Utilitário é lançado no Brasil com 460 km de autonomia e boa dose de tecnologia “É elétrico?” Estou distraído no semáforo vermelho quando vejo um aceno do lado. É um dono de Mercedes pedindo para eu baixar o vidro, querendo saber mais do inédito BMW iX3. Respondo que sim e o mercedista emenda outra. “E roda quantos quilômetros?”
Digo que, em teoria, a autonomia é de 460 km, mas o bonito e completo painel digital de 12,3 polegadas mostrava 390 km com 100% de carga no SUV.
“O motorista anterior deve ter ‘abusado’ um pouco”, brinco. O sinal ficou verde e nem deu tempo de contar que a versão elétrica do X3 custava R$ 473.950 — exatos R$ 76 mil extras em relação à opção mais “barata” da linha, a plug-in híbrida xDrive30e X-Line, de R$ 397.950.
BMW iX3 é R$ 76 mil mais caro que a versão híbrida do X3
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O SUV elétrico chega em versão única (já com o recente facelift que mexeu basicamente em faróis e lanternas) e com o pacote estético M Sport, que traz acabamento da grade (10 mm mais fina) na cor preta, para-choque dianteiro e rodas aro 19 com design aerodinâmico, para diminuir o arrasto e, assim, alcançar quase 500 km de autonomia. Na rua, será fácil diferenciar o elétrico do híbrido.
Painel digital de 12,3″ tem grafismos exclusivos; central é rápida e o acabamento é de qualidade
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SUV traz painel de instrumentos digital com 12,3 polegadas
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Ao contrário das outras configurações do X3 que são feitas em Araquari, Santa Catarina, o iX3 vem importado da China, onde é produzido nas instalações da joint venture formada por BMW e Brilliance Automotive, em Shenyang. Trata-se do terceiro carro elétrico da marca no Brasil, depois do i3 (que está se despedindo) e do recém-lançado iX.
Túnel central alto deixa um eventual quinto passageiro desconfortável
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O iX3 é literalmente a variante elétrica do SUV do qual deriva — e não um carro criado para ser movido a bateria desde a concepção, como o iX. No Brasil, o SUV não tem concorrente direto. O Volvo XC40 Recharge Pure Electric é menor e tem preço na faixa de R$ 400 mil. Já o Audi e-tron é maior e mais caro, sem versões por menos de R$ 600 mil.
China? SUV é importado do país asiático; versões híbridas são feitas no Brasil
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Outra informação que ficou faltando ao curioso dono de Mercedes é que o iX3 tem apenas um motor elétrico que produz o equivalente a 286 cv e 40,8 kgfm. Números modestos, digamos, em comparação aos mais de 400 cv de Volvo e Audi citados anteriormente.
Não que falte potência ao SUV, longe disso — tem aquela puxada forte inerente aos carros elétricos por causa do torque instantâneo —, porém o iX3 sente os 2.185 kg de peso (principalmente para sair da inércia).
Tanto que o 0 a 100 km/h é “normal”: 6,8 segundos. O XC40 faz a prova em rápidos 4,9 s, com 127 cv e 26,5 kgfm a mais (o peso é praticamente o mesmo). No dia a dia, dá e sobra para sair de enrascadas no trânsito ou fazer ultrapassagens seguras na estrada. A velocidade máxima é a mesma do Volvo: limitada a 180 km/h.
Já a dinâmica é de um… X3. O acerto rígido da suspensão mantém a carroceria no lugar em curvas mais fechadas, e também consegue lidar bem com as imperfeições do asfalto, sem sacolejar muito quem vai dentro — quando a referência é o interessantíssimo e tecnológico iX, os parâmetros mudam bastante em favor do SUV maior e mais caro.
O isolamento acústico é ótimo e a ausência de barulho do motor é um convite a ligar o som premium fornecido pela Harman Kardon, com os 16 alto-falantes.
A grade é parcialmente fechada, mas há uma parte ativa por trás que abre para resfriar o motor e o conjunto de baterias
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Falando em itens de série, o iX3, como era de esperar, é bem fornido: tem pacote de assistência ao motorista com automação de nível 2 (com controle de cruzeiro automático, assistentes de permanência em faixa e de estacionamento), ar-condicionado de três zonas e carregador por indução para smartphones. Freio de estacionamento elétrico, assistente digital Alexa, teto solar panorâmico e Wi-Fi são outros equipamentos da lista.
Além disso, o iX3 traz o Drive Recorder, uma funcionalidade capaz de capturar vídeos em 360 graus ao redor do veículo por meio de quatro câmeras. As gravações podem ter até 40 segundos de duração, incluindo os 20 s imediatamente antes da ativação e os 20 s posteriores.
iX3 pode rodar quase 500 km com uma carga da bateria
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No interior, o iX3 herda o bom acabamento dos BMW, com muitas partes revestidas de couro, macias ao toque, e detalhes da cor azul para se diferenciar das outras versões — destaque para a borda azul do logotipo da marca no centro do volante.
Já a disposição do multimídia começa a ficar defasada. O iX estreou uma grande tela que mistura o quadro de instrumentos e o sistema de infoentretenimento que, recentemente, o Série 3 adotou na reestilização de meia-vida. Talvez para o iX3 isso fique para uma nova atualização no futuro ou até mesmo para a próxima geração.
Mas o sistema atual dá conta do recado. Tem integrações com Alexa e smartphones sem necessidade de fio e até controle por gestos: basta fazer um movimento circular com o dedo no sentido horário para aumentar o volume, por exemplo, e no anti-horário para diminuir. Mudar de música? É só fazer um gesto como se pedisse carona.
As rodas de 19″ são aerodinâmicas para diminuir o arrasto
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Mas e para carregar? Bom, o iX3 tem bateria de 80 kWh. Segundo a BMW, em estações de recarga de 11 kWh e WallBox, são sete horas e meia de espera. Já em pontos com corrente contínua (DC) ou de recarga rápida, com 150 kWh, a fabricante afirma que 100 km de autonomia são acrescidos a cada 10 minutos. Para ir de 10% a 80% são necessários apenas 32 minutos.
O SUV tem seis alternativas de cores para a carroceria: branco Mineral, preto Carbon, prata Cashmere, cinza Sophisto, azul Phytonic e vermelho Piemont, além de nove opções de acabamento interno.
O porta-malas tem bons 510 litros de capacidade
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No fim das contas, o iX3 é um SUV elétrico que cumpre as expectativas — sem entrar no mérito do preço. Tem boa autonomia para rodar na cidade e fazer viagens curtas, espaço para levar quatro pessoas (o túnel central é bem alto para um quinto elemento), anda bem, traz uma lista de equipamentos de série e de segurança bem interessante e ocupa uma lacuna que até então estava vaga, não era explorada pelas fabricantes premium.
O problema, novamente, é a referência. O iX chegou como primeiro SUV elétrico da BMW no Brasil e colocou o sarrafo lá na estação espacial. O iX3 é competente, mas um mero terráqueo perto do “irmão” maior.
BMW iX3
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