deve continuar baixa. “Vendemos mais de mil carros no ano passado, mas só 30 eram elétricos. Com uma infraestrutura mais robusta para este tipo de veículo, as vendas podem dobrar”, afirma.
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