Maior carro da marca chega em versão única e oferece todo o conforto que R$ 450 mil podem pagar Fãs dos grandes SUVs da Hyundai, suas preces foram ouvidas. A marca coreana vai oferecer nada menos que o maior modelo disponível em seu catálogo Brasil. Não estamos falando de Santa Fe (que deve retornar ao país no ano que vem) ou do finado Veracruz, mas sim do Palisade, um SUV de cinco metros de comprimento. Chega em versão única, com 8 lugares e etiqueta de preço fixada em R$ 449.990.
O lançamento, é bem verdade, acontece um ano depois de a Caoa anunciar o modelo. Mas a demora é por uma boa razão. No início do ano, Hyundai e Caoa fizeram as pazes e acertaram um novo modelo de negócios, que vai facilitar a chegada de carros importados. Os modelos, antes vendidos apenas na rede da empresa brasileira, agora estarão disponíveis nos mais de 200 pontos de venda da marca coreana.
Um termômetro, não só de que esse novo modelo será bem sucedido, mas também da carência dos brasileiros por um veículo do tipo, é que as 150 unidades do primeiro lote do Palisade que chegou ao Brasil já foram vendidas. É mais do que Kia Carnival e Jeep Grand Cherokee emplacaram no ano todo.
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Hyundai Palisade é o maior carro da marca, com 5 metros de comprimento
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Pode não parecer muito, principalmente para uma marca que, todos os meses, vende cerca de 5 mil unidades do Creta. Mas a chegada do Palisade atende também a um pedido dos concessionários, que há quase 10 anos têm em seus showrooms só Creta e HB20. Ok, já entendemos que é bom para as lojas. Mas o que o consumidor ganha com isso?
Muito espaço e mimos
Logo de cara, a possibilidade de levar 8 pessoas sem ter que recorrer a uma van ou ao Kia Carnival, R$ 200 mil mais caro. É bem verdade que os acanhados lugares da última fileira de bancos só acomodam com alguma dignidade dois adultos. Para levar três ali, é necessário que sejam crianças.
Espaço na terceira fileira de bancos do Hyundai Palisade é bom para dois adultos
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Ressalva feita, entrar e sair do compartimento é bastante fácil. Basta apertar um botão para que a segunda fileira seja rebatida e corra nos trilhos, liberando um grande vão de acesso. Se antecipando aos inevitáveis entreveros que as crianças vão causar ali, a Hyundai instalou, na minha opinião, o recurso mais interessante do Palisade.
A função “Falar com os Passageiros”, encontrada na central multimídia, permite que o motorista use o microfone dianteiro do carro para falar com quem está na terceira fila. A mensagem é reproduzida apenas nos alto-falantes posicionados na coluna C.
Além do sistema de som, o pacote de amenidades no fundão inclui ainda saídas de ventilação, portas USB do tipo C, gancho para sacolas e porta-copos. Se o público não for tão grande, é possível dobrar os encostos e fazer o compartimento de cargas crescer dos já bons 311 litros (8 lugares) para 704 litros. A tampa tem abertura e fechamento elétrico.
Porta-malas do Hyundai Palisade tem 311 litros com todos os bancos
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Se começamos a avaliação pelo fundo, hora de chegar na fileira do meio. Mesmo com a posição mais avançada, os 2,90 m de entre-eixos garantem que nenhum joelho sofrerá. Além disso, os passageiros têm à disposição mimos esperados em um veículo de proposta familiar. Os bancos podem ser aquecidos ou ventilados e o ar-condicionado traz uma zona dedicada para essa área da cabine.
O teto solar traz um arranjo incomum. São duas placas de vidro. A traseira tem um tamanho considerável, abrange toda a segunda fila de bancos, mas não pode ser aberta. Mais adiante, a outra peça é destinada a quem viaja na frente e tem acionamento elétrico. O deslize é que a cortina precisa ser aberta manualmente, e não por uma tecla.
Cabine do Hyundai Palisade tem mais de 30 botões
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Falando nelas, o painel do Palisade ostenta nada menos que três dezenas de botões. Eles estão ali para funções já conhecidas, como ajustar ar-condicionado, sistema de som, aquecimento e ventilação dos bancos, mas quatro das teclas também cumprem o papel de alavanca de câmbio. É isso mesmo. Ao melhor estilo Ferrari (ou Fiat Uno Dualogic), as marchas no Palisade são selecionadas com teclas, poupando espaço no console.
Algo que notei é que o desenho da cabine não condiz com a identidade visual mais recente da Hyundai, e digo isso não apenas pela presença maciça dos botões, mas também pelo visual datado do final dos anos 2010. Afinal, o SUV foi lançado em 2018 e recebeu uma atualização visual na linha 2023.
