O carro autônomo – aquele que anda sozinho – está quase pronto. A tecnologia já chegou às ruas, até no Brasil, mas aqui estamos longe de largar a direção. De seis etapas previstas, já estamos na “fase” três. Você está pronto para virar coadjuvante? Um dos principais desejos da indústria automotiva é automatizar o ato de dirigir. Ou, pensando por outro ângulo, abster o motorista de suas funções. Tem um terceiro jeito de pensar: transformar a direção em algo opcional.
Na prática, claro, as três premissas da frase anterior resultam no mesmo resultado: um carro capaz de andar sozinho, sem que um motorista de carne e osso esteja dirigindo. Porém, são interesses diferentes.
A tecnologia de automação ainda não está pronta, mas encontra-se em um estágio bastante avançado. Uma das motivações para esse esforço é tornar a vida das pessoas mais prática. Mas há outros fatores na conta: o condutor é o elo mais suscetível à falhas no ato de conduzir.
É o motorista humano que comete mais erros, que fica nervoso, que dorme ao volante, que se irrita, que avalia mal as distâncias e que se distrai com tudo o que está ao seu redor. E é o humano que não resiste a olhar para o celular com o carro em movimento.
Um dos objetivos é reduzir a ocorrência de fatalidades de trânsito e otimizar o trânsito. Essa meta, sozinha, já justifica a existência dos carros autônomos. Por ora, vamos deixar de lado questões emocionais, como o prazer ao dirigir.
A automação já existe e é classificada em seis etapas. No Brasil, os carros disponíveis não passam da terceira. Não há data para chegarmos à sexta etapa por aqui. No entanto, o avanço da tecnologia ocorre com muita rapidez.
Esteja certo de que seus filhos e netos, dependendo da idade de quem estiver lendo este texto, não terão a mesma experiência atrás de um volante que você. Se a emoção de aprender a dirigir, tirar a carteira de motorista e ter o primeiro carro já não é mais prioridade para os jovens, em alguns anos esse ritual pode nem mais existir.
Veja também
Em 2014, a Sociedade de Engenharia Automotiva (SAE) adotou seis categorias para carros autônomos, que vão de 0 até 5. A maioria dos carros mais tecnológicos hoje traz equipamentos que ficam entre os níveis 2 e 3 – ainda não é possível prever quando o 4 e, principalmente, o 5 estarão disponíveis para o consumidor por entraves na legislação.
E você sabe como é feita essa classificação dos níveis de automação de um veículo? Apesar de a sofisticação dos sistemas poder variar de uma montadora para outra, os parâmetros já estão bem definidos. Saiba mais sobre cada um deles a seguir.
Nível 0 – atenção total!
Mesmo alertas de colisão entram no nível 0 por não interferirem na direção
Divulgação
É o carro sem função autônoma nenhuma. O motorista é responsável pelo controle de todos os comandos, como volante, acelerador e freio, além de monitorar tudo o que acontece no entorno do veículo.
Esse nível, porém, foi atualizado em 2021 para incluir sistemas de aviso e assistência temporária, como frenagem automática de emergência, monitores de ponto cego e alerta de saída de faixa. A grande maioria dos carros rodando pelo mundo se encaixa nesta categoria.
Nível 1 – Sem as mãos!
Controle de cruzeiro adaptativo faz parte dos equipamentos listados no nível 1
Divulgação
Permite alguns equipamentos de assistência ao motorista. Nesses casos, a tecnologia pode assumir o controle da direção ou do freio/acelerador em certas situações, mas depende que o condutor esteja preparado para assumir o volante se esses sistemas falharem.
Muitos carros novos trazem itens como controle de cruzeiro adaptativo ou controle ativo de permanência em faixa, que entram nessa categoria.
Nível 2 – Sem as mãos… e os pés!
O nível 2 combina tecnologias de automação, como ACC e controle de permanência em faixa
Getty Images
Se diferencia do 1 pelo número de equipamentos que são usados para a assistência ao motorista, mas em termos de exigências, os níveis são idênticos. Ou seja, o condutor deve estar atento para assumir o controle no caso de falha da tecnologia.
Nesse caso se encaixam os modelos que têm controle de cruzeiro adaptativo e controle ativo de permanência em faixa ao mesmo tempo, por exemplo. Alguns dos sistemas mais sofisticados podem assumir o controle do carro mesmo em altas velocidades, mas ainda exigem que o motorista fique atento à estrada.
Nível 3 – Sem as mãos, os pés… e a cabeça!
O nível 3 é considerado perigoso por não exigir atenção do motorista, mas ele deve assumir o volante em caso de falha
Getty Images
Ainda existe apenas na teoria e consiste na automação condicional. Muitas montadoras dizem que vão “pular” o nível 3 por ser mais perigoso entregar os comandos do veículo a um humano que não esteja atento e preparado para reassumir o volante se houver uma falha.
Nesse estágio a tecnologia controla todas as situações da direção e monitora constantemente a estrada, diferentemente do nível 2.
Como fica no meio termo entre uma assistência leve e a automação total, especialistas dizem que este nível pode ser mais arriscado que os demais. Apesar de a SAE considerar o chamado “traffic jam chauffeur”, que conduz o carro sozinho em baixas velocidades (até 60 km/), nenhuma fabricante utiliza a tecnologia em seus carros de produção.
Nível 4 – Dá até pra ler um livro
Carro não precisa de volante ou pedais no nível 4 por não precisar de intervenções humanas
Getty Images
Nível 4: É um estágio quase totalmente autônomo. Muitas montadoras estão focando no nível 4 por uma série de motivos.
Primeiro porque, apesar do alto grau tecnológico, a produção acaba sendo barateada por excluir uma série de componentes usados pelo motorista para controlar o carro, como volante, câmbio e pedais de freio e acelerador. Claro que é pouco provável que um automóvel “nível 4” venha sem volante ou controles manuais que permitam a condução mecânica. No entanto, o nível 4 não exige intervenção humana se a tecnologia falhar.
Nível 5 – Posso mandar meu carro buscar meus filhos na escola?
No nível 5 os testes são mais exigente para que o carro funcione em qualquer condição
Getty Images
É a automação total. Pode parecer um passo pequeno em relação ao nível 4, mas para a maioria das fabricantes é um salto gigantesco para os carros autônomos que, nesse caso, dirigem sozinhos em todos os lugares e situações.
O carro poderia ir e voltar sozinho de algum destino, executar alguma “missão”, como buscar um passageiro no aeroporto, por exemplo, e retornar ao ponto de partida. Conseguiria, inclusive, estacionar sem nenhuma intervenção e até mesmo conectar-se à uma estação de recarga.
Considerando que a maior parte das rodovias no mundo não são linhas retas revestidas de asfalto lisinho, os testes dos sensores de monitoramento externo são extremamente exigentes, usando parâmetros como tempo ruim, má iluminação, vias esburacadas e de terra, entre outras circunstâncias.
Requer um nível de tecnologia que ainda não está disponível para executar as funções descritas aqui.
Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.
Mais Lidas
Fonte: Read More