Dispensar o pedal da embreagem está cada vez mais comum no Brasil; saiba quais cuidados tomar antes de escolher um veículo do tipo É comum que equipamentos de conforto e segurança sejam lançados em modelos mais caros e só depois se popularizem, ficando disponíveis também em carros de entrada anos depois. Foi assim com ar-condicionado e central multimídia, por exemplo. Agora, é a vez de o câmbio automático, cada vez mais presente nos veículos novos vendidos no Brasil.
Atualmente, mais da metade dos carros emplacados no país saem de fábrica com a caixa automática, dispensando o pedal da embreagem e facilitando a vida dos motoristas. O problema é que o carro automático mais barato do Brasil custa R$ 90 mil. É o Fiat Argo CVT, já testado por Autoesporte (veja vídeo abaixo).
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Como alternativa, há usados e seminovos por uma fração desse preço. Porém, é preciso redobrar o cuidado antes de comprar um veículo automático com alguns anos de uso. Afinal, a manutenção desse tipo de transmissão pode acabar custando o mesmo que você pagou pelo carro.
“Só porque o carro está engatando todas as marchas, não significa que o câmbio está necessariamente bom”, conta Antonio Castilho, da Akikar Auto Mecânica, oficina especializada em câmbio automático de São Bernardo do Campo (SP).
Quais cuidados tomar?
O conselho para quem quer dispensar o pedal da embreagem é levar o modelo em um mecânico de confiança antes de fechar negócio.
“O comprador pode trazer o carro que eu faço uma vistoria gratuita. Examino o carro, saio com ele, faço teste de performance, tiro amostra de óleo, vejo se não tem qualquer vestígio de problema. Se estiver tudo certo, dou o aval para a compra”, diz Marcos Vinícius Prado, da Pradomatic, uma das oficinas especializadas mais antigas do Brasil, localizada em São Paulo.
Prado conta que há equipamentos específicos para identificar problemas, e que muitas vezes, acabam passando batido por quem faz uma vistoria menos detalhada.
Reparo de um câmbio automático pode passar de R$ 10 mil
Renato Durães
Os dois especialistas afirmam que o reparo de uma transmissão automática pode facilmente ultrapassar os R$ 10 mil, dependendo do modelo e do nível de dano.
Com base nas dicas dos especialistas, Autoesporte elaborou uma lista com cinco opções para quem busca comprar o primeiro carro automático. Em comum, o fato de todos custarem menos do que os R$ 90 mil pedidos por um Fiat Argo CVT novo, o automático mais barato à venda no Brasil atualmente.
Honda Fit
Honda Fit EXL é a opção mais completa do modelo
Divulgação
Nosso primeiro carro da lista é um dos mais valorizados do segmento. Tenha em mente que com R$ 80 mil, dificilmente você encontrará algum Honda Fit posterior a 2019. Se achar, provavelmente é da versão LX, que traz um rádio simples em vez de central multimídia, bancos de tecido e apenas os airbags frontais obrigatórios por lei.
Dessa forma, recomendamos voltar alguns anos e optar pelo monovolume no ano/modelo 2018 da versão EXL, a mais completa. Nesse caso, há bancos de couro, central multimídia e ar-condicionado digital. Na Tabela Fipe, o Fit nessa configuração está avaliado em R$ 82.370.
Honda Fit EXL tem ar-condicionado digital e bancos de couro
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Por esse mesmo preço, são oferecidos diversos Cruze do mesmo ano, mas com motor turbo, mais equipamentos, melhor acabamento e espaço interno mais generoso. O que falta ao Chevrolet é a confiabilidade mecânica e boa fama do Honda Fit.
A última geração do modelo produzida no Brasil saía de fábrica sempre com motor 1.5 aspirado de 116 cv e 15,3 kgfm. No caso das versões automáticas, o câmbio é do tipo CVT.
Kia Picanto
Kia Picanto é uma das opções mais baratas no mercado de usados
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O subcompacto não é das figuras mais presentes em nossas ruas. Mas isso não significa que seja uma má opção de carro automático de entrada. O pequenino Kia foi vendido no Brasil em duas gerações – ambas com opção de câmbio automático.
Exemplares de 2009 a 2011 são da primeira geração e trazem motor 1.0 de quatro cilindros que entrega modestos 64 cv e 8,9 kgfm acoplado ao câmbio automático de quatro marchas. Nesse caso, os preços raramente passam de R$ 35 mil.
