GM já testa modelos da Wuling no país; fomos ao Salão de Guangzhou para conhecer a marca de baixo custo que vai encarar a BYD Se não pode com eles, junte-se a eles. O ditado popular nunca fez tanto sentido no momento atual da indústria automotiva. Fabricantes tradicionais estão se unindo a marcas chinesas para aumentar a competitividade. Stellantis e Leapmotor é um dos exemplos. Agora, a GM pode usar uma estratégia parecida para combater BYD, GWM e todas as demais marcas do gigante asiático que ainda vão desembarcar por aqui.
O grupo norte-americano deve trazer carros elétricos da Wuling para o Brasil. Vale lembrar que as duas empresas, junto com a Saic, possuem uma joint-venture formada há mais de 20 anos, em 2002.
Desde outubro, surgiram flagras de carros da Wuling rodando no Brasil. Primeiro, foi o SUV compacto elétrico Yep Plus. Na sequência, o médio Starlight S, que tem variantes elétrica e híbrida. O mais curioso (e certamente algo proposital) é que as camuflagens coloridas deixam os veículos ainda mais em evidência. Para completar, os dois modelos trazem adesivos com frases incentivando a eletrificação.
Flagra mostra modelo da Wuling em testes no Brasil
Reprodução/Mentiras Automotivas
Antes de falar mais detalhadamente sobre os produtos, vale aprofundar na estratégia.
Durante o Congresso AutoData Perspectivas 2025, o vice-presidente da General Motors América do Sul, Fabio Rua, disse que a empresa teria um carro elétrico acessível até o final da década. A fala, no entanto, não esclarece se haverá produção local, o que exige investimentos substanciais.
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A questão é que o ciclo atual de investimentos da GM, de R$ 7 bilhões até 2028, contempla a atualização de toda a linha, bem como a introdução da tecnologia híbrida flex no Brasil. Talvez, fosse necessário um aporte adicional para desenvolver um carro elétrico e criar uma linha de produção dedicada em uma das fábricas.
Solução mais lógica, por enquanto, seria importar carros elétricos chineses, como uma forma de transição. Com custos muito mais baixos que similares americanos, mesmo pagando imposto de importação, eles chegariam mais competitivos do que eram Bolt e Bolt EUV, por exemplo.
Wuling Starlight S pode chegar ao Brasil com a marca GM
Divulgação
É aí que entram Yep Plus e Starlight S. Os dois modelos devem receber emblema da Chevrolet e passar a compartilhar o showroom com Onix, Tracker e companhia. Seria uma estratégia para começar a competir não só com a BYD, como também com Geely e GAC, que estreiam em 2025 com linhas completas, conforme antecipações de Autoesporte.
Procurada por Autoesporte, a GM sequer confirma que as unidades flagradas no Brasil são da empresa.
Como são os produtos?
Wuling Mini EV é muito menor que um Kwid
André Paixão/Autoesporte
Durante viagem à China para as comemorações de 30 anos da BYD e uma rápida visita ao Salão de Guangzhou, Autoesporte conheceu o estande da Wuling. Como o local estava prestes a encerrar as atividades, foi possível ver apenas dois modelos: o já citado Yep Plus e o Hongguang Mini EV.
Começando pelo segundo, o Mini EV dificilmente será vendido no Brasil, mas é um fenômeno na China. Graças ao baixíssimo preço de compra (cerca de R$ 25 mil), por algum tempo, foi o elétrico mais popular do país. Desde o lançamento, em 2020, até outubro de 2024, foram quase 1,5 milhão de unidades vendidas. Atualmente, os emplacamentos estão em baixa, mas uma nova geração deve ser lançada no ano que vem.
Wuling Mini EV tem interior simples, mas itens como quadro de instrumentos digital
André Paixão/Autoesporte
O modelo é cerca de 70 cm mais curto que um Renault Kwid, por exemplo. São diminutos 2,92 metros de comprimento e 1,94 m de entre-eixos. As minúsculas rodas têm 12 polegadas. Ainda assim, o Mini EV é homologado para quatro pessoas.
Na China, os motores elétricos podem ter 20 cv, 27 cv ou 41 cv. Já as baterias têm, respectivamente, 9,2 kWh, 13,8 kWh ou 26 kWh. Assim, o alcance vai de 120 km a 280 km, no padrão chinês.
Por conta do baixo preço de venda, não é possível esperar muito requinte do Mini EV. Mas a unidade exposta no salão trazia quadro de instrumentos digital e central multimídia. O volante multifuncional tem apenas botões para ajustar o sistema de som. Ao menos o espaço parece ser adequado para quatro pessoas.
Wuling Yep Plus tem formato de caixote e porte menor que o de um Renault Kardian
André Paixão/Autoesporte
Já o Yep Plus, que já roda em testes no Brasil e pode ser apresentado em 2025, ano do centenário da GM por aqui, é a versão de quatro portas do Yep.
O porte é compacto, menor que um Renault Kardian, por exemplo. São cravados 4 metros de comprimento, 2,56 metros de entre-eixos, 1,76 m de altura e 1,73 m de altura.
Wuling Yep Plus também tem painel digital, mas acabamento é um pouco melhor
André Paixão/Autoesporte
O conjunto mecânico é formado por um motor elétrico traseiro de 102 cv de potência com autonomia prometida de 400 km no ciclo chinês (WLTC), gerada pelas baterias de íons de lítio com 41,9 kWh. A velocidade máxima é de 150 km/h.
O interior do Chevrolet ou Baojun Yep Plus é menos retrô e entra na moda do telão formado pelos dois visores de 10,25” polegadas cada, sendo um para o painel de instrumentos e outro para a central multimídia. O SUV é vendido na China com um pacote de equipamentos bem completo, com sistema Adas de segurança ativa e câmeras que dão visão 360 graus.
De forma geral, os dois modelos parecem voltados ao segmento de entrada por conta do acabamento simples e a presença de plástico duro em praticamente todas as superfícies.
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