As condições ruins do pavimento geram um custo desnecessário de R$ 1,072 bilhão com litros de diesel às empresas do transporte rodoviário de cargas Autoesporte já explicou como as estradas precárias deixam a nossa comida mais cara e atrasam o agronegócio do Brasil. E, de acordo com o relatório da Pesquisa CNT de Rodovias 2022, a situação não melhora. As condições ruins do pavimento geram um custo desnecessário de R$ 1,072 bilhão com litros de diesel, o que equivale a R$ 4,89 bilhões, a mais para os caminhões das empresas do transporte rodoviário de cargas.
Desde 1995, a Confederação Nacional do Transporte (CNT) percorre as rodovias do país e registra a situação em que se encontram. Segundo os números, 2022 foi o pior ano de todos. Dos 110.333 km avaliados, 66% foram classificados como Regular, Ruim ou Péssimo. Em 2021, esse percentual era de 61,8%.
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“Pela primeira vez na série histórica da Pesquisa, temos menos de 10% do pavimento classificado como perfeito, o que mostra que as rodovias brasileiras, sobretudo federais e estaduais públicas, chegaram a um estado crítico. São rodovias em operação há mais de 50 anos e que não receberam a devida manutenção”, afirma o diretor executivo da CNT, Bruno Batista.
Batista completa dizendo que esse é um indicativo de que existe uma grande depreciação do sistema rodoviário do país e que o problema está acelerado e acarreta muito o crescimento dos custos adicionais para os transportadores.
65% do transporte de cargas no Brasil são feitos por rodovias
André Schaun
Os resultados da Pesquisa CNT de Rodovias 2022 demonstram a urgência da estruturação de ações voltadas à melhoria das rodovias brasileiras. Afinal, mais de 95% das viagens de passageiros e 65% da movimentação de cargas no Brasil são por rodovias. A modalidade rodoviária é a principal do país e precisa de uma atenção maior do que a atual.
Se nada for feito em termos de melhoria da qualidade, vai restar para as rodovias brasileiras a reconstrução, um processo muito mais caro e lento.
Para se ter uma ideia, o asfalto é tão ruim que as fabricantes até precisam colocar suspensão militar nos caminhões brasileiros.
A suspensão do novo Mercedes-Benz Actros, que chama TufTrac, foi desenvolvida pela Mercedes em parceria com a Freightliner
André Schaun
Antes de ser lançado no mercado brasileiro, o caminhão passa por intensos treinamentos práticos em pista de teste e em situações reais do dia a dia. Os solos irregulares provocam vibrações por um longo período nos veículos, o que compromete muito a parte mecânica.
“A suspensão do novo Mercedes-Benz Actros, que chama TufTrac, foi desenvolvida pela Mercedes em parceria com a Freightliner, nos Estados Unidos. Essa suspensão metálica tem um bom nível de conforto porque é composta por muitos componentes de borracha. É importante dizer que a suspensão foi desenvolvida para uso militar norte-americano”, afirma Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, à Autoesporte.
A Freightliner pertencente ao Grupo Daimler AG, dono da Mercedes-Benz. Seus veículos são comerciais, mas a fabricante também faz projetos para os caminhões do Exército norte-americano, como o M915.
De acordo com a CNT, o pavimento usado no asfalto mais comum no país tem vida útil estimada entre 8 e 12 anos
André Schaun
“Necessitamos dessa suspensão, com leves ajustes para o Brasil, porque as condições do solo são parecidas com as enfrentadas pelo exército. Os caminhões lotados atravessam pontes de madeira, andam em rodovias terríveis e em estradas de terra, então a suspensão precisa ser muito forte”, diz Leoncini.
Essas e outras tantas adaptações dos caminhões aumentam o custo dos veículos para as fabricantes e atrasam toda a cadeia logística do transporte no Brasil. De acordo com a CNT, o pavimento usado no asfalto mais comum no país tem vida útil estimada entre 8 e 12 anos, mas esse número é muito menor em rodovias onde o fluxo de caminhões carregados é intenso.
Como já dito, grande parte das estradas brasileiras foram construídas na década de 1960 e estão exatamente iguais até hoje.
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