Caminhonete média e intermediária têm os mesmos R$ 220 mil; veja qual vale mais a pena Ford Ranger Black 4×2 e Fiat Toro Ranch 4×4 custam custam mesmos R$ 219.990. Ou seja, a mesma tabela para uma picape média e para outra intermediária. Ambas têm proposta urbana, mas com concepções distintas e um pé no fora-de-estrada. Então, vamos entender qual delas pode ser a melhor opção para a vida no asfalto e na terra.
Cara a cara
No design, cada uma tem seus predicados. A Toro Ranch, topo de linha, é a prima que adora enfeites. Por isso, veste diversos cromados, além de ser equipada com faróis de LED, inclusive os de neblina. A picape completa o visual com rodas de 18 polegadas, bem como estribos laterais e santantônio cromados.
Ford Ranger Black 2025 e Fiat Toro Ranch 2025 custam R$ 219.990
Renato Durães/Autoesporte
Na traseira, a abertura da tampa da caçamba é bipartida e lateral. Um dos destaques é que a Toro vem de série com capota marítima, item oferecido como opcional pela maioria das marcas no Brasil.
A Ford Ranger Black, por outro lado, é aquela famosa prima “gótica” e não tem medo de ousar. Nessa versão intermediária, a caminhonete adota um visual escurecido com a grade toda preta, assim como os demais detalhes da carroceria, como os retrovisores, os estribos e o santantônio. Os faróis também são de LED (até os de neblina) e as rodas têm as mesmas 18 polegadas de diâmetro, o que na Ranger é uma solução bem mais singela e discreta do que na Toro.
Teste: Ford Ranger Black 2025 tem preço de Fiat Toro, mas é boa na cidade?
No caso da caminhonete da Ford, a caçamba tem abertura convencional para baixo, e o chamariz da traseira é o nome “Ranger” estampado em baixo-relevo. Ao contrário da Toro, a capota marítima aqui é um acessório que custa R$ 1.779 a mais.
Fiat Toro Ranch 2025 e Ford Ranger Black 2025 tem aberturas diferentes na caçamba
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Tamanho importa
Agora, impossível não dar uma de “tia chata” e ficar sem comparar uma com a outra. Começando pela caçamba, a Ford Ranger possui um volume de 1.250 litros e a capacidade de carga é de 1.031 kg — ou seja, há bastante espaço para levar o que for necessário. Já a Toro tem capacidade volumétrica razoavelmente menor, de 937 litros, mas aguenta até 1.010 kg de carga, apenas 21 kg a menos, o que possibilita ser usado um motor a diesel nessa versão.
Mas, como Natal é igual coração de mãe — sempre cabe mais um —, o espaço importa. Na segunda fila de assentos, a Toro não é tão generosa quanto a Ranger. Afinal, as medidas foram sacrificadas em prol de um maior volume na caçamba.
Capacidade de carga muda em 21 kg de uma picape para outra
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A picape da Fiat tem 4,94 metros de comprimento, 1,84 m de largura, 1,73 m de altura e 2,99 m de entre-eixos. Com 5,36 m de comprimento, 1,92 m de largura, 1,89 m de altura e 3,27 m de entre-eixos, a Ranger Black é, respectivamente, 43 centímetros mais comprida, 7 cm mais larga e 15 cm mais alta. No entre-eixos, a diferença é de 28 cm.
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Eu, com meus singelos 1,60 m de altura, até fico confortável no banco de trás da Toro, porém passageiros mais altos vão sofrer um pouco com o aperto dos joelhos. O mesmo não acontece na Ranger, que oferece um vão maior para as pernas e acrescenta saída de ar traseira, item que falta na Toro Ranch.
Vale um adendo. Quando pensamos em cidade, o tamanho do carro importa, ainda mais em uma metrópole como São Paulo (SP). Nesse sentido, as medidas da Toro são mais amigáveis para quem prioriza facilidade na hora de estacionar, mas não abre mão de uma picape. Se essa não for uma questão, a cabine maior e a imponência da Ranger brilham mais aos olhos.
