Sonho de consumo das décadas de 1960 e 1970, cupê era construído artesanalmente sobre a base do Fusca Sinônimo de exclusivismo e esportividade, o Volkswagen Karmann Ghia era tudo o que os mais exigentes e abonados clientes poderiam nas décadas de 1960 e 1970. Com suas linhas elegantes projetadas pela empresa italiana Carrozzeria Ghia e esculpidas na alemã Karmann, o esportivo rapidamente se tornou um fenômeno no mundo todo.
Inicialmente, o KG foi fabricado na Alemanha entre 1955 e 1975, mas o Brasil foi o país privilegiado a construí-lo. Em solo tupiniquim, a produção ocorreu de 1962 a 1972, com pouco mais de 23 mil unidades na versão original cupê — lembrando que o modelo também teve a raríssima opção conversível, a partir de 1968.
O VW Karmann Ghia 1967 vermelho das fotos é um dos poucos cupês que sobreviveram
The Garage
O VW Karmann Ghia 1967 vermelho das fotos é um dos poucos cupês sobreviventes. Em estado inigualável, o exemplar conta com todos os itens originais de fábrica, incluindo o sistema de som Motoradio 8 Transistor. No site da The Garage, onde o esportivo está anunciado, é citado que o interior já foi refeito em couro preto, mantendo o padrão de fábrica.
Neste ano, a Volkswagen incorporou importantes mudanças ao seu cupê. O sistema elétrico, por exemplo, passou de 6V para 12V e o motor de quatro cilindros boxer 1.2 de 36 cv (SAE) refrigerado a ar foi substituído por outro de maior cilindrada, 1.5 de 52 cv (SAE), sempre acompanhado do câmbio manual de quatro marchas.
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Não foi uma mudança radical, mas já era um consolo àqueles que buscavam desempenho condizente às linhas esportivas do cupê. Com 4,14 metros de comprimento, 1,63 m de largura, 1,33 m de altura e 2,40 m de entre-eixos, o Karmann Ghia era tipicamente apertado, cabendo apenas dois adultos à frente e duas crianças atrás numa concepção 2+2, igual a de alguns esportivos da Porsche e outras montadoras.
O cupê vermelho anunciado pela The Garage está à venda por R$ 165 mil. Um T-Cross novo, por exemplo, parte de R$ 148.990, ou seja, quase R$ 20 mil a menos. E a versão Comfortline é basicamente o mesmo preço: R$ 167 mil. Apenas a topo de linha Highline é bem mais cara, com preço de R$ 180.690.
Volkswagen Karmann Ghia tinha apenas 2,40 m de entre-eixos
The Garage
Na edição de fevereiro de 1970, Autoesporte chegou a avaliar a novidade da linha a qual, além de adotar algumas ligeiras alterações estilísticas, incorporou nova mecânica 1.6 de 60 cv (SAE), advinda do Sedan 1.600.
O motor é agora 1.600. Para um carro esportivo, os resultados obtidos, se bem que melhores, naturalmente, que os do motor 1.500, deixaram algo a desejar. O novo motor é o mesmo do Sedan 1.600, sem maiores modificações, mantendo, inclusive, um só carburador… O motor utilizado fornece mais 8 cv que o antigo, porém não se deve esquecer que o novo Karmann Ghia, devido ao uso dos novos eixos, pesa 30 kg a mais que o antigo… Se comparado ao KG 1.500, é possível manter médias mais altas em viagem.
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A velocidade máxima do KG 1.600 (testado na Rodovia Castelo Branco) foi de 138.996 km/h, enquanto no KG 1.500 (testado ao nível do mar) foi de 129,50… Nos testes de aceleração, os resultados evidentemente foram melhores que os do KG 1.500. De 0 a 100 km/h 24,7 s, contra 29,1 s do 1.500.
Volkswagen Karmann Ghia tem motor 1.6
The Garage
Apesar dessas melhorias, em 1972, o Karmann Ghia encerrava a sua era como um dos esportivos mais emblemáticos da Volkswagen. Com isso, ele deu continuidade ao TC — inspirado no Porsche 911 — que durou menos ainda no Brasil. Seu ciclo se deu entre 1970 e 1975.
A Karmann Ghia do Brasil
A Karmann-Ghia do Brasil Ltda foi fundada em 1960 na cidade de São Bernardo do Campo (SP), como subsidiária da tradicional fábrica de carrocerias Wilhelm Karmann GmbH, fundada em 1901, em Osnabrück, Alemanha. A especialização da unidade alemã em várias funções automotivas, fez importantes projetos para diversos fabricantes de automóveis, incluindo Chrysler, Porsche, Mercedes-Benz e, claro, o grupo Volkswagen. Por aqui, a parceria seguia firme e forte com a fábrica da Volkswagen do Brasil, estabelecida no berço do grande ABC desde 1959.
Toda a parte da carroceria ficava a cargo da KG do Brasil, enquanto que o restante como chassi e conjunto motriz vinha da VW brasileira. Aliás, a título de curiosidade, o Karmann Ghia foi o terceiro carro fabricado pela Volkswagen do Brasil, depois do Fusca e da Kombi.
Volkswagen Karmann Ghia tem interior preto com o volante branco
The Garage
Além do Karmann Ghia nas suas configurações cupê e conversível, saíram da Karmann outros diversos projetos tais como o KG TC Ford Escort XR3 Conversível, o Land Rover Defender, além da Kombi Safari, um curioso motorhome com direito a camas, sofá, banheiro com chuveiro etc.
Infelizmente, no final de 2016, foi decretada pela Justiça a falência da empresa de origem alemã em parceria com o estúdio italiano de design Ghia, entrando para a história como uma das mais importantes fábricas de veículos especiais e de peças do Brasil.
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