Especialista em segurança detalha o que fazer, o que evitar e como se portar durante um assalto Se você tem a impressão de que as ruas estão mais inseguras, está correto. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo registrou aumento de 4,2% nos roubos e furtos em 2022 em comparação com 2019, antes da pandemia começar. O balanço também inclui a subtração de veículos.
Autoesporte já falou sobre o método que os bandidos usam na hora de escolher se vão roubar ou furtar o seu carro, bem como o destino do veículo nas mãos dos criminosos. Mas o que pode ser feito para evitar que o seu carro seja roubado? Consultamos Rodrigo Boutti, chefe de operações da seguradora Ituran, para trazer algumas dicas de como se proteger no trânsito.
Entenda a diferença entre roubo e furto (e qual crime é mais frequente na sua cidade)
Furtos são mais comuns em São Paulo, enquanto roubos são mais frequentes no Rio de Janeiro
Divulgação
O primeiro passo para evitar ser roubado é entender a diferença entre os crimes e qual é mais frequente na sua cidade. Segundo Boutti, o furto normalmente acontece no local em que o criminoso tem a garantia de que o dono do veículo vai demorar para voltar.
“Estações de trem, igrejas e estádios de futebol são alguns dos locais favoritos das quadrilhas especializadas em furtos. O criminoso tem a garantia de que o dono do carro vai demorar para retornar ao local e registrar a ocorrência”, afirma o especialista.
Os roubos, por outro lado, são registrados com mais agilidade, já que a vítima está no local durante o crime. De acordo com o head de operações da Ituran, bandidos especializados em roubo preferem os locais em que a vítima ficará pouco tempo – como farmácias e supermercados – para abordá-la no embarque do veículo.
Isso se deve ao fato dos criminosos buscarem o fator surpresa. Os roubos envolvendo emboscadas com o veículo em movimento são menos frequentes.
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“A proporção dos roubos e furtos varia de acordo com a região. Em São Paulo (SP), 75% dos veículos são furtados. No Rio de Janeiro (RJ), 80% dos casos são de roubos, já que os bandidos podem desaparecer com o carro ao entrar em uma das várias favelas da região”, diz Boutti.
Outra diferença entre os crimes está na finalidade do bandido. Segundo o executivo da Ituran, carros furtados normalmente são desmontados para abastecer o mercado ilegal de peças. No caso de roubo, o veículo também pode ser utilizado para fugas e outros crimes.
Ao estacionar no mercado, procure as vagas mais próximas do acesso
Estacionamentos de supermercados costumam ser pontos vulneráveis pela facilidade de acesso e o tamanho do espaço. Segundo Boutti, o motorista deve procurar vagas mais próximas ao acesso da loja, onde há grande fluxo de pessoas.
“Sempre procure vagas nas áreas mais cheias do estacionamento. As partes mais afastadas são pontos estratégicos para que você seja abordado por um bandido escondido atrás do carro, por exemplo”, afirma.
Se o estacionamento estiver cheio e você precisar parar nas áreas afastadas do acesso, o especialista recomenda uma aproximação cautelosa. “Observe o carro à distância. Dê uma volta para se certificar de que não há ninguém escondido atrás dele ou de outros veículos. Embarque e feche a porta imediatamente”, diz.
Prefira estacionamentos particulares
Roubos são menos comuns em estacionamentos particulares
André Schaun
Abordagens criminosas em estacionamentos particulares são raras. Por isso, Boutti recomenda que os motoristas não parem na rua. “Ao parar na rua em uma região perigosa, você estará economizando. Mas, com todo respeito, trata-se de uma economia burra”, diz o especialista.
“O carro pode ter seguro, mas sua vida estará em risco em uma abordagem criminosa. Prefira estacionamentos particulares, pois estes são menos vulneráveis”, finaliza.
Busque rotas de fuga (e fique esperto ao parar no semáforo)
Apesar de o roubo de carros em movimento ser menos frequente, Boutti afirma que os criminosos podem estar de olho em outras coisas, como smartphones, notebooks, mochilas e bolsas.
“Nesse caso, o crime pode acontecer tanto em abordagens a pé quanto em motocicletas. No primeiro caso, trata-se de um golpe de oportunidade ao parar no semáforo. O ideal é deixar um bom espaço para o carro da frente, caso você tenha que fazer uma manobra evasiva para as laterais”, diz o especialista.
“No caso de roubos com motos, o bandido já passou por você antes e identificou a oportunidade de tomar algo. Esconda mochilas, notebooks e smartphones para ficar menos vulnerável”. Também evite dar bobeira com os vidros abertos, comportamento que aumenta o risco de abordagem.
Foi abordado? Não reaja (sua chance de sucesso é de apenas 10%)
Em um país violento como o Brasil, situações envolvendo bastões, facas ou armas de fogo podem acontecer. “Entregar o que o bandido quer é a forma mais rápida de sair dessa situação. Não pague para ver. Sua vida vale mais do que qualquer coisa”, alerta Boutti.
Segundo um levantamento da Polícia Militar de São Paulo divulgado no final de 2022, reagir a um assalto só dá certo em 10% dos casos. As chances de ferimentos graves e até de morte são muito maiores.
Não afronte o bandido
Um assalto gera picos de estresse, adrenalina e ansiedade, tanto na vítima quanto no criminoso. Uma forma de evitar tragédias é acalmar o bandido. “Deixe suas mãos à mostra e tente manter a calma. Peça autorização do bandido para remover o cinto de segurança e sair do carro. Evite movimentos bruscos”, diz o especialista.
“Outra recomendação valiosa é não olhar nos olhos do bandido. Ele pode se sentir desafiado ou imaginar que você está coletando evidências para um possível reconhecimento. Olhe apenas para as mãos dele”, sugere Boutti. Acalmar um bandido que esteja “pilhado” também é uma boa iniciativa.
Aprenda com os erros dos outros
Em caso de abordagem, não encare o bandido ou faça movimentos bruscos
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O último passo para evitar ser roubado é aprender com as experiências dos outros. “Muitas pessoas se sentem tristes ou assustadas ao assistir o jornal ou ler notícias sobre crimes na internet. Mas estar informado é uma excelente forma de evitar passar por certas situações”, diz Boutti.
“Você pode tomar a experiência do outro como exemplo e não cometer os mesmos erros. Ou até analisar o que deu certo e aplicar no seu cotidiano. Diria que isso vale para qualquer crime – mesmo os que não envolvem carros”, finaliza.
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