Extreme E usa protótipos com tecnologias específicas de arrefecimento e estrutura reforçada com nióbio Tenho certeza de que você já ouviu alguém dizer que o futuro é a eletrificação. E é difícil discordar quando nos deparamos com uma corrida em estilo de rali que já utiliza SUVs totalmente elétricos. A Extreme E é essa categoria e já serve de exemplo para o futuro da mobilidade elétrica.
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Para começar, é importante dizer que o nome Extreme E não é à toa. Isso porque a categoria, que é chancelada pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA), foi criada justamente para competir em locais extremos. Os carros elétricos enfrentam temperaturas mínimas, máximas, lama, gelo ou terrenos acidentados ao longo da temporada.
E é claro que os veículos precisam de recursos especiais para suportar todas essas condições. Por isso, os carros são construídos com uma estrutura tubular de liga de aço reforçada com nióbio, um material que substitui a fibra de carbono por ser leve e mais forte. Além disso, também é mais sustentável e colabora com o ideal do Extreme E de promover ações voltadas à crise climática.
SUV elétrico do Extreme E são construídos com uma estrutura tubular de liga de aço reforçada com nióbio
Enel X Way/Divulgação
Ainda assim, não podemos esquecer que estamos falando de carros de corrida. Por isso, os SUVs certamente são potentes. Chamados de Odyssey 21, são equipados com dois motores elétricos que fornecem 543 cv e fazem o veículo off-road de 1.780 kg acelerar de 0 a 100 km/h em apenas 4,5 segundos.
Os motores são alimentados por uma bateria de 54 kWh projetadas pela Williams Advanced Engineering, mesma fornecedora da Fórmula E. Só que esse equipamento, obviamente, também precisou ser projetado para encarar as condições extremas e tem tecnologias específicas no sistema de arrefecimento.
Fato é que isso impacta no desenvolvimento de carros elétricos convencionais, que você pode comprar na concessionária. De acordo com Francisco Oliveira, que faz parte do Comitê Científico do Extreme E, colocar esses veículos em extremos acaba sendo um exemplo para as fabricantes.
“Nós temos um problema no Extreme E que são com as baterias dos carros. Esse equipamento aquece muito nessas condições extremas e nós precisamos diminuir a temperatura rapidamente. Então uma tecnologia foi desenvolvida para que isso seja feito de forma rápida e eficiente. De certa forma, isso também serve de exemplo para os carros do dia a dia. Em algum momento, com uma autonomia ainda maior, eles serão utilizados o tempo todo e a bateria não vai poder esquentar”, explica Francisco.
Carregador elétrico Extreme E é fornecido pela Enel X Way
Enel X Way
Os carregadores elétricos de 50 kW são fornecidos pela Enel X Way. No entanto, como todos os carros carregam ao mesmo tempo, a potência de carregamento é reduzida para 20 kW. Nessa situação, a bateria leva pouco mais de duas horas para ser completamente carregada.
A categoria ainda utiliza a tecnologia de célula de hidrogênio para gerar energia não só para os carros, mas também para todo o evento. O gestor da Enel X Way, Paulo Roberto Maisonnave, acredita que isso seja importante para o futuro da mobilidade elétrica.
“O Extreme E é um campo de provas. É justamente por isso que a gente precisa acompanhar o desenvolvimento dessas tecnologias, que no futuro estarão também nos carros elétricos convencionais. Tudo que gente vê na categoria ajuda a entender como vai ser o futuro para desenvolver a mobilidade elétrica”, relata Paulo.
Outro elemento que tem características únicas são os pneus de quase um metro de diâmetro criados pela Continental exclusivamente para os carros do Extreme E. O composto ainda é equipado com o sistema ContiConnect, que coleta, mede e analisa dados como pressão e temperatura.
Pneus da Continental são feitos exclusivamente para o Extreme E
Enel X Way
A segunda temporada completa do Extreme E chegou ao fim no último final de semana em uma etapa disputada em Maldonado, no Uruguai. A equipe campeã foi a X44, que pertence a Lewis Hamilton. Em 2021, o time que levou o troféu foi criado por Nico Rosberg, eterno rival de Hamilton na F1.
O Extreme E tinha planos de trazer uma etapa para o Brasil no ano passado, mas a competição precisou cancelar a corrida em função da pandemia. O calendário de 2023 volta a colocar o Brasil entre os candidatos – mas que pode ser realizada também nos Estados Unidos.
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