Sedã de luxo é um dos mais tecnológicos que você pode comprar no Brasil, mas extrapola no preço Uma viagem ao futuro. Essa é a melhor forma de descrever o Mercedes-Benz EQE, um dos carros elétricos mais tecnológicos que você pode comprar. Eu me refiro a um futuro em que a raça humana terá dado certo, e não a um contexto pós-apocalíptico (que considero mais real).
No futuro ideal, o minimalismo tomou conta. Por isso, o EQE não é um carro espalhafatoso ou chamativo, mesmo custando R$ 709.900. Diria que ele atrai os olhares de quem sabe do que se trata. Os faróis full-LED e a grade fake são integrados em um único bloco, deixando o símbolo da Mercedes em destaque. As rodas de 21 polegadas trazem ainda mais imposição, luxo e esportividade ao EQE. Mas é na traseira que seu design realmente brilha, com as lanternas interligadas e um pequeno spoiler. A coluna “C” prolongada proporciona o visual muito harmonioso de um cupê.
Couro branco dá um charme extra ao interior do EQE
Murilo Góes
Essa fluidez não só é visualmente bela como colabora para o coeficiente de arrasto aerodinâmico de apenas 0,25 cx. Suas linhas direcionam o ar, ajudam a pregar o sedã no chão e deixam sua dirigibilidade mais leve. Esse é um dos motivos por trás da maior autonomia de um carro elétrico no Brasil: 645 km, em ciclo WLTP. Pelos números oficiais, o EQE é capaz de percorrer um trajeto de ida e volta de São Paulo a Ribeirão Preto sem parar para carregar.
Entretanto, a partir de janeiro de 2023 o Inmetro passou a considerar carros elétricos no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), em que os veículos são testados em laboratório e, ao resultado obtido, é aplicada uma redução de 30% no alcance. Sendo assim, a autonomia total do EQE passa a ser de 369 km.
Com 4,94 m de comprimento e 3,12 m de distância entre-eixos, o EQE tem proporções de um carro executivo
Murilo Góes
A bateria tem 89 kWh de capacidade e abastece o único motor elétrico, montado no eixo traseiro. Este desenvolve 245 cv de potência e 56,1 kgfm de torque instantâneos. Longe de ser números avassaladores, como os de alguns rivais, são suficientes para empurrar os quase 2.400 kg do EQE de zero a 100 km/h em 7,3 segundos.
Há muito espaço para quatro pessoas viajarem com conforto
Murilo Góes
A condução do carro na cidade é como a de qualquer Mercedes. É fácil encontrar uma posição boa para dirigir, ainda mais com ajustes elétricos para volante e bancos dianteiros — que são muito confortáveis.
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O EQE tem suspensão bem calibrada e direção precisa. As grandes rodas, calçadas em pneus nas medidas 235/35 R21, fazem uma leitura aguçada do asfalto e transmitem suas texturas para as mãos do motorista. Isso é um problema nas ruas mais castigadas, principalmente ao passar por buracos. O EQE é um sedã baixo, com vão livre em relação ao solo de apenas 10,2 centímetros.
A suspensão pneumática pode ser erguida, mas nada que impeça raspadas em lombadas, valetas e entradas de garagem. O jeito é passar com bastante cuidado e, mesmo assim, você ainda estará vulnerável a alguns contatos inevitáveis com o asfalto.
Elétrico bem-apresentado: Visual arrojado coloca o EQE entre os mais bonitos da marca
Murilo Góes
A maior autonomia entre os elétricos vendidos por aqui é um convite e tanto para quem curte viajar com frequência. Saímos da capital paulista com destino a Campinas (SP), um trajeto de cerca de 80 quilômetros, com 100% de carga na bateria. No fim da viagem, o computador de bordo sinalizava que o EQE ainda tinha 80% de bateria.
Logo, ele nem precisaria de recarga para retornar a São Paulo. Lembrando que carros elétricos consomem bem mais energia no ciclo rodoviário. Em um wallbox de 11 kW, a Mercedes diz que o EQE leva em torno de oito horas para recuperar sua carga. Esse tempo cai pela metade usando um wallbox de 22 kW. A Mercedes diz que, nas unidades de recarga rápida encontradas nas estradas, o EQE pode ir de 10% a 80% em apenas 31 minutos. Mas esse uso contínuo pode causar um desgaste precoce no sistema da bateria.
Painel digital do Mercedes-Benz EQE
Murilo Góes
O tempo de recarga é programável na central do carro. Pluguei o EQE no wallbox do tipo residencial que fica na redação com 45% de carga, por volta das 10h. No computador de bordo, o sedã notificou que ele chegaria a 100% da carga próximo das 18h10. É um tempo aceitável, considerando a autonomia do carro (e o fato de eu não estar com pressa). Portanto, esse é um elétrico excelente para o dia a dia.
O luxo encontra o minimalismo
Interior do Mercedes-Benz EQE é refinado e tecnológico
Murilo Góes
O EQE também ensina que nem só de telas e botões mirabolantes nasce um interior futurista. Por trás da central multimídia há um painel alaranjado, que vai de uma extremidade a outra. Todo o interior recebeu um branco saturado que passa uma sensação de limpeza única. Há inserções de preto brilhante no volante multifuncional e no console. As saídas centrais do ar-condicionado estão escondidas na parte superior do painel.
Apesar do interior minimalista, o EQE abusa de materiais de excelente qualidade. Sistema de som premium é da Burmester
Murilo Góes
A central multimídia de 12,8 polegadas tem uma tela OLED que deixa muitas televisões caras no chinelo. O sistema MBUX é intuitivo e prático de usar — e ainda oferece uma inteligência artificial que pode cumprir algumas tarefas no carro por comando de voz. A conexão via Android Auto e Apple CarPlay é sem fio.
Há uma tela extra para o painel de instrumentos, no padrão flutuante. O cluster é totalmente configurável ao gosto do motorista, assim como LEDs personalizáveis que mudam de cor e envolvem os painéis das portas e o console. O sedã elétrico tem 4,94 metros de comprimento, 1,96 m de largura e 3,12 m de distância entre-eixos. Apesar das proporções, leva apenas quatro pessoas com total conforto. Um eventual quinto ocupante ficará apertado no centro do banco traseiro.
O Mercedes-Benz EQE entrega aquilo a que se propõe: luxo, elegância e a maior autonomia do segmento no ciclo WLTP. O problema é que o Porsche Taycan, um dos elétricos mais vendidos no Brasil, é mais barato em sua versão de entrada — custa R$ 615.900. Nessa faixa de preço, também podemos falar do BMW iX, que parte de R$ 667.950 e tem mais disposição para encarar o asfalto castigado. Sem contar que o Mercedes perde feio para os dois no quesito desempenho. A tendência é de que o EQE tenha vendas bem modestas no país.
Mercedes-Benz EQE tem 3,12 metros de entre-eixos
Murilo Góes
Talvez o nosso futuro seja apocalíptico como no filme Interestelar. Mas é bom ver possibilidades mais otimistas com o Mercedes-Benz EQE. Segundo o serviço de monitoramento do clima da União Europeia, os últimos oito anos foram os mais quentes da história em função do aquecimento global. Por outro lado, a ONU acredita que a camada de ozônio pode ser recuperada até 2040, desde que sejam tomadas as iniciativas certas. Como os carros elétricos…
Mercedes-Benz EQE Edition One
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