Sedã é tão divertido de dirigir quanto seu “irmão” preparado e custa R$ 200 mil a menos O BMW esportivo mais vendido em todo o mundo no ano de 2022 não tem um grande motor a combustão instalado na dianteira nem tração integral. Mas se você pensa que essas duas características são os únicos sinônimos de prazer ao volante, é melhor rever seus conceitos.
Isso porque o elétrico i4 M50, o Motorsport preferido do público no ano passado, consegue ser quase tão divertido quanto um M3. E ainda custa R$ 200 mil a menos.
Veja mais
Os dois sedãs levam os mesmos 3,9 segundos para ir de zero a 100 km/h. O i4 só fica no quase mais uma vez porque é superado na máxima pelo “primo” a combustão: 225 km/h contra 290 km/h. Como não vivemos na Alemanha, onde não há limite de velocidade em certos trechos de rodovias, essa informação, na prática, é pouco relevante.
Importante mesmo é saber que as baterias de 80,7 kWh garantem ao i4 alcance de 335 km segundo o Inmetro — menos do que os 528 km do iX, mas acima dos cerca de 430 km de autonomia de um M3 rodando na cidade.
BMW i4 mistura traços de sedã e cupê, mas porta-malas abre como o de um hatch
Divulgação
Só que esse grande conjunto de baterias, dispostas por todo o assoalho do i4, deixa o sedã quase 500 kg mais pesado do que o M3. São 2.215 kg. Para compensar esse lastro, os dois motores elétricos, instalados um em cada eixo, asseguram excelentes 544 cv e 81,1 kgfm de torque — mais do que no sedã que queima gasolina. Assim, as acelerações são ainda mais brutais e capazes de fazer o motorista e quem mais estiver a bordo colar as costas nos bancos, que são bem mais confortáveis do que as conchas do M3.
Daqui em diante, i4 M50 e M3 tomam rumos distintos. O sedã elétrico, apesar do apelo esportivo, tem suspensão adaptativa um pouco menos dura, garantindo um uso urbano mais amigável. Ainda é indispensável redobrar a atenção com buracos e valetas, já que a carroceria é extremamente baixa.
As maçanetas foram embutidas para melhorar o fluxo de ar na carroceria
André Paixão
A direção é quase tão precisa e direta quanto a do M3, mas essa diferença não vai fazer você se chatear ao final do dia por não conseguir aquela resposta que esperava. A tração integral também muda um pouco a forma de sentir o carro.
Ao contrário do M3, que tende a sair de traseira quando o motorista passa da dose no acelerador, o i4 tem comportamento mais dianteiro. Mas é preciso muita, mas muita vontade para fazer o sedã escapar ou perder a trajetória — mais uma característica que entrega a vocação para ser um carro esportivo.
BMW i4 M50 tem até ronco de carro esportivo, feito pelo musicista e compositor Hans Zimmer
André Paixão
E acredita que o i4 tem até ronco de carro esportivo? O som é artificial, obviamente, mas foi criado por ninguém menos que Hans Zimmer, duas vezes vencedor do Oscar. Existe uma opção mais comportada, porém o que mais me chamou a atenção foi a trilha sonora do modo Sport. Nela, os alto-falantes aumentam o volume conforme o motorista acelera.
Quando reduz a velocidade, as caixas de som emitem um ruído semelhante ao de reduções de marcha. Claro que nada disso está vindo dos motores, mas quem se importa? Se esse som artificial não agrada, você não só pode desativá-lo como também pode colocar a playlist que mais lhe agrada e aumentar o volume para curtir o sistema de som de altíssima qualidade da grife Harman Kardon.
Carro oferece recuperação da energia em desacelerações, que pode ser intensificada no modo “B”
André Paixão
Os freios são bastante competentes — com a vantagem de ainda existir a possibilidade de recuperação da energia em desacelerações. No uso cotidiano, o recurso é bastante prático, já que identifica quando o veículo da frente perde velocidade e, nesse cenário, aumenta a força da regeneração. É quase como um controlador de velocidade adaptativo.
O ACC, por sua vez, está entre os equipamentos do i4, junto com um generoso pacote de auxílios à condução. Alerta de mudança de faixa com correção no volante, frenagem automática de emergência e aviso de objetos em ponto cego compõem o arsenal de proteção aos ocupantes.
Todo o conteúdo é exibido nas duas telas curvas dispostas na prancha que começa à frente do motorista e vai quase até a extremidade oposta da cabine. Essa peça se tornou assinatura da BMW nos modelos mais recentes — está presente desde o Série 3 até o luxuoso i7.
Todo o conteúdo é exibido nas duas telas curvas que atravessam a cabine
André Paixão
O quadro de instrumentos de 12,3 polegadas pode ser configurado de três formas diferentes, mas nenhuma delas tem estilo muito convencional. Já a central multimídia de 14,9 polegadas é extremamente intuitiva e tem visual elegante, como todo o restante da cabine.
É perceptível que o interior do i4 está no meio da transição entre um estilo mais conservador e o disruptivo. As telas são um claro sinal de avanço, mas há elementos de anos anteriores, como os vários botões à esquerda do volante que controlam a iluminação. E bem que a BMW poderia ter aproveitado essa pegada mais futurista para eliminar o joystick do centro do console.
Outro incômodo está no túnel central elevado, que reduz o espaço disponível para o quinto ocupante. Ainda assim, quem viaja no banco traseiro não precisa se preocupar com a cabeça esbarrando no teto. Contudo, o espaço para as pernas também não é dos melhores. Isso porque o assento é baixo e o piso fica elevado exatamente por causa das baterias logo abaixo. Nas medidas, i4 e M3 têm praticamente os mesmos comprimento (4,78 metros) e entre-eixos (2,86 m).
BMW i4 M50 tem a famosa grade de duplo rim, item também presente em outros carros da fabricante
André Paixão
Eu me esforcei muito para deixar para o fim minha percepção sobre o visual externo. Isso porque não sou o maior fã desse novo padrão de grades dianteiras da BMW. Em um carro elétrico, elas nem sequer são necessárias, mas a marca alemã decidiu manter a coerência e aplicou o generosíssimo duplo rim disposto verticalmente também no i4.
Porém, esse é o tipo de estranhamento que passa com o tempo e é atenuado pelas outras virtudes do elétrico. As maçanetas embutidas na carroceria, além de dar um efeito visual bacana, ajudam na aerodinâmica. E o restante do desenho é muito elegante — uma mistura de sedã com cupê conhecida como liftback. Essa característica explica o fato de a tampa do porta-malas abrir como em um hatch. O volume do compartimento é de razoáveis 470 litros.
Porta-malas tem um bom volume: de 570 litros
André Paixão
Depois de uma semana ao volante do elétrico (e quase um ano após avaliar o M3), aquela sensação de que ele é um carro quase esportivo, ou um modelo elétrico com autonomia quase suficiente para o uso cotidiano, desapareceu.
O i4 está mais do que pronto para assumir a dupla função — e, com algumas ressalvas, inclusive substituir o irmão a combustão (mas só daqui a alguns anos). Qual deles eu colocaria na garagem? Sou apaixonado pelo ronco do seis-cilindros do M3, mas é muito fácil se apaixonar pela melodia de Hans Zimmer e tudo o que o i4 tem a oferecer.
BMW i4 M50
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Mais Lidas
Fonte: Read More