Cabine do Palisade não é tão moderna quanto a de outros carros da Hyundai
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Em vez de usar a prancha retangular para unir quadro de instrumentos digital e central multimídia, o Palisade traz telas de 12,3 separadas. O cluster, inclusive, está exatamente no mesmo lugar e tem a mesma moldura de um painel analógico. Mas o acabamento é exemplar. O único elemento que dispensaria são os apliques plásticos que imitam madeira.
Olhando por fora, esse descompasso nem é tão perceptível. A dianteira tem a grade com o mesmo tipo de trama do novo Creta, composta por pequenos retângulos de plástico preto. O emblema da Hyundai abandona o cromado e segue o mesmo padrão escuro. O efeito é bem interessante e dá ao SUV um ar de maior maturidade estilística.
Grade e emblema escurecidos tornam desenho do Palisade mais maduro
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Mas o ponto alto da experiência com o Palisade é ocupar o assento do motorista e sair para dirigir. Nosso curto test-drive foi no lugar mais improvável possível para avaliar um SUV de cinco metros e duas toneladas: um autódromo. Confesso que saí dos boxes tão desconfiado quanto alguém que está prestes a cair em um golpe.
Tão logo apontei na primeira curva, um cotovelo fechado à esquerda, a desconfiança começou a dar lugar à surpresa. Além de ter uma direção bastante precisa e obediente, o Palisade oferece excelente modularidade no pedal do acelerador.
Apesar do porte, Palisade se saiu muito bem na pista
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Entendendo que a proposta do veículo é familiar, é notável a linearidade na entrega dos 295 cv de potência e 36,2 kgfm de torque proporcionados pelo motor V6 3.8 da família Lambda. Na mais recente atualização, a Hyundai adicionou injeção direta no propulsor, ajudando a reduzir o consumo de combustível. No Inmetro, o SUV foi homologado com 7,3 km/l na cidade e 9,9 km/l na estrada.
Usando o modo Sport (um dos sete disponíveis, incluindo mapas voltados ao off-road), as respostas do motor V6 seguem suaves, mas acompanhadas de um discreto ronco. Nesse cenário, a tração integral trabalha para distribuir de forma mais uniforme a força entre as rodas dianteiras e traseiras.
No uso cotidiano, a maior parte do torque vai para o eixo da frente. Nessa mesma situação, sequer percebe-se que o motor está ligado, tamanha suavidade. Uma avaliação mais completa sobre a suspensão do Palisade poderá ser feita tão logo a Hyundai envie um exemplar para testes no uso urbano. Porém, ao atacar as zebras do circuito, não houve rebote na cabine ou qualquer tipo de desconforto na direção.
A tração do Hyundai Palisade na maior parte das vezes é dianteira
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Outro aspecto chamativo do Palisade é o excelente isolamento acústico, e existem duas razões para isso. Primeiro, a própria vedação da cabine filtra os incômodos sons externos. Deve ser um SUV bem agradável de dirigir, mesmo no trânsito intenso e barulhento. Segundo, o câmbio automático tem predileção por manter o giro do motor em rotações mais baixas graças à entrega linear de potência e torque.
Chegando na reta principal, cravo o pé no acelerador. Os 36,2 kgfm de torque podem não ser tão generosos quanto os de um motor turbo, nem aparecem em uma rotação tão baixa (o pico aparece só a 5.200 rpm), mas valentes, empurram o SUV sem fazer ele parecer pesado demais.
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A Hyundai diz que uma aceleração de 0 a 100 km/h leva 7,7 segundos, cerca de um segundo mais que um Volkswagen Jetta GLI. Nada mal. Antes de dar uma volta para resfriar o carro, decido testar os freios. Me aproximo da primeira curva a 150 km/h e cravo o pé no pedal da esquerda. A dianteira mergulha, como esperado, mas não há qualquer sinal de desvio na trajetória. Melhor para a segurança de todos a bordo.
Arrematando o assunto, o Palisade entrega um pacote completo de assistências. Desde as passivas, como airbags de cortina nas três fileiras, como itens ativos, incluindo alertas de ponto cego e de saída de faixa com correção no volante, frenagem automática de emergência com detecção de pedestres e ciclistas e controlador de velocidade adaptativo.
O Palisade não será o best-seller da Hyundai nesta nova fase. Porém, além de ajudar a rechear o showroom das concessionárias, trará de volta o público que cultuava Santa Fe e Veracruz, mas acabou ficando desamparado quando os SUVs maiores deixaram de ser vendidos.
Ficha técnica – Hyundai Palisade
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