Fiat Toro Ranch 2025 tem central multimídia na vertical
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Vida a bordo
Não é segredo que a Toro, apesar de ser uma caminhonete, tem basicamente o conforto de um SUV. A Fiat apostou em muito plástico duro no acabamento, embora com boa qualidade nos encaixes e diversas texturas para aprimorar o design. Os bancos são de couro marrom e deixam a picape com essa cara de interior pouco mais refinado do que realmente é.
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A central multimídia tem 10,1 polegadas e é disposta na vertical, como se fosse um tablet. O sistema UConnect é muito simples de mexer e a conexão com Android Auto e Apple CarPlay é feita sem fio. É exatamente o mesmo que acontece na Ford Ranger Black, que traz a tela vertical de 10”. Nos mecanismos, achei o sistema da Ford mais rápido e o da Fiat, mais intuitivo.
Fiat Toro Ranch se destaca pelo uso de couro marrom no acabamento interno e pelo ar-condicionado digital de duas zonas
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Para completar, a Fiat Toro Ranch traz ar-condicionado digital de duas zonas, painel digital, partida de motor por botão, volante multifuncional com ajustes de altura e de profundidade, banco do motorista com ajuste elétrico e carregador de celular por indução.
Dessa lista, a Ranger Black não tem ajuste elétrico do banco do motorista, ar de duas zonas e botão de partida, que na picape da Ford é feita por chave canivete. Porém, traz saída de ar traseira e quatro entradas USB (duas A e duas C). A picape da Fiat, por sua vez, tem apenas duas (uma de cada).
Ford Ranger Black tem bom acabamento interno e multimídia intuitiva, mas faltam recursos de assistência à condução
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É no pacote de segurança, contudo, que a Ranger Black mais deixa a desejar na comparação com sua inesperada rival. São sete airbags contra seis da Toro Ranch, mas não há pacote Adas. Assim, não há frenagem autônoma de emergência, controle de cruzeiro adaptativo (ACC) ou alerta de saída de faixa, itens que fazem parte da lista da Fiat. Pelo menos ela tem assistente de partida em rampas e piloto automático.
O acabamento da Ranger Black se equipara ao da Toro Ranch. Os bancos têm texturas diferentes e misturam couro e tecido preto com a assinatura “black”, além de costuras brancas. São quatro modos de condução e há sensores de estacionamento traseiros; a Toro acrescenta os dianteiros. Algo importante é que a Ranger tem maior qualidade nas imagens da câmera, o que faz diferença ao manobrar.
Ford Ranger Black 2025 tem bancos que misturam tecido e couro
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Revisões
Se o preço aproxima as duas picapes, o plano de revisões as distancia. Enquanto a Fiat oferece três anos de garantia, a Ford fecha em cinco. Nos cinco primeiros serviços, feitos a cada 12 meses ou 20 mil km, o dono da Toro Ranch gastará R$ 8.825. Já os custos da Ranger Black, a cada 12 meses ou 16 mil km, serão de R$ 10.848. É preciso considerar que o brasileiro roda, em média, 15 mil km por ano.
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Como andam?
Chegou a hora da degustação da ceia de Natal. Neste caso, de dirigir! Já começo dizendo que a Toro se esforça para o fora-de-estrada ao usar um motor 2.0 turbodiesel e tração 4×4, mas é uma picape naturalmente urbana. Ao contrário, a Ranger Black insiste no apelo urbano, mesmo sem quase nenhuma característica para essa missão.
Na Toro Ranch, a capota marítima vem de série e a abertura da tampa da caçamba é lateral e bipartida
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Com esse motor e o câmbio automático de nove marchas da ZF, a Toro Ranch rende 170 cv de potência e 35,7 kgfm de torque. É a mesma potência da Ranger, mas o torque de 41,3 kgfm faz a picape da Ford entregar mais força nas primeiras marchas da transmissão de seis velocidades. Isso se traduziu em um zero a 100 km/h de 10,8 segundos em nosso teste no Rota 127 Campo de Provas, contra 12,6 s da Toro Ranch. E significa uma disposição maior para levar carga a bordo.
