BYD Yuan Plus custa R$ 269.990, é bonito por fora, estranho por dentro e tem um conjunto de baterias que até a Tesla quis para equipar seus carros O carro elétrico tem um inimigo que assombra qualquer motorista: as subidas. Seja na cidade ou na serra, qualquer elevação faz o coração do condutor bater mais forte porque, à medida que o carro se inclina para cima, o marcador da autonomia logo aponta para baixo com a mesma intensidade. Será que no novo BYD Yuan Plus isso pode ser diferente?
Colocamos o SUV elétrico em um trecho íngreme de serra para ver se o resultado sai dos padrões e as famosas baterias Blade justificam a fama e o desejo da Tesla de coloca-las em seus carros.
BYD Yuan Plus
Murilo Góes
Custando R$ 269.990, o BYD Yuan Plus tem um motor elétrico instalado no eixo dianteiro que entrega 204 cv e 31,6 kgfm. Já as baterias de 60 kWh garantem ao SUV uma autonomia de até 458 km no padrão brasileiro. O alcance é um dos maiores do mercado, incluindo o mais alto entre os SUVs elétricos de até R$ 300 mil.
O JAC e-JS4 custa R$ 239.900 e roda 420 km (no otimista padrão chinês). Já o Peugeot e-2008 é vendido por R$ 259.990 e tem alcance de 345 km, segundo o padrão WLTP, mais próximo do brasileiro.
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Mas o que fez essa tal bateria Blade chamar a atenção até de Elon Musk? As células têm formato de lâmina (daí o nome em inglês) que garantem maior densidade energética e duração. Tudo isso em um tamanho mais compacto. O controle de temperatura também é especial, segundo a BYD.
Há um sistema em que resfriamento e aquecimento aumentam a eficiência térmica em até 20%, ao mesmo tempo em que reduz a perda de energia. As baterias são feitas de LFP (Lítio-Ferro-Fosfato) e, durante os testes que simulam perfuração em caso de acidentes, a Blade atingiu temperatura máxima de 90 oC e não pegou fogo. De acordo com os testes, as baterias de lítio convencionais que equipam outros carros elétricos chegaram aos 500 oC e pegaram fogo.
Se a composição das baterias muda, a forma de recarga é exatamente a mesma dos demais modelos elétricos. Em tomadas domésticas de 220V, o SUV leva longuíssimas 33 horas para “encher o tanque”. Em aparelhos caseiros de 6,6 kWh o tempo cai para ainda longas nove horas. Por fim, existe ainda a opção de colocá-lo no carregador ultrarrápido de corrente contínua de 80kW. Nesse cenário, ir de 30% a 80% leva só 30 minutos.
BYD Yuan Plus
Murilo Góes
Em relação às dimensões, o Yuan é um SUV médio e tem porte semelhante ao de um Jeep Compass. São 4,45 m de comprimento, 1,87 m de largura e 1,61 m de altura. Já o entre-eixos é bem mais generoso, com 2,72 m. Dessa forma, também supera os 2,60 m do Peugeot e-2008 e os 2,62 m do JAC e-JS4, considerados compactos, mas que têm preço semelhante ao do BYD.
Quanto ao design, o Yuan Plus lembra o Tan, mas com porte menor. A dianteira é marcada por uma barra que imita aço escovado e serve para unir os faróis full-LED. O capô é mais liso, com vincos nas laterais. As rodas de 18 polegadas tem design exclusivo e vestem pneus 215/55R18. Na traseira, as lanternas de LED vão se afilando pela tampa do porta-malas até se juntarem.
Por fora o visual é atrativo, mas o interior certamente não vai agradar todo mundo, como não me agradou. O Yuan é bem diferente dos outros carros da BYD vendidos no Brasil – mas isso não é necessariamente algo positivo. O volante é inédito, bem como a alavanca de câmbio com desenho inspirado nos manches de avião. Até aí, tudo ok. As saídas do ar-condicionado verticais com formato de meia argola são pouco convencionais. Porém, o elemento mais estranho na cabine são os painéis de porta. Vou tentar descrevê-los.
