Modelo reúne o que de mais tecnológico a marca francesa consegue fazer hoje, inclusive um motor híbrido pleno de dar inveja aos plug-in A Renault tenta mudar a percepção dos brasileiro em relação a seus carros. Por isso, está abandonando a família Dacia nas novas gerações de seus produtos nacionais para apostar em modelos que se descolam cada vez mais dos irmãos romenos em nome, visual e proposta (embora usem a mesma plataforma, diga-se).
O Kardian é exemplo disso, assim como o projeto R1312, baseado no Duster de nova geração, que aqui também terá estilo e batismo próprios. E se a marca francesa quer mostrar do que é capaz em termos tecnológicos, nenhum produto cumpre esse papel melhor do que o Rafale. O SUV cupê traz itens de carro de luxo e um motor híbrido pleno (HEV), sem recarga externa, com eficiência de fazer inveja aos híbridos plug-in (PHEV). Para saber mais sobre as tecnologias, clique aqui.
Autoesporte avaliou com exclusividade o Rafale em um test drive nas redondezas de Paris (França). Andamos na versão Esprit Alpine, estilizada pela divisão esportiva da Renault. O preço não é dos mais convidativos, nem para os padrões europeus: 50 mil euros, o equivalente a mais de R$ 300 mil na conversão direta. Talvez isso explique por que a fabricante nem sequer cogita a venda do estiloso SUV cupê no Brasil.
Renault Rafale Esprit Alpine tem visual arrojado que chamaria bastante atenção nas ruas brasileiras
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Uma pena, pois o Renault Rafale surpreende em muitos aspectos. O primeiro é o design — ao estilo da escola francesa, porém sem exageros, com vincos retilíneos bem resolvidos. O porte é de um SUV médio do segmento D, maior do que um Honda CR-V ou um Toyota RAV4. São 4,71 metros de comprimento.
A motorização híbrida dianteira também se destaca. Une o motor 1.2 TCe três-cilindros 12V turbo a gasolina, de 131 cv e 20,9 kgfm, que opera em ciclo Miller e com injeção direta, a outro elétrico dianteiro de tração, com 68 cv e igualmente 20,9 kgfm. Vale observar que o Rafale é um híbrido pleno, com apenas 2 kWh de baterias de íons de lítio. Não demanda carga externa, mas o motor elétrico é responsável por tracionar as rodas durante 90% do tempo, garantindo consumo na casa de 21 km/l segundo o ciclo europeu WLTP.
Renault Rafale é estiloso e econômico nas melhores proporções
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O grande segredo para isso é que, a até 30 km/h, a tração é sempre elétrica, o que contempla praticamente todo tipo de uso urbano. Entre 30 km/h e 80 km/h, o motor a combustão atua sozinho ou combinado ao elétrico. Acima disso, a propulsão volta a ser elétrica e o 1.2 turbo vira gerador, se necessário.
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O câmbio, chamado Multimode, desempenha papel fundamental nesse processo. Trata-se de uma caixa automatizada que usa três atuadores como substitutos da dupla embreagem, fazendo o acoplamento ou desacoplamento entre a caixa e os motores. Quatro marchas ficam ligadas ao motor TCe turbo e outras duas, ao elétrico, formando até 15 relações possíveis. Parece complexo, mas esse câmbio é mais compacto e, segundo a Renault, 15% mais eficiente no aproveitamento de energia do que um DCT.
A manopla fica à direita da coluna de direção, como nos Mercedes, e é fácil de confundi-la com o limpador de para-brisa. Já as borboletas no volante não trocam marchas e, sim, servem para regular os quatro níveis de frenagem regenerativa. Nenhum deles faz o carro trabalhar em modo one pedal, sem a necessidade de acionar os freios. Prefiro assim.
Volante estilo kart e telas digitais de 12″ e alta resolução chamam a atenção no painel
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Na prática, os 200 cv de potência combinada geram um desempenho equilibrado, embora longe de esportivo. Falta torque para os 1.653 kg de peso em ordem de marcha. Pelo menos a dirigibilidade é exemplar, com uma suspensão que prioriza o conforto sem deixar a carroceria inclinar demais, nem lateral nem longitudinalmente.
O isolamento acústico veda mais os sons externos do que o ruído do motor; e os freios, por sua vez, têm respostas diretas. A direção elétrica, com volante de base e topo achatados, dá só 2,3 voltas de um batente a outro, como no Megane E-Tech. Isso possibilita fazer curvas fechadas esterçando muito menos do que o usual. É como dirigir um kart gigante.
A tecnologia e o padrão de acabamento também impressionam. Tanto o painel de instrumentos digital de 12,3 polegadas quanto a central multimídia vertical de 12” têm altíssima resolução e processamento rápido. Há carregamento de celular sem fio e tomadas USB sempre do tipo C. E quem dera os Renault nacionais trouxessem câmeras de 360 graus com a qualidade de imagem da usada no Rafale…
Rafale Esprit traz logotipo luminoso da Alpine nos assentos dianteiros
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O teto panorâmico não abre, mas tem controle de luz variável, como os Porsche. Dá para alterar a opacidade de toda a peça ou só de cada uma das metades dela. O acabamento, impecável, mescla couro com suede e elementos macios ao toque. Há costuras nas cores da bandeira da França e pequenas faixas azuis nos cintos, em menção à Alpine.
Como já se esperaria, o Rafale é um SUV cupê espaçoso, com 2,74 metros de entre-eixos e porta-malas de 530 litros. Ruim é a visibilidade traseira, devido às colunas C largas e ao vidro inclinado, assim como as luzes de seta e ré no para-choque, como as do Hyundai HB20.
Detalhe do apoio de celular no banco traseiro
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O pacote ADAS de segurança ativa, com frenagem autônoma, controle de velocidade adaptativo (ACC) e assistente de faixa, funciona muito bem, e o destaque final vai para o apoio de braço traseiro com mais duas tomadas USB-C e dois “prendedores” de celular. Uma solução simples para completar o pacote de um carro cheio de tecnologias complexas.
Pacote Esprit Alpine do Renault Rafale é a cereja do bolo
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Se a Renault brasileira quer tanto deixar para trás a era de carros espartanos e simplórios, o Rafale pode até não vir, mas precisa ser inspiração obrigatória para os futuros projetos nacionais da marca.
Ponto positivo: Design; nível tecnológico e de acabamento; eficiência do motor híbrido; dinâmica de condução
Ponto negativo: Preço elevado; desempenho mediano; visibilidade traseira; luzes de ré e seta no para-choque
Renault Rafale Esprit Alpine
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