Kia Picanto passou a compartilhar o conjunto mecânico com o Hyundai HB20 em 2012
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Já a segunda geração, oferecida a partir de 2012 tem o mesmo motor 1.0 de três cilindros com 80 cv e 10 kgfm presente no HB20. A caixa automática de quatro marchas também é compartilhada com a dos primeiros compactos da Hyundai. Isso significa que não faltam peças para a transmissão. A confiabilidade e os baixos custos de manutenção são pontos positivos.
Na Tabela Fipe, um Picanto 2013 está cotado em R$ 41.609. Nos anúncios, os valores variam de R$ 37 mil a R$ 41 mil. A única versão disponível, EX traz ar-condicionado, direção elétrica, rádio, airbags frontais, freios ABS, vidros, travas e retrovisores elétricos e rodas de 14 polegadas.
Nissan March
Nissan March com câmbio CVT (Foto: Nissan)
Auto Esporte
Acha o Picanto muito pequeno ou prefere um carro nacional? O Nissan March pode ser a resposta. O pequeno hatch foi produzido em Resende (RJ) com câmbio automático do tipo CVT entre 2017 e 2020. Assim, não faltam unidades anunciadas em classificados.
Nesse período, o March CVT estava disponível em duas versões: SV e SL. Na Tabela Fipe, os preços variam de R$ 55.517 (SV 2017) e R$ 67.678 (SL 2020). A situação é um pouco melhor nos sites de venda, com unidades de 2018 custando em torno de R$ 55 mil.
Nas duas versões, o motor é o conhecido 1.6 16V de quatro cilindros em linha, 111 cv e 15,1 kgfm de torque. As duas oficinas ouvidas por Autoesporte recomendaram o March (e qualquer outro Nissan com câmbio CVT) pela qualidade da construção e robustez da transmissão.
Peugeot 308
Peugeot 308 só vale a indicação se for com o câmbio automático de 6 marchas
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Antes de fazer qualquer comentário, preste atenção na próxima frase. Aconselhamos apenas a compra do Peugeot 308 (ou qualquer outro Peugeot ou Citroën) com o câmbio automático de 6 marchas. Se você encontrar unidades com a caixa de 4 marchas, só feche negócio após uma inspeção detalhada e o aval de um profissional especializado.
Dito isso, vamos aos fatos. O Peugeot 308 é um hatch médio relativamente espaçoso, bem equipado e apesar de ter sido lançado em 2007, não tem o desenho “cansado”.
Nossa recomendação é pela versão intermediária Allure, que combina a caixa de seis marchas com possibilidade de trocas manuais com o motor 2.0 flex de quatro cilindros em linha de 151 cv e 22 kgfm de torque. Esse propulsor não traz o desempenho do 1.6 THP, mas também tem custos de manutenção mais comedidos.
Entre os itens de série, há ar-condicionado digital de duas zonas, controlador de velocidade, 6 airbags, controles de tração e estabilidade, bancos de couro, faróis com acendimento automático, rodas de 17 polegadas e central multimídia. O 308 Allure 2.0 2016 está avaliado em R$ 54.922 na Tabela Fipe, mas pode ser encontrado por pouco menos de R$ 50 mil nos anúncios na internet.
Toyota Corolla
Toyota Corolla XEi 2017 não trazia controles de tração e estabilidade
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A Toyota goza da mesma boa reputação da Honda. Assim, as oficinas especializadas logo apontaram os modelos da marca japonesa como boas opções para quem vai comprar o primeiro carro automático. Nossa indicação é a 11ª geração do sedã Corolla, produzida entre 2014 e 2018.
É de longe o carro mais caro da lista – há quem peça mais de R$ 100 mil por unidades mais novas e menos rodadas. Mas nossa recomendação é consideravelmente mais barata. Com pouco mais de R$ 80 mil, você encontra a versão mais popular do Corolla 2017: XEi com motor 2.0 de 154 cv, 20,3 kgfm de torque e câmbio automático CVT com 7 marchas simuladas. Na Tabela Fipe, essa configuração está avaliada em pouco mais de R$ 90 mil.
Painel do Corolla agrada em acabamento, mas nem tanto no desenho conservador (Foto: Fabio Aro/Autoesporte)
Auto Esporte
Entre os itens de série, há ar-condicionado digital, airbags laterais, acendimento automático dos faróis, bancos de couro, controlador de velocidade, central multimídia com TV digital e rodas de 16 polegadas.
Até 2018, o Corolla não trazia controles de tração e estabilidade em nenhuma versão. Desse modo, se você faz questão dos auxílios de segurança, se prepare para investir cerca de R$ 8 mil a R$ 10 mil adicionais e escolher as unidades com visual e equipamentos atualizados.
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