BYD e as barreiras para implantar supercarregador de carros elétricos

03/04/2025

Super E-Plataform, desenvolvida pela montadora, recupera 400 km de autonomia com apenas cinco minutos de recarga Sim, eu sei. Existe quem goste, existe quem odeie. Mas, como frequentemente costumo escrever, os veículos automotores serão eletrificados daqui em diante. Não puramente elétricos, mas eletrificados num primeiro momento.
O carregamento rápido tem sido fundamental no aumento da adesão aos veículos eletrificados, pois minimiza a preocupação dos proprietários quanto ao tempo de recarga. Corroborando tal entendimento, a BYD, por intermédio do seu fundador, Wang Chuanfu, revelou a Super E-Platform de 1.000 kW.
Denominada “super-plataforma eletrônica”, será capaz de atingir velocidades máximas de carregamento de 1.000 quilowatts (kW), permitindo uma autonomia em veículos de 400 km com uma carga de apenas 5 minutos.
Para ter a dimensão deste anúncio, tais velocidades de carregamento representam o dobro da velocidade (500 kW) que a Tesla, principal concorrente da BYD, consegue oferecer nos dias atuais.
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Esta nova tecnologia é, de fato, revolucionária, pois atua no coração do problema dos veículos elétricos, já que garante-se, assim, maior autonomia e tempo de recarga (bem) inferior. Sobre o tema, o fundador e chefão disse:
“Para resolver completamente a aflição de carregamento de nossos usuários, estamos perseguindo a meta de tornar o tempo de carregamento de veículos elétricos tão curto quanto o tempo de reabastecimento de veículos a gasolina”, disse Wang.
Entretanto, importante informar, a questão passa pela capacidade da própria bateria em aceitar esta potência de recarga. Tentando fazer uma analogia, seria como usar um aparelho de 110V numa tomada de 220V.
Não são todos os veículos que aceitarão este carregador. Importante também recordar que a BYD não atua apenas no ramo dos veículos de passeio e comerciais leves e tem forte atuação no segmento de pesados, onde este tipo de carregamento poderá ser mais útil num primeiro momento.
Pois bem. Nesta coluna costumamos falar de veículos de passeio e comerciais leves. Então, neste contexto, vamos analisar os impactos. Os veículos chineses apresentam média de carregamento rápido em corrente contínua (DC) que varia entre 80-150 kW, com modelos de entrada a 50kW e carros premium atingindo até 480kW. Em geral, modelos híbridos plug-in (PHEV) possuem capacidade média variando entre 3 e 7kW em corrente alternada (AC).
E-Platform, uma das soluções da BYD que precedem a Super e-Plataform
Divulgação BYD
Já veículos de procedência europeia, em sua maioria, carregam entre 7,4 e 22kW em AC e entre 50kW e 350 kW em DC. Por fim, nos Estados Unidos, a maioria dos modelos trabalha entre 7,2kW e 11kW AC e são capazes de suportar valores superiores a 350 kW em DC nas estações ultrarrápidas (a maioria deste mercado consiste em 55 kW em DC).
Atualmente, são poucos os veículos que aceitam 450 kW de carregamento. Normalmente, este é o caso de automóveis de alta performance, esportivos ou de modelos de custo elevado. Acima de 450 kW, é mais comum observarmos carregamentos de até 750 kW em comerciais pesados.
Em resumo, este super carregador não poderia carregar qualquer veículo em cinco minutos. As baterias e sistemas internos precisariam ser diferentes, ensejando até a utilização de baterias sólidas que cada vez ganham mais espaço com o anúncio de lançamentos próximos.
Além disso, usuários costumam relatar que têm dificuldades na implantação de postos de carregamento simples em prédios residenciais mais antigos por falta de infraestrutura elétrica adequada. Este carregador de 1.000W exigirá uma infraestrutura ainda mais robusta e, assim, é certo que a adoção de forma simples deste carregador não será imediata em nosso país.
Fundamentalmente, existirão duas barreiras a implementação imediata: o próprio veículo que deve aceitar esta potência de carregamento e a potência liberada pela operadora da rede elétrica da região.
Tal tecnologia não deixa de ser disruptiva, mas ainda enfrentará algumas barreiras para a sua plena aplicação no mercado brasileiro.
De meu lado, só desejo sucesso e velocidade nesta implementação!