Para a Toro, é o sinal claro de que o 2.0 Multijet turbodiesel já não cabe mais no mercado. Quem sabe o novo motor 2.2 de 200 cv da Ram Rampage não seja uma boa opção… Porém, enquanto a Toro Ranch busca se aproximar das picapes médias 4×4, a Ranger Black quer reforçar a proposta de “caminhonete da cidade” e, por isso, tem tração 4×2 traseira. Testamos as duas na lama e o sistema 4×4 faz a Toro desatolar mais fácil.
Ranger Black tem caçamba maior e com protetor, mas a abertura não é amortecida e a capota é acessório
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Na caminhonete da Fiat, aliás, senti um bom casamento entre motor e câmbio. É suave na direção e trabalha bem as reduções na cidade, sem perder fôlego nas subidas. Mas senti necessidade de afundar mais o pé no acelerador para conseguir uma boa entrega de potência.
Pelo menos o câmbio mantém rotações sempre mais baixas a velocidades de cruzeiro, o que ajuda no consumo. Em nossos testes, a Toro Ranch obteve excelentes médias de 12,1 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada, bem acima dos números oficiais do Inmetro: 10,4 km/l e 12,7 km/l, respectivamente.
Fiat Toro Ranch 2025 tem rodas de 18 polegadas
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Já a Ranger Black, maior e mais pesada, não manda tão bem nesse quesito: 10 km/l (urbano) e 12,3 km/l (rodoviário), números bem próximos aos 10,1 km/l e 12,4 km/l da homologação.
Algo que impressiona na Ranger é o conforto para dirigir na cidade e o silêncio na cabine. Faz até sentido a escolha do motor 2.0 turbodiesel de quatro cilindros em vez do V6 3.0 de 250 cv. Seria um exagero para uma versão mais básica como a Black e a deixaria mais cara.
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A Toro é uma picape na mão — e muito dessa característica se deve à carroceria monobloco e à suspensão bem acertada. A Ranger balança mais, por ter chassi sobre longarinas, mas nada que incomode na prática. Curvas rápidas não são o ponto forte de nenhuma delas, ainda mais pelo diâmetro de giro de 12,4 metros da Toro, próximo ao da Ranger, de 12,8 metros.
E o amigo secreto é….
Quando se trata de gosto, é difícil entregar uma resposta única. Mas, na Autoesporte, em um comparativo, precisamos elencar os pontos fortes e os não tão fortes de cada veículo. O que não muda nesse caso. Aliás, que caso (!), porque tanto a Toro Ranch quanto a Ranger Black têm valias que pesam na hora da escolha.
Ford Ranger Black 2025 traz faróis de LED
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A representante da Fiat tem vários pontos que a tornam atrativa, apesar do porte menor: maior dose de tecnologia, aptidão para a cidade, boa capacidade de carga e consumo de combustível melhor são alguns deles. Contudo, apesar de ser uma versão de entrada para pessoas físicas, a rival feita pela Ford responde com bom espaço na cabine, desempenho mais vigoroso e maior volume na caçamba, mesmo sendo preciso pagar pela capota marítima.
Levando em consideração o mix entre proposta urbana e off-road das duas caminhonetes, assim como o Natal brasileiro, que acontece no verão, a Ford Ranger Black é que vai comer a maior fatia do pernil.
Seu bolso
*Seguro: O valor é uma média entre as cotações das principais seguradoras do país com base no perfil padrão de Autoesporte, sem bônus. O levantamento foi feito pela Minuto Seguros.
Dados da montadora
Itens
Notas
VENCEDOR: Ford Ranger
Ford Ranger Black se destaca por espaço na cabine e maior oferta de volume na caçamba. Com o motor 2.0 turbodiesel, entrega uma boa performance na cidade e no fora-de-estrada. A picape tem bom acabamento interno e boas respostas de aceleração, além de uma cesta de peças mais barata.
Ford Ranger Black 2025
Renato Durães/Autoesporte
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