Testamos a versão Max Drive, que traz novo conjunto de assistências ao condutor Não se espante se daqui algum tempo você encontrar algum trecho positivo desta avaliação em comerciais nos jornais ou mesmo na TV. A Caoa Chery é conhecida pelo marketing agressivo — e, em certos momentos, pinta com cores mais vivas algumas paisagens. No caso do Tiggo 8, as publicidades mais recentes bradam a chegada dos recursos avançados de condução da versão Max Drive.
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É uma forma de manter na boca do povo o produto mais antigo da Caoa Chery no Brasil. O Tiggo 8 foi lançado em agosto de 2020 — portanto, há pouco mais de três anos. Mas não sejamos dramáticos, afinal, há modelos sem atualizações há muito mais tempo. Se isso pode desencorajar a compra, melhor esperar para descobrir um número mágico: o preço.
Por R$ 189.990, é o SUV de 7 lugares mais barato do Brasil. Considerando também os monovolumes, perde o posto apenas para a Chevrolet Spin, de R$ 120.090. Em breve, também será superado pelo Citroën C3 Aircross, mas os dois modelos citados claramente são de outro segmento.
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Os grandes concorrentes do Tiggo 8 são Jeep Commander e Volkswagen Tiguan, ambos bem mais caros. O rival produzido em Goiana (PE) parte de R$ 232.890. Já o SUV que acaba de retornar ao Brasil importado do México tem etiqueta ainda mais elevada: absurdos R$ 278.990.
Em termos de motorização, parece que houve uma disputa acirrada para extrair mais potência. No fim das contas, podemos considerar um empate técnico, afinal, um mísero cavalo separa cada um dos rivais.
Motor 1.6 turbo do Tiggo 8 é só um pouco mais potente que os rivais
André Paixão/Autoesporte
Com um 1.3 turbo, o Commander tem 185 cv e 27,5 kgfm. O Tiguan, que antes ostentava 230 cv, teve a potência do 2.0 turbo reduzida drasticamente. Agora, fica exatamente no meio dos concorrentes. São 186 cv e 30 kgfm. Por fim, liderando a disputa de cavalarias pelo photochart, o Tiggo 8 dispõe de 187 cv e 28 kgfm tirados do 1.6 turbo.
Esse mesmo motor é compartilhado com o Tiggo 7 Pro. Os dois SUVs também dividem a linha de montagem em Anápolis (GO) e têm praticamente todo o interior e parte do visual traseiro em comum. A única diferença visível no painel, por exemplo, são os comandos do ar-condicionado, um pouco menos modernos no Tiggo 8.
Interior do Tiggo 8 é similar ao do Tiggo 7
André Paixão/Autoesporte
De forma geral, o acabamento é de boa qualidade e ostenta montagem zelosa, como se espera em um veículo deste preço. Mas uma das razões para o Caoa Chery custar menos do que os concorrentes é a idade do projeto. O visual é o mesmo desde 2020. Afinal, a versão Max Drive não segue o desenho da versão híbrida (mais moderna e cara).
Na frente, a grade ainda não tem a forma geométrica hexagonal dos outros SUVs da marca sino-brasileira. Os recortes são mais retos logo abaixo da barra cromada que liga os faróis e abriga o grande logotipo da Caoa Chery.
Tiggo 8 não segue a mais recente identidade visual da Caoa Chery
André Paixão/Autoesporte
O conjunto óptico dividido em três andares tem o conjunto principal no mais alto deles. Abaixo, luz de conversão estática e, por fim, luzes de neblina em quatro filetes de LED. Como mencionado acima, a traseira é similar à do Tiggo 7, com as lanternas se unindo por uma barra iluminada. Ainda que um facelift seja bem-vindo, o desenho não é enjoativo e ainda parece atual.
Teto solar panorâmico do Caoa Chery Tiggo 8 Max Drive
André Paixão/Autoesporte
E a lista de equipamentos é compatível com o segmento. O ar-condicionado digital de duas zonas tem saídas para a segunda fileira. Há bancos de couro com ajustes elétricos na frente, quadro de instrumentos digital e central multimídia de 10,25 polegadas cada, acesso por chave presencial, partida por botão, teto solar panorâmico, carregador de celular por indução, porta-malas com abertura elétrica, câmeras 360°, faróis com acendimento automático e sensor de chuva.
Segunda fila de bancos do Tiggo 8 Max Drive tem saída de ventilação e porta USB
André Paixão/Autoesporte
Pacote Max Drive
Mas vamos ao que interessa. Mostrar como funciona o conjunto de assistências ao condutor do Tiggo 8, a novidade mais recente no SUV médio. O pacote Max Drive inclui alertas de colisão frontal, objeto no ponto cego e saída de faixa, frenagem automática de emergência, assistente de manutenção de faixa com correção no volante, controlador de velocidade adaptativo com função de congestionamento e farol com facho alto inteligente.