BYD Yuan Plus
Murilo Góes
O formato do apoio de braço já não é lá muito comum, com uma curvatura na extremidade frontal. Já a maçaneta fica posicionada na parte superior do painel, junto a uma caixa de som redonda e pequena. Para finalizar, o porta-objetos na parte inferior da porta tem como suporte três cordas vermelhas que, além da função de segurar os objetos maiores, também emitem som (como uma guitarra). Fico imaginando se há alguma função relacionada ao sistema de som, já que elas estão integradas com os alto-falantes. Funcionais ou não, são estranhas. Pelo menos os materiais e os acabamentos são de boa qualidade.
Mas o item mais “Instagramável” da cabine é a tela de 12,6 polegadas giratória (podendo ficar na vertical ou horizontal) da central multimídia, recurso já conhecido dos outros carros da marca chinesa. Com um clique na parte inferior da tela você consegue fazer essa mudança de orientação. Porém, não há conectividade com Apple CarPlay ou Android Auto, o que é uma grande falha atualmente.
O Yuan Plus capricha na lista de equipamentos de segurança, com seis airbags, controle de velocidade adaptativo, frenagem autônoma de emergência, assistentes de permanência em faixa e estacionamento, alerta de ponto cego, farol alto automático e câmera com visão 360 graus – aliado perfeito na hora das manobras.
BYD Yuan Plus
Murilo Góes
Equipamentos e visual apresentados, hora de descobrir se as baterias fazem do Yuan uma opção interessante para quem mora em cidades com grande variação de topografia. Para testar a tal eficiência da bateria traçamos um caminho de 65 km com a maior parte de trecho urbano, mas também com subidas e descidas íngreme. Saí do ponto de partida com 84% da bateria e 401 km de autonomia.
O confortável banco do motorista tem ajustes elétricos, mas o volante só pode ser ajustado em altura. De todo modo, a posição de dirigir é boa. Como o console central é elevado, o motorista fica bem isolado no seu banco.
Como em todo carro elétrico, o torque é instantâneo e você nunca fica na mão na arrancada. A marca de zero a 100 km/h é feita em 7,3 s e a velocidade máxima é de 160 km/h, segundo a BYD. São três modos de condução: Eco, Normal e Sport. O Eco já entrega quase tudo que você precisa – a arrancada não é tão vigorosa, mas está de bom tamanho para o que exige o cotidiano nas grandes cidades.
BYD Yuan Plus
Murilo Góes
Depois de 27 km dentro de São Paulo, chegamos ao pé da Serra da Cantareira com 75% da bateria e 360 km de autonomia. Os primeiros 4 km são muito íngremes e exigem demais do carro. E exatamente nesse trecho que há a maior perda de autonomia. Normalmente, o marcador de autonomia baixa cerca de 15 km, em média, nessa subida.
Mas, o Yuan Plus conseguiu completar este percurso com saldo negativo de “só” 9 km. Um carro a combustão também perde mais autonomia na subida porque o motor é mais exigido e as rotações ficam elevadas, porém, está longe de ter a mesma perda de um elétrico.
Nessa mesma descida de 4 km, entretanto, elétricos e alguns híbridos conseguem recuperar parte da energia que seria desperdiçada em desacelerações e frenagens. O carro que costuma “perder” 15 km na subida, recupera cerca de 6 km na descida – exatamente a mesma marca do Yuan. Um detalhe é que não existe a possibilidade de usar a regeneração de forma mais acentuada, semelhante à tecnologia conhecida como One Pedal.
No fim do nosso percurso de 65 km encarando as principais situações que um motorista enfrenta no seu dia a dia, a perda de autonomia foi de 81 km, e a carga da bateria passou de 84% para 68%.
Assim, o Yuan pode até ter um interior de gosto duvidoso, mas é bem equipado, gostoso de dirigir e espaçoso. Custa praticamente o mesmo que um Peugeot e-2008, mas tem porte e autonomia maiores. E, ao contrário do concorrente e de vários outros carros elétricos, gosta de encarar um trecho de serra.
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