Modelo já teve a produção encerrada na Coreia do Sul, mas chega ao Brasil para entrar no programa de locação da marca coreana. Vale a pena? Antigamente, o mercado automotivo brasileiro era olhado de forma diferente pelas fabricantes, que não faziam questão de importar as novidades mundiais mais importantes e se concentravam na produção local. Por isso, muitos carros nem chegavam ao país, vinham com atraso ou se transformavam em versões pioradas para mercados da América Latina — quem não se lembra do Volkswagen Golf 4,5 ou do Peugeot 207?
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Essa história mudou. A importância do Brasil no mercado mundial cresceu, a indústria se modernizou e agora muitas marcas trazem suas gamas completas para cá com poucos meses de diferença em relação ao lançamento no país de origem. Então isso significa que não teremos mais carros “velhos” por aqui, certo? Talvez a Caoa Hyundai tenha algo a dizer sobre isso…
Como seria arriscado lançar no país um carro que já teve sua produção encerrada lá fora (afinal, quem seria louco de comprar um modelo importado que não é mais feito e cuja manutenção seria uma incógnita?), o grupo brasileiro responsável pelos Hyundai importados resolveu apresentar o Ioniq, o liftback das fotos, como um veículo exclusivamente para aluguel.
Hyundai Ioniq tem traseira mais alta, uma carroceria conhecida como liftback
Renan Sesicki
É isso mesmo. Em vez de comprar o híbrido de forma tradicional, você só pode levá-lo para casa se aderir ao plano de locação da Caoa, responsável por trazer ao mercado brasileiro os modelos importados da Hyundai (apesar de não haver nenhum “estrangeiro” na atual gama, o que deve mudar em breve com o lançamento do SUV elétrico Kona). No catálogo da marca há também opções da Caoa Chery para serem alugadas.
Há planos de 12, 24 e 36 meses e franquias de quilometragem de 1.000 km a 2.500 km; o valor mensal varia e fica mais em conta nos contratos mais longos. Inicialmente, a Hyundai havia dito que a locação de 36 meses teria mensalidade de R$ 3.999. Depois, atualizou as tebelas. Atualmente, os valores começam em R$ 3.392. Normalmente, esse valor inclui serviços de manutenção e seguro, por exemplo, mas não obtivemos retorno quando pedimos o detalhamento de como o programa funciona.
Mas falemos então um pouco sobre o carro para que você analise se vale a pena gastar essa grana razoável todo mês para tê-lo na sua garagem. O Ioniq é (ou melhor, era…) fabricado na Coreia do Sul e tem como principal concorrente o Toyota Prius, já que os dois carros possuem características extremamente parecidas. Ambos são liftbacks, um tipo de carroceria mais aerodinâmica que tem a traseira bem alta e caída do teto que imita um cupê — isso serve para ajudar na passagem do fluxo de ar e economizar combustível.
Interior lembra um HB20 mais refinado, com tela central flutuante.
Renan Sesicki
Além disso, são híbridos paralelos, ou seja, a bateria é carregada com as frenagens e desacelerações, e não por meio de um cabo externo como nos híbridos plug-in. Até a questão de espaço da dupla é idêntica, com a mesma distância entre-eixos, de 2,70 metros (para uma melhor referência, é a mesma medida do Toyota Corolla).
Mas, enquanto o Prius foi recentemente renovado e segue como o híbrido de produção mais antigo do mercado, o Ioniq teve a fabricação encerrada para que a Hyundai se concentrasse nos elétricos Ioniq 5 e Ioniq 6.
Ele tem basicamente o mesmo porte de um hatch médio, com 4,47 m de comprimento, 1,82 m de largura e 1,44 m de altura. O porta-malas leva bons 442 litros — não chega ao volume de um sedã, mas se aproxima bem.
Espaço interno é o mesmo de um Toyota Corolla
Renan Sesicki
Seu trem de força combina um motor a combustão 1.6 aspirado de 105 cv e 15 kgfm a um elétrico de 44 cv e 17,3 kgfm, resultando em 141 cv e 27 kgfm. O câmbio é automatizado de dupla embreagem e seis marchas. A grande vantagem desse conjunto é o bom consumo de combustível, que chega a 18,9 km/l na cidade e 18,8 km/l na estrada, segundo o Inmetro.
Por dentro, o Ioniq lembra um HB20 um pouco mais refinado, especialmente em virtude da tela flutuante da central multimídia de 10,2 polegadas. Há ainda conexão com Apple CarPlay e Android Auto e carregador de celulares por indução. O painel de instrumentos digital de sete polegadas (o mesmo usado no Creta) mostra as informações do sistema híbrido, como qual motor está sendo usado no momento e a autonomia de ótimos 900 km.
Ao volante, o Ioniq é um carro confortável; tem um ajuste macio da suspensão — que filtra bem os buracos do asfalto, mas também não surpreende. Apenas nas arrancadas ele se destaca, já que o motor elétrico, com seu torque instantâneo, dá um empurrãozinho interessante na hora de acelerar.
Carroceria aerodinâmica ajuda a economizar combustível
Renan Sesicki
Outro ponto positivo é o câmbio que, por ser de dupla embreagem, tem um funcionamento mais suave do que o de automáticos convencionais, uma vez que a grande maioria dá “soquinhos” nas passagens de marcha em casos de acelerações mais bruscas.
Fora isso, o Ioniq não tem nada de especial. É correto, gostosinho de dirigir, mas não brilha. Pagar R$ 3.400 e não ter prazer ao volante é para quem não liga para carros, não quer se preocupar com as burocracias de uma compra. E tem dinheiro sobrando.
Hyundai Ioniq
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