Durante nossa estadia de uma semana com o Tiggo 8, rodamos cerca de 300 km com o SUV, dos quais, metade em rodovias com boa sinalização horizontal no piso. Habilitando o assistente de faixa acima de 70 km/h, notamos que a câmera no para-brisa e o radar no para-choque têm dificuldade de manter o sistema funcionando. Os desligamentos são repentinos e constantes.
Mesmo com faixas bem sinalizadas, assistente de condução do Tiggo 8 não funciona tão bem
Divulgação
E acontecem acompanhados de incômodos alertas sonoros e visuais (no quadro de instrumentos). O comportamento seria normal em estradas mais sinuosas ou com demarcação ruim. Não era o caso. Mesmo em retas, o recurso era desabilitado com frequência.
Mudando o auxílio para o alerta de saída de faixa, o funcionamento é mais constante. Ao menor sinal de desvio, o Tiggo 8 emite um alerta sonoro e vibra o volante. Tecnologia aprovada.
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O ACC funciona igualmente bem. É possível ajustar a distância para o veículo da frente e acompanhar no quadro de instrumentos a quantos metros você está em tempo real. São três níveis. Mesmo no mais próximo, o Tiggo 8 se mantém a uma distância bastante grande, em muitos casos, na casa dos 20 metros. Quando o trânsito para, uma mensagem é exibida na tela de 10,25 polegadas. Assim que há movimentação, basta pressionar o pedal para reativar o controlador de velocidade.
Por último, mas não menos importante, o alerta de colisão frontal parece um tanto assustado. Mesmo freando e a uma distância considerável para o veículo da frente, o alerta soa e toma conta da cabine. E permanece, mesmo depois que qualquer risco é afastado.
À parte do sistema de auxílios, o Tiggo é bastante confortável. O torque é entregue de forma bastante linear e o câmbio de dupla embreagem funciona sem sustos ou trocas inesperadas. Os 1.564 kg do SUV são movidos com agilidade pelo motor 1.6 turbo. A aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 9,3 segundos. O motorista pode alternar entre dois modos de direção antagônicos: Eco ou Sport. Em ambos, é possível perceber um pequeno “buraco” entre 2.000 rpm e 2.500 rpm, mas nada que faça o motorista perder a calma.
Traseira do Tiggo 8 também é semelhante à do Tiggo 7 Pro
André Paixão/Autoesporte
Tampouco o consumo é de assustar. Segundo o Inmetro, o Tiggo 8 Max Drive roda 10,1 km/l de gasolina na cidade e 12 km/l na estrada. O instituto ainda não revelou os dados do novo Tiguan, mas o Caoa Chery supera o Jeep Commander por uma pequena margem.
A firmeza da suspensão é ideal para um veículo familiar — sem solavancos ou batidas secas, a soneca das crianças pode acontecer normalmente.
Espaço na terceira fileira de bancos é limitado
André Paixão/Autoesporte
E o espaço?
Mas para o bem-estar de todos, é prudente que a terceira fila de bancos seja destinada aos passageiros menos altos. Ainda que os assentos bipartidos da fileira do meio corram sobre trilhos de aproximadamente 20 cm, o espaço para os joelhos é limitado. Qualquer um com mais de 1,75 m também vai raspar a cabeça com frequência se decidir fazer parte da turma do fundão. Saídas de ventilação e portas USB fazem falta por ali.
Com os 7 lugares, porta-malas é de 193 litros
André Paixão/Autoesporte
No arranjo de sete lugares, sobram modestos 193 litros no porta-malas. Em um cenário mais otimista, com a segunda fila mais recuada e cinco lugares, o compartimento se multiplica e chega a excelentes 889 litros — uma relação quase tão boa quanto o custo X benefício do Tiggo 8. Montar e desmontar os bancos extras é tarefa bem simples. O acionamento é feito por meio de uma tira de tecido. Para dobrar, basta pressionar uma alavanca posicionada ao lado do encosto de cabeça.
Quando a terceira fileira de bancos está rebatida, volume sobe para quase 1.000 litros
André Paixão/Autoesporte
Se você pensa em comprar o SUV da Caoa Chery apenas pelos recursos avançados de condução, talvez possa se decepcionar. Faltam ajustes finos no pacote Max Drive, principalmente naqueles relacionados ao conforto.
Mas todo o resto do conjunto é bastante competente para um carro familiar: bom desempenho, confortável (para cinco), porta-malas espaçoso e lista de equipamentos recheada. Tudo isso custando R$ 40 mil a menos que o rival mais próximo. Talvez as cores da Caoa que pintam o Tiggo 8 Max Drive nem sejam assim tão exageradas.
Caoa Chery Tiggo 8 Max Drive
André Paixão/Autoesporte
Caoa Chery Tiggo 8 Max Drive
Agradecimento: Shopping Praça da Moça – R. Manoel da Nóbrega, 712 – Centro, Diadema
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