Marca chinesa quer brigar no segmento de luxo e espera abrir oito lojas até o fim do ano O objetivo de praticamente todas as fabricantes de veículos é vender a maior quantidade possível de carros. Porém, parece que o mesmo princípio não se aplica à Zeekr. A marca chinesa, que compartilha suas plataformas com a Volvo, acaba de chegar ao Brasil e afirma que “não há objetivos de emplacamentos, nem de participação de mercado”.
A fala é de Ronaldo Znidarsis, CEO da operação brasileira da Zeekr. O executivo ainda completa, dizendo que “nunca viveu algo parecido em 40 anos de mercado”. Ainda que a novata não tenha (ao menos publicamente) a pressão de alcançar metas de vendas, os resultados da pré-venda do 001, crossover lançado há um mês, surpreenderam a direção da empresa. Os cerca de 90 veículos do primeiro lote já foram comercializados.
Zeekr 001 teve as primeiras 90 unidades vendidas em um mês
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Pode não parecer muito, mas estamos falando de um carro que parte de R$ 428 mil e, novamente, de uma marca pouco conhecida pelos brasileiros. Também é preciso considerar que a única loja física da Zeekr foi inaugurada há pouco em São Paulo.
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Uma curiosidade revelada por Znidarsis é que a escolha de cores tem sido menos conservadora do que o esperado. “Imaginávamos uma predominância de branco, preto e cinza. Mas praticamente metade das vendas foram nas cores azul e laranja”, revela.
Zeekr diz que metade das vendas do 001 foi nas cores laranja e azul
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Com o X, a paleta de cores é mais tradicional, com o verde sendo o único tom diferente de branco, preto e bege. Por outro lado, as ambições de vendas são um pouco maiores. A expectativa é manter uma média mensal de 100 emplacamentos, similar ao que modelos como BMW X4 e Porsche Macan conseguem. Isso deixa muito claro que a Zeekr quer ser uma marca de luxo no Brasil.
Mais lojas, mas sem fábrica
Para se consolidar nesse posto, os chineses planejam expandir a rede de concessionárias. O grupo Carrera, que também tem lojas Volkswagen, Chevrolet, Nissan e GWM, vai representar a Zeekr em São Paulo e Brasília. Até o fim do ano, serão abertas revendas em Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro, Florianópolis e Porto Alegre. Na sequência, a marca chinesa chegará em Curitiba e Recife. Znidarsis disse ainda que há negociações para outros cinco pontos de venda.
Zeekr 7X está em estudos para ser vendido no Brasil
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Para rechear esses showrooms, a Zeekr deve reforçar a linha de modelos. Por enquanto, não há nenhum outro carro confirmado para o Brasil, mas a marca afirma estar estudando a chegada do SUV 7X, recém-lançado na China, e do sedã 009.
Por fim, se não há meta de vendas ou pressão por participação de mercado, a Zeekr também não tem planos de produzir veículos no Brasil. “Nesse momento, uma fábrica não se justifica. Não é viável”, completa o CEO da marca por aqui. Sequer uma parceria com a Comexport, que comprou a fábrica da Ford em Horizonte (CE) e prometeu produzir veículos para terceiros, foi cogitada, considerando o tamanho da operação brasileira.
Passos da Volvo
Neste aspecto, a Zeekr também revela mais cautela em comparação com outras marcas chinesas no Brasil. Já consolidadas, BYD e GWM estabeleceram seus pontos de produção em Camaçari (BA) e Iracemápolis (SP); a Omoda Jaecoo tem planos de inaugurar um complexo industrial em breve; e a Neta diz que busca parceiros para produzir no Brasil, sendo a Comexport uma das possibilidades.
Autoesporte também ouviu que a MG, que pertence à gigante chinesa Saic, estuda o mercado brasileiro e tem planos de abrir uma fábrica por aqui. Será uma estratégia voltada a carros elétricos e híbridos, como as concorrentes, sendo que estes últimos podem receber motores flex. Inclusive, nossa redação flagrou uma unidade do MG4 sendo testada no interior de São Paulo.
Coincidentemente (ou não), a Zeekr parece seguir uma estratégia semelhante à da irmã Volvo cerca de uma década atrás. Enquanto marcas como Audi, BMW, Mercedes-Benz e Land Rover inauguraram fábricas no Brasil, a montadora sueca optou por ir contra a maré.
Dez anos depois, a cautela da Volvo trouxe resultados — ou ao menos impediu graves problemas financeiros. A Mercedes vendeu sua fábrica em Iracemápolis e encerrou a produção nacional de veículos leves; a Land Rover produz muito abaixo da capacidade total em Itatiaia (RJ); e a Audi monta seus carros em volume pequeno em São José dos Pinhais (PR). Só a BMW se mostra mais saudável economicamente, anunciando até investimentos bilionários.
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